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Céu aberto para a arte

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Roberto Lucena – repórter

Um transeunte com olhar mais crítico e sensível pode observar. Em meio aos grandes prédios, residências, aparelhos públicos e vias de trânsito, Natal é palco para uma exposição artística permanente. São painéis, esculturas e estruturas que levam a assinatura de artistas potiguares renomados expostas gratuitamente em canteiros, praças e avenidas da cidade. Em alguns casos, o abandono e falta de manutenção maculam a genialidade das obras. No entanto, as peças sob cuidados de empresas privadas, recebem os cuidados necessários para continuar despertando a atenção dos observadores.
O famoso Anjo Azul, outrora imponente numa das avenidas mais importantes da capital potiguar, foi esquartejado e colocado na Praça Omar O´Grady, em Ponta Negra
Esta semana, a TRIBUNA DO NORTE visitou alguns destes monumentos e observou que todos carecem de um detalhe: identificação das obras. Seja um painel de Dorian Gray ou os painéis em alto relevo de Jordão, nenhuma das peças visitadas trazia informações sobre quando a obra foi construída e quem é o autor da mesma.

As pichações são recorrentes nos monumentos e estátuas. De acordo com o artigo 65 da Lei nº 9.605/98 (Lei dos Crimes Ambientais), pichação é crime e a pena varia entre três meses e um ano de detenção.
Painel na Praça das Mães. Autor: Dorian Gray. O painel está localizado próximo à OAB. Foi restaurado, ano passado, pelo autor da obra. No entanto, já apresenta pichações e sinais de abandono. Há lixo no local.
Pelo menos um artista tenta mudar a realidade de abandona. O artista plástico Dorian Gray, 82 anos, vem trabalhando na recuperação de obras espalhadas pela cidade. Em 2011, restaurou o painel de sua autoria que ornamenta a Praça das Mães, na Cidade Alta. Também foi responsável pela recuperação de três trabalhos de Newton Navarro (1928-1992): um de 80m² no Campus Central do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFRN), em Lagoa Nova; outro no auditório do Sesc Centro; e um terceiro na sede do Departamento de Estradas de Rodagem (DER/RN). Navarro e Gray são da mesma geração e juntos realizaram as primeira exposições de arte contemporânea em Natal na década de 1950.

Acervo não recebe conservação

O visitante que chega à Natal pela BR-101 encontra, logo de início, uma obra de arte imponente. O Pórtico dos 400 anos, que hoje completa 13 anos, dá as boas vindas aos que chegam à cidade. Mas a obra carece de cuidados. E não é a única. Outras esperam por iniciativas como a do artista plástico Dorian Gray. Há de se contar com a ajuda da população. O painel localizado na Praça das Mães, por exemplo, foi restaurado ano passado, porém, já sofre com as marcas de vandalismo. Salvas estão as obras localizadas em prédios públicos ou particulares. É o caso do gigantesco painel em alto relevo existente na parte externa do Centro de Convenções. A obra foi construída em 1983 e retrata a vida do nordestino: jangada, frutas e pescador são algumas das peças que figuram no painel. Desde a semana passada, a obra passa por uma restauração. E é o próprio artista responsável pela obra que cuida da restauração. Ricardo Gomes, mais conhecido como Ric, diz que construiu o painel no ano de 1983 após pedido do então diretor do Centro de Convenções, Jueci Santos. “Foram três meses de trabalho, de dia e à noite, para terminar o painel”, explicou. A pela é feita de cimento e tijolo. Atualmente, passa pela segunda manutenção. “Estamos pintando e vernizando o painel. Moro em Brasília, mas, de dois em anos, virei à Natal para cuidar da peça”, colocou. Ao comentar o abandono de obras na cidade, o artista se diz triste e pede atenção do Poder Público. “Vejo com tristeza essa realidade. Parece que as pessoas estão esquecendo da arte. Com o passar do tempo, abandonam e não dão valor”, frisou.
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