sexta-feira, 29 de março, 2024
27.1 C
Natal
sexta-feira, 29 de março, 2024

Central de Comercialização é ocupada por sem-terras

- Publicidade -

Itaércio Porpino
repórter 

O prédio abandonado da Central de Comercialização da Agricultura Familiar, no bairro Lagoa Nova, foi ocupado ontem (31) por famílias do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST). O grupo abriu as portas à força e se alojou no local, de onde não pretende sair.
#ALBUM-5329#

Os sem-terra varreram e limparam o chão, cheio de lixo e água suja, armaram redes, barracas e colocaram colchões, que chegaram depois, numa caminhonete. Outro carro trouxe panelas e mantimentos. Alguns do grupo foram logo se posicionando sob as duas tendas armadas na parte externa para comercializar os produtos orgânicos cultivados e trazidos de seus acampamentos.

“O Governo prometeu que usaríamos o espaço para vender nossos produtos, mas desde que foi inaugurado, em 2010, isso aqui nunca funcionou. Está aí abandonado, depredado, acumulando lixo e servindo de esconderijo para marginais”, reclamou Eriberto Ananias dos Santos, militante do MST.   

De acordo com Eriberto, em torno de 800 pessoas participaram da mobilização que resultou na ocupação da Central de Comercialização. A grande maioria, segundo ele, não é assentada; vive em barracos de lona em acampamentos na beira de estradas. Há famílias de Mato Grande, João Câmara, Ceará-Mirim, Canguaretama, Extremoz, Taipu, Ielmo Marinho e Barra de Maxaranguape.

Os sem-terra chegaram a Natal na quarta-feira (29) e acamparam em frente à superintendência regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra-RN). Na quinta de manhã, saíram em caminhada pelas principais ruas da cidade até o prédio da Central de Comercialização de produtos da Agricultura Familiar, localizado próximo ao cruzamento das avenidas Jaguarari e Capitão-Mor Gouveia – ao lado da Ceasa.

Junto ao Incra, o MST reivindica terras para assentar as famílias de trabalhadores que vivem em acampamentos – em torno de 5 mil em todo o Estado, segundo Eriberto Ananias. Já do Governo do Estado, o movimento cobra o funcionamento da Central de Comercialização, para que os sem-terra possam mostrar e comercializar seus produtos orgânicos, cultivados sem uso de agrotóxicos.

“Mesmo sem a estrutura adequada e com o prédio em condições precárias, vamos trazer o que plantamos para vender aqui”, disse Eriberto Ananias. Ontem pela manhã, no lado de fora, já havia um pequeno grupo oferecendo seus produtos. Sandra Santana de Azevedo, 47, era um deles. Ela veio do acampamento Luiz Gonzaga, em Ceará-Mirim, trazendo feijão-de-corda, batata-doce e macaxeira – tudo plantado lá e sem nada de agrotóxico.

“É tudo adubado com a folha da batata e da macaxeira, cem por cento orgânico”, oferecia. Ela contou que o acampamento Luiz Gonzaga vai completar dois anos e que lá vivem 67 famílias em barracos de lona. O que Sandra e os outros mais querem é um assentamento, para terem mais espaço para plantar e uma condição melhor de vida.  

- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas