quarta-feira, 24 de abril, 2024
31.1 C
Natal
quarta-feira, 24 de abril, 2024

Compartilhe seus livros

- Publicidade -

Yuno Silva
Repórter

A proposta é simples na teoria e na prática, custa o valor de um livro usado (de preferência já lido), não tem contraindicações e conjuga o verbo da moda: “compartilhar”. Iniciativas que sugerem o esquecimento proposital de livros pela cidade ganham força nas redes sociais e podem ser exercitadas sem alarde em parques, pontos de ônibus, na praça de alimentação de shoppings, dentro de um táxi, na calçada de um poeta, posto de gasolina ou no banco da praça mais próxima da sua casa. Também é bom que se saiba que a campanha é permanente, não tem fronteiras nem limitações, basta desapegar.
No Parque das Dunas, a Casa das Palavras é lugar para trocar livros. Basta chegar, pegar um e se quiser deixar outro no lugar
Em Natal, além de iniciativas pessoais espontâneas a qualquer hora, há projetos que dão uma forcinha para que livros ‘esquecidos’ sejam ‘encontrados’; caso da Casa das Palavras que possui uma casinha instalada no Parque das Dunas para troca gratuita e permanente de títulos, a campanha (também permanente) do serviço online Easy Táxi que incentiva a troca de livros para quem faz uma corrida utilizando o aplicativo, e o evento anual Troca de Livros cuja segunda edição aconteceu semana passada. Também há um posto de coleta permanente no posto de combustíveis São Luiz I, na Av. Salgado Filho 2815, em Lagoa Nova, que funciona das 8h às 12h e das 14h às 18h.

Esse tipo de ação começou a ser sistematizada nos Estados Unidos, na virada do século 20 para o 21, e logo foi conceituada por “BookCrossing”, que basicamente significa a prática de deixar um livro num local público, para que outros o encontrem e possam ler, e assim sucessivamente. Valer frisar que o interessante é compartilhar preferencialmente obras literárias (poesia e prosa).

“A casinha no Parque das Dunas é aberta, não tem controle, é só chegar e pegar e/ou deixar um livro”, disse o jornalista Rilder Medeiros, um dos idealizadores do Casa das Palavras, que já conta com casinhas que comportam até 50 livros em Mossoró, instalada na calçada da casa onde mora o cordelista Antônio Francisco; e em Assu no cine-teatro Pedro Amorim. “Estamos chegando a Pau dos Ferros, onde o ‘zelador’ será o poeta Manoel Cavalcante – ele quem vai tomar conta da rotatividade do acervo e decidir onde instalar. Também já acertamos uma segunda casinha em Natal na Cidade da Criança”, informou Rilder, adiantando que a iniciativa patrocinada pelo Governo do RN (através da Lei Câmara Cascudo) e Cosern, ainda prevê instalação de outros pontos de troca em Parnamirim, Angicos e Caicó, onde a casinha deverá se chamar Moacy Cirne.

O projeto Casa das Palavras vai além da minibiblioteca. Em Currais Novos, assim como em outras cidades onde a iniciativa já passou, serão realizadas de 12 a 14 de março oficinas de cordel, xilogravura, coral, mamulengo e contação de história – culminando com instalação da casinha.    

No caso do evento “Troca de Livros”, promovido pela segunda vez pelo IFRN-Cidade Alta dias 3 e 4 de março, a bibliotecária Iara Celly Gomes da Silva avalia o resultado como positivo. “Superou nossas expectativas: trocamos 90 exemplares no primeiro dia e 67 no segundo, contra as 30 trocas da primeira edição”. Ela diz não ter intenção de manter a campanha de forma permanente para manter o interesse. “Essa troca funciona dentro de outro evento, o Artic – Arte Cultura Tecnologia e Integração, que é anual”, informou.

Esqueça um Livro
O jornalista e blogueiro Felipe Brandão, de São Paulo, foi um dos pioneiros a incentivar a troca e compartilhamento de livros de forma organizada na internet brasileira. Em 2013 criou o blog esquecaumlivro.com e a página facebook.com/EsquecaUmLivroOficial, atualmente com mais de 30 mil curtidas.

“Sempre fui apaixonado pelo (conceito) ‘Bookcrossing’ e sempre tive vontade de fazer algo parecido. Comecei fazendo alguns ‘esquecimentos’ de forma aleatória, mas a inciativa ganhou ares de projeto quando resolvi criar a página no Facebook e contar a experiência. De repente vi a proposta ganhando forma e se espalhando. Estou extremamente feliz com os resultados e ouvindo histórias de pessoas que se sentem impactadas com o ‘Esqueça um livro’”, declarou Brandão em entrevista para uma revista nacional de grande circulação.

No site internacional bookcrossing.com, também com versão em português, é possível compartilhar achados e interagir com outros ‘esquecedores’ e desapegados literários.

- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas