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Circo sem fronteiras

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Yuno Silva – Repórter

O grupo circense Tropa Trupe, sem sede fixa desde julho do ano passado quando a lona montada na UFRN rasgou pela enésima vez, resolveu cair na estrada e descortinar outros palcos antes de retomar as atividades em Natal. Desde março em São Paulo, onde permanecem até o fim de maio, a trupe vem contabilizando participação em uma série de eventos enquanto formatam novos planos para utilizar os recursos recebidos através do edital ProCultura 2010 – Programação de Espaço Cênico, do Ministério da Cultura/Funarte.
Sem sede fixa, grupo circense Tropa Trupe está em São Paulo desde março passado, enquanto formata novos planos para este ano a partir de recursos do edital Procultura 2010, do Minc.
Com o prêmio de R$ 100 mil (valor bruto), pretendem investir em outra lona e renovar a programação, mas, por enquanto, a meta dos potiguares é adquirir qualificação, trocar experiências, expandir os horizontes e ampliar os contatos.

Em pouco mais de 50 dias de viagem, com os espetáculos “O Equilibesta” e “Tic Tac – a televisão encantada” na bagagem, passaram pela 3º Convenção Baiana de Malabarismo, Circo e Arte de Rua na Chapada Diamantina (BA) antes de chegarem a São Paulo, onde já circularam por sete cidades como Bauru, Marília, São Carlos, São José do Rio Preto e Araraquara. Na capital paulista integraram a programação do Festival Grito Rock; realizaram oficinas de clown; se apresentaram no Circo do Beco, no charmoso bairro da Vila Madalena; e participaram da Palhaceata durante as comemorações do Dia do Circo (27 de março). A primeira turnê nacional da Tropa Trupe também inclui parada em Brasília, onde participam do Festclown em maio.

“Depois que a lona rasgou, decidimos mudar o rumo e investir na formação e na circulação”, disse Renata Marques, produtora do grupo. Ela contou que em dezembro de 2011, quando esteve no Congresso Fora do Eixo, estreitou contato com o Palco Fora do Eixo, a frente das artes cênicas da rede. “A partir desse encontro consegui articular e garantir a circulação da trupe em São Paulo.”

Rodrigo Bruggemann, ou palhaço Piruá, reforça: “Quando a Tropa Trupe perdeu sua sede resolvemos que era o momento de buscarmos novas perspectivas, de irmos atrás de formação, informação e divulgação.” Rodrigo planeja esticar até a Argentina antes de voltar ao RN.

Para ambos, a arte circense é vista de outra maneira fora dos limites do território potiguar. “São Paulo continua sendo a cidade das possibilidades, aqui circulam e se encontram muitas pessoas e culturas, desde o artista mambembe até os grandes circos do mundo, e isso faz com que o circo seja visto com outro olhar”, garantem. Independente da valorização, pois o desafio da sustentabilidade é igual em todos os lugares, a grande diferença está na quantidade de pessoas envolvidas e no número de espaços cênicos estruturados, entre outros detalhes. “Esses fatores contribuem na valorização dos artistas”, verifica Renata.

Questionado sobre as deficiências no RN, Rodrigo ressalta a falta de “quase tudo”: “Começando pela ausência de um núcleo de formação pra instigar novos talentos e apreciadores; em seguida um espaço de integração das artes, onde os grupos possam trocar experiências entre si. Falta gestores competentes que entendam a complexidade e a demanda da cultura circense”, enumera. Para ele, a falta de união dos “fazedores de arte”, independente de segmento, dificulta a construção de políticas públicas para o setor.

O importante, afirmam, é que a turnê está superando as expectativas: “Nem todas as apresentações são garantidas por cachê, algumas vezes passamos o chapéu em outras fazemos pela oportunidade de divulgar e contribuir com nosso trabalho, mas estamos fazendo contatos importantes, trocando tecnologias de produção. Acredito que nossa atuação no Sudeste irá aumentar, é apenas o começo, e nas próximas já estaremos mais experientes”, afirma Rodrigo.
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FUNCIONAMENTO DA REDE FORA DO EIXO

A rede Fora do Eixo, criada em Cuiabá (MT) há sete anos, busca, entre outras coisas, viabilizar a circulação de artistas sediados fora do eixo Rio-São Paulo a partir da máxima de que “a união faz a força”. Com atuação colaborativa focada na comunicação, na produção cultural e na arte, o FDE hospeda os integrantes da Tropa Trupe na Casa Fora do Eixo SP, uma das sete bases mantidas no país pelo coletivo – no Nordeste, a casa do coletivo funciona em Fortaleza.

Há quase dois meses na estrada, os potiguares afirmam que, em 95% dos casos, contam com suporte da rede através do que chamam de “hospedagem solidária”. “Depois que chegamos em São Paulo, as coisas foram articuladas (alimentação, hospedagem, e, em alguns casos, ajuda de custo para transporte) na base da troca troca e da colaboração. Contribuímos com algumas despesas básicas da casa FDE, ajudamos a manter o lugar limpo, e recebemos esse suporte em troca; as negociações são diferentes em cada lugar”, explicou Renata Marques.

O importante para se manter por lá, pelo visto, é ter: boa vontade, trabalho e arte para oferecer – dinheiro é consequência e o que vale é a experiência, o aprendizado e a amplitude das possibilidades.

Dentre as atividades vivenciadas pela Tropa Trupe, representada em São Paulo por Rodrigo, Renata e mais Gabriel HernanRodriguez (palhaço Fino) e Luísa Guedes (palhaça Pepita e acrobata aérea na técnica de tecido),  Bruggemann destaca a apresentação do Circo no Beco “com a estréia do número ‘I want to break free’, criado e dirigido pelo argentino Walter Velazquez”. Já Renata Marques chamou atenção para o evento em frente ao Teatro Municipal de São Paulo, parte da programação do Dia do Circo, junto com outros grupos conceituados de São Paulo: “Foi bem legal e simbólico.”

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