A crise hídrica pela qual o Brasil atravessa pode estar contribuindo para o aumento do números de casos de dengue, principalmente em alguns estados da região Sudeste, sendo São Paulo o maior prejudicado.
A avaliação é da diretora médica da Sanofi Pasteur, Sheila Homsani, em entrevista ao TN Família, por telefone, direto de São Paulo. 
“Com a falta de água nas torneiras de casa, muita gente está acumulando água em reservatórios, mas sem tampá-los devidamente, favorecendo os criadouros do mosquito aedes aegypti”, comenta a médica.
Esse é um flanco aberto no combate ao transmissor da doença e pode atrapalhar todos os esforços conjuntos realizados até hoje. “O mosquito só voa aproximadamente um quilômetro. Se está tendo dengue perto de sua casa, é porque algum vizinho não está tomando os devidos cuidados”, analisa Sheila Homsani.
Ela lembra também que, uma vez disponibilizada a vacina para a população, o combate ao aedes aegypti não pode parar, uma vez que ele não transmite apenas a dengue. Uma outra doença grave transmitida pelo mosquito é a febre chikungunya, que também se espalha e preocupa as autoridades.
MAIS QUE NECESSÁRIA
Para a diretora médica da Sanofi Pasteur, a vacina contra a dengue é uma ferramenta muito mais que necessária, já que o mosquito se multiplica com facilidade, contaminando cada vez mais pessoas. “E ela vem exatamente para diminuir as chances de as pessoas se infectarem.”
Sheila Homsani comenta ser a vacina proposta pela Sanofi eficaz contra os quatro tipos de vírus da dengue que circulam no Brasil — o mais frequente é o tipo 1. Os quatro, porém, podem causar hospitalizações, segundo a médica.
“A vacina mostra mais de 60% de eficácia contra os quatro sorotipos, reduz os casos graves em 95%, o que é um número maravilhoso. Além disso, com a vacina, de cada dez pessoas, oito estarão livres de serem hospitalizadas. E isso é reduzir custos com hospital, sem contar com com as faltas ao trabalho.
“Tudo gera um grande impacto na economia do País”, comenta a diretora médica da Sanofi, fazendo votos de que a análise da Anvisa não demore tanto e a vacina seja liberada o mais rápido possível.
ACOMPANHANDO ESTUDOS
Desde 2011, o TN Família vem acompanhando o desenvolvimento e os estudos da vacina da Sanofi Pasteur, tendo inclusive sido convidado para uma entrevista coletiva com representantes da multinacional para apresentar detalhes do que vinha sendo feito à época.
“Estamos finalizando a terceira dose da vacina. O que eu posso adiantar é que os efeitos colaterais são muito pequenos e não diferem do que já está escrito em literatura. É uma vacina muito segura. Também não temos notado nenhuma diferença de reação entre a primeira, a segunda e a terceira dose”, comentou, durante a coletiva, Reynaldo Dietze, diretor do Núcleo de Doenças Infecciosas da Universidade federal do Espírito Santo, um dos participantes do estudo.
Números
Entre 2000 e 2010 foram registrados:
à 4.563.864 casos prováveis.
à 508.874 internações no SUS por dengue complicações ou por febre hemorrágica.
à 54.140 casos de dengue com complicações.
à 17.537 casos de febre hemorrágica.
à 2.195 óbitos, sendo 1.024 por complicações da dengue e 1.171 por febre hemorrágica.
OUTROS NÚMEROS
à 2,5 bilhões de pessoas estão sob de contrair dengue, quase metade da população mundial.
à Combater a doença é prioridade de saúde pública em mais de 100 países nas Américas e na Ásia
à 220 milhões é a estimativa de pessoas infectadas anualmente pelo vírus da dengue.
à 22 milhões de pessoas, a maioria crianças, desenvolvem dengue hemorrágica, a forma mais grave da doença.
Fonte: Sanofi Pasteur
Linha do tempo
> 1994
Parceria com o Centro de Desenvolvimento de Vacinas, Universidade de Mahidol, Bancoc, Tailândia.
> 1998
primeiro contato com a Acambis, Cambridge, EUA, criadora de uma tecnologia em biologia molecular.
> 2000
Vacina contra a dengue de segunda geração.
> 2001
Prova de conceito de uma vacina tetravalente, viva atenuada contra a dengue em duas doses e um reforço. Início do desenvolvimento de uma vacina de segunda geração obtida a partir de tecnologia recombinante.
> 2004
A abordagem clássica de vacina é abandonada devido a reações adversas e à atenuação deficiente do sorotipo 3. A opção é se concentrar no desenvolvimento da vacina viva atenuada de segunda geração.
> 2006
Parceria com a Pediatric Dengue Vaccine Initiative, visando agilizar o lançamento de uma vacina contra dengue para crianças em países endêmicos.
> 2007
Resultados positivos dos estudos clínicos de Fase 2; prova de conceito.
> 2009
A vacina da Sanosi Pasteur contra a dengue é avaliada em teste clínico de eficácia em pediatria na Tailândia.
> 2010
A Food and Drug Administration (FDA) concede a avaliação prioritária (Fast Track) à vacina candidata da Sanofi Pasteur contra a dengue.
> Outubro de 2010
A vacina da Sanofi Pasteur contra a dengue entra na última etapa de desenvolvimento clínico.
> 2010
O programa de pesquisa da vacina da Sanofi Pasteur contra dengue inclui estudos clínicos no México, Honduras, Colômbia, Porto Rico, Brasil, Peru, Cingapura, Vietnã, Tailândia, Filipinas e Austrália em adultos e crianças.
> 2012
Transmissão superou todas as expectativas anteriores, segundo dados de levantamento epidemiológico publicado no livro Saúde Brasil 2012, editado pelo Ministério da Saúde.
> 2014
Marco final do estudo clínico de eficácia de fase III da vacina na América Latina, apresentando uma eficácia global contra casos sintomáticos dos casos de dengue em crianças e adolescentes de 9 a 16 anos de idade, após um esquema de vacinação de três doses. Análises demostraram uma proteção contra 95,5% dos casos de doença grave e uma redução de 80,3% no risco de hospitalização durante o estudo.
> 2015
Safoni Avonts pretende submeter vacina candidata, sujeita a aprovação regulatória, que poderá estar disponível no mercado, no segundo semestre deste ano.
