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Comércio e obras contratam mais

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Andrielle Mendes – Repórter

 O período é considerado de baixo crescimento, mas setores como comércio e construção civil têm mantido o ritmo de contratações no Rio Grande do Norte e registrado incremento no estoque de empregos acima da média nacional. Os dois setores continuam sendo uma boa opção para quem deseja entrar no mercado de trabalho.
A construção civil foi responsável por 24,2% das vagas abertas no mercado formal do RN nos últimos 12 meses e figura na lista das atividades mais promissoras
Apesar de fechar o mês de fevereiro com o número de demissões superior ao de contratações, o comércio encerrou os últimos 12 meses com o maior aumento no número de carteiras assinadas da região Nordeste. Os dados são do Cadastro Geral de Empregos e Desempregados (Caged) e foram divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho e Emprego.

Segundo o Caged,  o  estoque geral de empregos do comércio no RN – número total de carteiras assinadas no setor – subiu duas vezes mais do que as médias estadual e nacional. O setor foi responsável, sozinho, por 54,1% dos empregos com carteira assinada registrados nos últimos 12 meses no estado. A maior parte das vagas está nos hipermercados e supermercados, lojas de roupas, calçados, farmácias e perfumarias.

O setor não abre mão da qualificação e valoriza sobretudo quem é dinâmico, tem capacidade de lidar com o público, e sabe trabalhar em equipe, afirma Marcelo Queiroz, presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo no estado (Fecomércio/RN).

A construção civil, por sua vez, foi responsável por 24,2% das vagas abertas no mercado formal nos últimos 12 meses, e figura na lista dos setores mais promissores, ao lado do setor do comércio e de serviços.

Apesar da redução do número de empreendimentos lançados no último ano, o ritmo de contratações na construção aumentou. O estoque de empregos na atividade foi o segundo que mais cresceu no estado,  considerando os oito setores da economia acompanhados pelo Ministério do Trabalho e Emprego. O setor, que também fechou fevereiro demitindo mais do que contratando, encerrou os últimos 12 meses com o terceiro melhor desempenho da região Nordeste, em termos de crescimento do estoque de empregos.

O ritmo de contratações  deverá aumentar ainda mais ao longo do ano, segundo o Sindicato da Indústria da Construção Civil no estado (Sinduscon/RN). Obras como o estádio Arena das Dunas e o aeroporto de São Gonçalo do Amarante entram numa nova fase e começam a demandar mais trabalhadores, no ano que antecede a Copa do Mundo.

O governo do estado também apresentou um pacote de obras robusto, observa Carlos Luiz Cavalcante, um dos diretores do Sinduscon/RN. Projetos do Minha Casa, Minha Vida, a ampliação do Porto de Natal e a conclusão do Terminal de Passageiros devem deixar o mercado ainda mais aquecido. “O setor vai precisar de mais pessoas”, afirma Carlos Luiz.

As chances de conseguir uma vaga neste mercado são maiores para engenheiros com pós-graduação ou experiência, técnicos, carpinteiros, pedreiros e serventes, afirma. Segundo o Sinduscon/RN, o número total de carteiras assinadas pelo setor deve subir entre 7 e 8% em 2013. O número, que acompanha a previsão de crescimento da economia, é quase três pontos percentuais superior ao registrado nos últimos 12 meses (+5,47%).

Salários devem subir acima da inflação

Para quem está trabalhando, a perspectiva para este ano é de reajustes salariais com ganhos reais, ou seja, acima da inflação. A projeção faz parte de um levantamento divulgado ontem pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Os dados apontam que, em 2012, 100% dos reajustes negociados no Rio Grande do Norte proporcionaram ganhos reais aos trabalhadores.

Ao todo, foram  analisadas 15 unidades de negociação no estado, em 2012, que equivalem a 12,5% do total analisado no Nordeste e a 2,1% do total analisado no Brasil. Do total de negociações analisadas no RN,  46,7% foram realizadas na Indústria, outras 46,7% no setor de Serviços e 6,7% no Comércio.

