Apesar das facilidades para a declaração do Imposto de Renda de Pessoa Física (IRPF) deste ano, como o uso de aplicativo para tablets e smartphones – agora com funcionalidades que abrangem 90% dos contribuintes – há quem ainda prefira recorrer ao contador. Quem é da área defende que, além de ser mais seguro e prático, a adesão ao aplicativo m-IRPF deve ser pequena.
Exemplo de quem prefere a ajuda do contador na hora de declarar é o gerente de hotel Mário Barbieri, de 51 anos. “Vou juntando os comprovantes de rendimento durante o ano e entrego para o contador. Além de ser mais seguro, é muito mais fácil porque ele já tem os dados todos. Sempre faço com contador. É mais prático. Em uma semana está pronto”, explica.
Mesmo tendo noção sobre como declarar o imposto de renda, por ser administrador, Josinaldo Francisco de Sousa, de 40 anos, considera que é importante buscar um profissional habilitado para esse procedimento. Na opinião dele, às vezes as regras mudam e o contador está sempre se atualizando por ser da área. “É bem melhor procurar um escritório ou um profissional para evitar erros e não acabar caindo na malha fina”, avalia.
#SAIBAMAIS#Por outro lado, o médico Marcos Pinheiro, de 54 anos, além de declarar o próprio imposto de renda, faz o do irmão e de seus sobrinhos. “É auto-explicativo. Se você não tiver muitos gastos, muitas aplicações, não tem muito o que informar. O problema é que as pessoas não gostam de ler manual de instrução”, pondera. “Lógico que se a pessoa tiver uma grande empresa, que tem peculiaridades, é melhor recorrer ao contador. Mas para o assalariado é fácil”, completa.
Contadores
A facilidade do aplicativo para dispositivos móveis não deixa quem é da área de contabilidade com receio de uma possível fuga dos clientes. Para a sócia e diretora do escritório Rui Cadete Consultores e Auditores Associados, Karina Dias, o dispositivo serve muito mais para jovens que querem fazer a declaração por conta própria e estão “antenados” com as novas tecnologias. “O aplicativo não preenche todas as condições necessárias para a declaração”.
O contador Cassiano Vieira Neto, proprietário do escritório ACI Assistência Contábil, acredita que o aplicativo não deve atrair muita gente. “Ele começou como teste em 2013 e teve pouca adesão”, argumentou.
Bate-papo: João Gregório Júnior – presidente do Conselho Regional de Contabilidade (CRC/RN)
Quem está apto a fazer a declaração para o contribuinte?
Isso é muito pessoal. Qualquer contribuinte está apto a fazer. Nós recomendamos o profissional da contabilidade porque muitas pessoas não sabem analisar. A maior parte – eu diria até 90% – não sabe analisar. Se você teve um ganho de capital, por exemplo, o contador sabe o que é isso, mas os contribuintes às vezes não sabem. A maioria não sabe o que é um certificado digital, mas o profissional contábil sabe. E com a declaração pré-preenchida, que é uma das grandes novidades deste ano, a declaração está pronta? Não. É preciso fazer a conferência. Então é importante procurar o contador.
A opção de o contribuinte declarar com dispositivos móveis, como tablets e smartphones, é motivo de preocupação para o contador, devido a uma possível perda de clientes?
Acho que não tira o espaço do profissional porque tem casos e casos. As declarações mais simples todo mundo faz, mas quando você tem uma declaração mais complexa, o profissional da contabilidade é mais indicado.
Como o contribuinte pode detectar a necessidade de recorrer ao contador?
Um exemplo é se o contribuinte vendeu um terreno, uma casa ou um imóvel. Nesse caso, é preciso saber se existe ou não tributação desses bens. O contribuinte não sabe, mas profissional contábil sabe se vai ser tributado ou não.
