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Concessão de ‘linhão’ sairá em outubro

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Andrielle Mendes – repórter

A falta de conexão entre parques eólicos no Rio Grande do Norte e a rede nacional, um problema de infraestrutura que  prejudica investimentos na área, está perto do fim. A Chesf deve assinar em outubro o contrato de concessão para construir linhas de transmissão no estado. O ‘linhão’ é necessário para escoar a energia gerada a partir dos parques eólicos. Para o ex-secretário de Energia do RN e atual presidente do Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energia (Cerne), Jean Paul Prates, porém, o contrato já devia ter sido assinado. “O leilão (em que a Chesf foi uma das vencedoras) ocorreu em junho. Não há razão para esperar tanto”, diz.

O número de parques aumentou no RN e a conexão planejada para o Estado não acompanhou a evoluçãoA Companhia tem 1 ano e 10 meses para conectar o RN à Paraíba e ao Ceará, onde a energia gerada pelo estado é lançada na rede nacional e distribuída para todo País. Prates afirma que a demora na assinatura do contrato prejudica o cronograma de obras, ainda não elaborado. “Vários parques entrarão em operação no RN antes das linhas serem concluídas”, observa.

Ele também afirma que as linhas planejadas não são o ‘linhão ideal’. Elas estariam mais para ‘pedaços’ de linhão. “Um paliativo imprescindível”. Isso porque nos últimos anos, o número de parques aumentou e a conexão planejada para o estado não acompanhou a evolução. “É como se existissem várias rodovias estaduais e o RN já tivesse em trânsito para uma BR”, diz Prates. “Quando não tínhamos projetos, essa linha bastava. Agora não”. Prates explica que caberá ao governo do estado reivindicar novos investimentos em conexão. Só assim, os projetos do RN voltarão a ser competitivos.

O RN, que liderava todos os leilões de energia, tanto em números de projetos quanto em oferta de energia, perdeu sua posição para o Rio Grande do Sul, estado com melhor infraestrutura de escoamento. Menos parques saindo do papel significa menos investimento, menos renda e menos empregos sendo gerados.

Otávio Silveira é presidente da Galvão Energia e confirma que a falta de conexão deixou o Rio Grande do Norte em desvantagem nos últimos leilões. “Se nada for feito, a falta de conexão vai inviabilizar novos projetos no estado. Vai ficar cada vez mais difícil garantir conexão para todos eles. É preciso um planejamento a longo prazo”, afirma. Segundo Otávio, a oferta reduzida de linhas de transmissão encarece os projetos de parques eólicos. Isso porque o investidor tem de gastar mais para instalar uma linha de transmissão que ligue seu parque ao linhão do governo federal.“A dificuldade de transmissão e a incerteza são um risco a mais para o investidor”, afirma.

Com uma linha mais bem distribuída pelo estado, os investidores gastariam menos para construir as suas próprias e com isso manteriam a rentabilidade do negócio. Assim como Prates, Otávio se diz preocupado com o cronograma de implantação. “Vamos começar a gerar energia daqui a dois anos e a linha ainda não existe. Existe um risco grande da obra atrasar. Isso trará um prejuízo grande para os investidores, porque o retorno do investimento vai demorar mais”. A Galvão Energia está concorrendo com dez projetos de parques eólicos nos próximos leilões de energia. Todos os projetos são previstos para o RN.

Enquanto o ‘linhão’ não fica pronto, empresas instalam linhas de transmissão dentro dos empreendimentos. A Galvão Energia, por exemplo, pagou 14 milhões de dólares por uma subestação transformadora e cabos de força. Os equipamentos serão fornecidos pela ABB, que além de entregar a subestação, vai instalar 60 km de cabos, conectando quatro novos parques eólicos com uma capacidade total de 94 MW (megawatt) à rede nacional.

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