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Chesf admite erro em obras no RN

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Ricardo Araújo – repórter

Responsável pela construção de três linhas para transmissão da energia eólica produzida no Rio Grande do Norte, a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), assumiu que errou ao concorrer no leilão das obras que garantirão o escoamento da produção de energia eólica sem dispor de tempo suficiente para a execução dos serviços. “Não vamos mais errar daqui pra frente”, disse o presidente da Chesf, João Bosco. Somente no primeiro lote das obras das linhas de transmissão, os atrasos serão superiores a um ano. O presidente da Chesf prometeu que a infraestrutura estará pronta no próximo mês de setembro. O prazo inicial era junho do ano passado.
O andamento das obras da Chesf foi discutido ontem em Natal
#SAIBAMAIS#O reconhecimento do erro foi feito por João Bosco na manhã de ontem, em reunião realizada com a governadora Rosalba Ciarlini, com o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Rogério Marinho, além de empresários e investidores do setor eólico, no Centro Administrativo. E, para tentar reverter a situação, a Chesf anunciou investimentos da ordem de R$ 215 milhões no RN ao longo de 2013, que serão utilizados na instalação de três linhas de transmissão cujo prazo de conclusão das obras é janeiro de 2015.

 Atualmente, o estado potiguar dispõe de 15 parques eólicos em funcionamento. O número de empreendimentos, porém, aumentará em 10 vezes, quando todos os que estão em processo de instalação iniciarem suas operações. A problemática, contudo, gira em torno do ócio gerado pela falta de escoamento da energia produzida. Somente em dois parques instalados no estado, a energia ociosa seria suficiente para abastecer uma cidade de até 500 mil habitantes – 332 megawatts. Os prejuízos gerados pela energia não entregue ao mercado consumidor giram em torno de R$ 20 milhões/mensais, conforme dados apresentados na reunião.

O presidente da Chesf não se eximiu da culpa pelos atrasos e prejuízos causados aos produtores de energia eólica com empresas no RN. “Houve muitos erros e acúmulos de problemas. Hoje estamos maduros e iremos quebrar obstáculos. Os geradores podem ficar tranquilos”, garantiu Bosco. De acordo com dados apresentados pela própria Chesf, os problemas gerados pela falta da transmissão de energia eólica atingem, principalmente, os produtores que atuam no mercado livre, com venda direta para empresas privadas.

 Além do presidente da Chesf, o representante da Operadora Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Saulo Cisneiros, reconheceu que o prazo compreendido entre a realização do leilão e a construção das linhas de transmissão era exíguo. “O prazo de 24 meses é incompatível”, disse referindo-se à data do primeiro leilão, em 2010, e ao prazo para a entrega da primeira linha de transmissão no Rio Grande do Norte, que era junho do ano passado. Ele ressaltou, contudo, que o estado potiguar está bem contemplado nos projetos de escoamento de energia elétrica gerada a partir da força dos ventos.

 Saulo Cisneiros aproveitou, ainda, para criticar o modelo de análise da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), que não aprofundam como os modais de transmissão de energia a partir dos parques eólicos devem ser instalados. Ele sugeriu que a EPE amplie os estudos, sugerindo possibilidades de escoamento da produção de energia nos relatórios apresentados à União, que servem como base para a realização dos leilões.

Gargalo para escoar energia limita novos investimentos

 Para o gerente de engenharia da empresa Galvão Energia, Douglas Maloufe, a falta de linhas de transmissão é um limitador para a atração de novos empreendimentos eólicos para o Rio Grande do Norte. “O potencial está disponível e deve ser aproveitado. Para isto, porém, é preciso investir em infraestrutura para escoar essa energia gerada”, ressaltou.

A Galvão Energia é responsável pela instalação de quatro parques eólicos no estado com capacidade de geração de 94 megawatts de energia, num investimento da ordem de R$ 400 milhões. “Não são as geradoras que devem correr atrás das transmissoras. É o inverso”, avaliou o engenheiro.

 Em resposta, o presidente da Chesf, João Bosco, disse que o processo de expansão da energia eólica no país ocorreu de uma forma muito rápida e proporcionou aprendizado aos envolvidos no processo. “Não existiam linhas de transmissão, pois ninguém sabia onde as usinas iriam aparecer. Hoje, é diferente. Para o futuro, ele afirmou que pretende pleitear, junto à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), ajustes nos leilões, contemplando a integração da oferta de energia com a instalação de linhas de transmissão.

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