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Ciência e fé

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Laurence Bittencourt – jornalista

A idéia de que a percepção (através dos sentidos) pode ser enganadora já é uma velha conhecida nossa, tendo tal afirmação o seu inicio lá atrás com os gregos em especial com Platão que formaliza melhor a questão e que irá ganhar corpo entre alguns dos pensadores modernos, em especial Descartes, cada um puxando para sua brasa ou sardinha, ou seja, para aquilo que lhe agrada justificar.  Como isso é velho.

Que essa idéia traz em seu nascimento muito de verdade se pode ver na própria esfera cientifica quando, por exemplo, Ptolomeu (baseado nas idéias de Aristóteles) defendeu (era visível aos olhos) a tese de que a terra estava parada e todos os astros giravam em torno dela sendo aceito tal afirmação sem grandes discussões até o surgimento de Nicolau Copérnico e em especial Galileu Galilei que pôs abaixo a “percepção” sustentada pela antiguidade e mantida (lida assim na Bíblia) pela Igreja Católica Apostólica e Romana.

Com Galileu o universo ptolemaico desmoronou. A descoberta pode até parecer boba hoje em dia, de que o sol e não a terra é o centro do universo, mas tente imaginar o escândalo surgido na época vivida por Galileu.

Por esta ousadia, Galileu que era crente e temente a Deus foi obrigado a amargar uma prisão domiciliar imposta pelo “Santo” Oficio. Mas a vitória final foi dele, ou seja, da ciência, do método cientifico, sendo Galileu considerado o “pai da ciência moderna” pela nova forma de pensar e “ver” o mundo através de instrumentos – a balança hidrostática, o termômetro de Galileu, o relógio de pendulo, o próprio telescópio – ou seja, toda uma metodologia nova e diferente do método abstrato aristotélico.

Religião e politica de uma forma geral sempre foram um atraso e um impedimento ao conhecimento do homem, que necessariamente exige um campo fértil e livre de amarras e censuras. A democracia continua sendo – apesar da discordância de muitos – o melhor meio para fazer prosperar descobertas e colocar abaixo “verdades tidas como sagradas”.

Claro que o homem médio (ou o homem do povo como dizem alguns) não pode passar sem uma crença que o mantenha de pé. Mas é exatamente essa necessidade que muitas vezes termina sendo usada na politica de uma forma demagógica e exploratória como forma de lucros pessoais. O incrível é constatarmos que esses mesmos que exploram a “boa fé do povo” são os primeiros a usarem das descobertas científicas em suas vidas particulares (e dos filhos) se valendo dos recursos que os de “boa fé” lhes pagam com os salários públicos.

Hoje ciência e fé parecem caminhar lado a lado de uma forma um pouco mais amistosa e com certo grau de tolerância, mas com que grau de certeza e até quando continua sendo uma grande incógnita em se tratando de natureza humana.

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