Os resultados das negociações no estado indicam uma melhora no tempo, segundo o Dieese. “Considerando o período de 2008 a 2012, verifica-se que o ano de 2012 foi o que apresentou os melhores resultados. Os reajustes com ganho real totalizaram 100% e não houve nenhuma negociação que fixou o reajuste salarial abaixo ou igual a inflação  acumulada na data-base. Em 2008, menos de 46,7% das negociações analisadas no estado haviam conseguido ganhos reais”, observa o órgão, em nota.

Para 2013, a tendência é de as negociações manterem ou avançarem os patamares conquistados em 2012, ainda de acordo com o Dieese. “A situação econômica é claramente mais positiva”, justifica. “O PIB já está rodando em torno de 2,4% ao ano, podendo chegar a 3% e 4% até final de dezembro. A taxa de câmbio está mais adequada para a competitividade das exportações e para a inibição da importação de produtos industriais. A taxa básica Selic, em termos reais, está no seu menor patamar histórico. A inflação, cujos índices mantiveram-se elevados no primeiro bimestre do ano, tende a ficar dentro da meta estabelecida pelo governo pelo décimo ano seguido6. E por fim, cabe destacar que a taxa de desemprego, uma variável fundamental nas negociações coletivas, está no menor patamar da história”, acrescenta ainda.

Indústria

Embora o Índice de Confiança do Empresário Industrial do Rio Grande do Norte tenha subido em fevereiro, a indústria continua não sendo uma boa opção para quem busca emprego no RN. O setor foi o que mais fechou postos de trabalho formais no Rio Grande do Norte nos últimos 12 meses e não apresenta sinais de retomada. No último ano, várias fábricas anunciaram a redução da produção e o redirecionamento de parte das atividades para estados vizinhos, como a Alpargatas e a Coteminas. Quase oito mil pessoas foram demitidas só pela indústria têxtil, de vestuário e de calçados no RN no último ano. A  reportagem tentou contato com a Federação das Indústrias no RN (Fiern), para saber como o setor se comportará ao longo de 2013, mas não obteve êxito.

Bate-papo – Marcelo Queiroz » presidente da Fecomércio

Com exceção do setor de serviços, todos os setores econômicos do RN fecharam o mês de fevereiro com redução do número total de carteiras assinadas. Essa retração é natural?
Os primeiros meses do ano sempre são de queda nas contratações e de demissão daquele pessoal contratado como temporário para o final do ano anterior. Isto é um comportamento perfeitamente normal e esperado. Nossa expectativa é que, a partir de março, com a chegada de períodos de movimento maior como a Páscoa, Mães, Namorados e por aí afora, o ritmo de saldos positivos do emprego no Comércio seja retomado.
Marcelo Queiroz » presidente da Fecomércio
Porque o setor de serviços foi o que fechou os dois primeiros meses com melhor saldo de empregos?
Dentro dos serviços, temos estratos muito fortes. São seis ou sete estratos bastante independentes, o que torna o segmento menos vulnerável a períodos pontuais de baixa. Quando temos um setor em dificuldades, sempre temos um outro que puxa pra cima as contratações.

O estoque de empregos do comércio foi o que mais cresceu nos últimos 12 meses (+5,67%) no RN. A que se deve isso?
Ao crescimento da atividade como um todo.  Tivemos, somente nos seis últimos meses, duas grandes novas lojas de supermercados em Natal e Grande Natal e a chegada de um gigante do setor de varejo de móveis e eletrodomésticos ao estado, abrindo, de cara, duas lojas. Isto sem falar no incremento de novas lojas nos maiores shoppings.

Qual é a tendência para o restante do ano?
Temos expectativas positivas em relação aos investimentos públicos, com as obras que devem preparar Natal e nosso estado para a Copa de 2014. Este contexto deve contribuir para um ano positivo de contratações, tanto no setor de Serviços quanto no de Comércio. Se nosso setor crescer em 10% as vagas oferecidas este ano em relação a 2012, já será muito positivo.

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