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Cony em Paraty

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Woden Madruga [[email protected]]

Passeio por Paraty no rastro de sua Festa Literária, a Flip, que recebe não somente grandes nomes das artes brasileiras mas também celebridades internacionais. Pelo  que os jornais andam publicando o evento  é um total sucesso, todos seus espaços lotados, gente de todas as partes do país, a cidade histórica, patrimônio nacional, celebrada pelos visitantes atraídos pela magia da literatura. Viva!  O escritor e jornalista Carlos Heitor Cony  foi um dos palestrantes mais aplaudidos, destaque nos jornais que vem cobrindo o festival. Anotei algumas passagens de sua fala, cujo tema foi “A Arte do Romance”.  Cony está com 89  anos e ficou cadeirante depois que sofreu um tombo,  há dois anos,  no Festival de Frankfurt,  afetando sua capacidade de locomoção. Com muito humor e ironia disse:

– Tem muita vantagem em ser cadeirante. As pessoas te dão passagem, quase estendem um tapete vermelho onde você chega. Se soubesse disso, teria sido cadeirante dez anos antes.

Sobre o romance, como gênero literário, foi dizendo:

– Tenho para mim  uma ideia polêmica. Tenho certeza de que o que importa no romance não é o conteúdo, mas a forma. O conteúdo não muda. Há uma repetição em todos os livros, vocês podem reparar.

Cita três romances clássicos como exemplo: o russo Anna Kariênina (1877), o francês Madame Bovary (1857) e o português O Primo Basílio (1878):

– Os três tratam de mulheres insatisfeitas, cheias de anseios, casadas com homens honestos, íntegros, mas sem graça. O enredo é o mesmo, mas cada um se passa em um lugar diferente, em contexto profundamente diferente. O romance sobrevive pela forma.
Cony cita como exemplo mais próximo dessa conceituação o romance nordestino dos anos 1920 e 1930: a A Bagaceira, de José  Américo de Almeida, o Quinze, de Rachel de Queiroz, Vidas Secas, de Graciliano Ramos, e O Menino de Engenho, de José Lins do Rego:

– Num exame bastante geral, vemos a mesma base – a seca, a vida dura do Nordeste, o desprezo do governo por aquela região -, mas a forma era bem diferente. Lins do Rego era mais desleixado, cometia erros de português. Já o Graciliano era mais austero com a linguagem.

E completa:

– Afinal de contas, o homem brasileiro, russo, americano, no fundo é o mesmo homem. Os governos são sempre os mesmos. Roubam, fazem escândalo, roubam a Petrobrás.

As línguas do mundo
Quem também me chamou a atenção nesse amplo noticiário sobre a Flip foi uma reportagem com o escritor queniano Ngugi Thiong’s, 77 anos, apontado como provável candidato ao Nobel, mas cuja obra reconhecida internacionalmente somente agora está chegando ao Brasil. Mora nos Estados Unidos, professor da Universidade da Califórnia (Literatura Comparada) e membro da Academia Americana de Artes. Ngugi é uma das principais atrações da Flip. É a primeira vez que o escritor africano vem ao Brasil.
Na entrevista que deu para o UOL  se declarou leitor de Jorge Amado e às folhas tantas falou assim:

– Se você conhece todas as línguas do mundo, mas não a sua língua materna ou a de sua cultura, isso é escravidão. Mas se você sabe o seu idioma ou o de sua cultura e a ele adiciona todas as línguas do mundo, isso é apoderamento. Há muito a literatura em línguas africanas tem tido suas identidades literárias roubadas pelas línguas europeias. Literatura africana escrita em alguma língua europeia deve ser chamada de literatura africana eurófana. Literatura africana é literatura escrita nas línguas faladas na África.

Política
Do analista politico Josias de Sousa:

– Dilma Rousseff mal aterrissou em Brasília e já chamou Michel Temer para uma conversa. Encontraram-se no início da noite de quinta-feira. O vice-presidente preparava-se para levantar voo rumo a São Paulo. Teve de retardar o embarque.  Deve-se  a urgência de Dilma à preocupação com o risco de Temer lhe devolver o título de articulador político do governo. A presidente quer evitar.

– Conforme noticiado aqui, a hipótese de temer deixar a articulação foi discutida num encontro que ele manteve com os caciques do PMDB. Afora o desgaste de fazer política em nome de um governo com a popularidade em queda, concluiu-se que os acordos firmados por Temer no Congresso não estão sendo honrados pelo governo. Retiveram-se as nomeações e as verbas orçamentárias.

– Temer recebeu de Dilma a garantia de que os acertos serão honrados. Estava ao lado do ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil), um dos alvos preferenciais da caciquia do PMDB.

Tucanos 
Amanhã, em Brasília, acontece a convenção nacional do PSDB.  O senador Aécio Neves será reconduzido à presidência do partido  e os indícios são de que o clima de trégua entre mineiros e paulistas (Alckmin) devepermanecer. O partido quer também reforçar a oposição ao governo.

Chuva 
As chuvas continuam molhando o  chão de boa parte do Estado nesse andar inicial e  promissor de julho. Tem chuvas registradas no Oeste, no Agreste, nos tabuleiros do Litoral e alguma coisa pelo Seridó e Sertão do Cabugi.

Segundo o boletim da Emparn, as melhores chuvas (de quinta-feira para o amanhecer de ontem) foram no Agreste: Serrinha, 29 milímetros, Barcelona (Potengi), 19, Monte Alegre e Vera Cruz, 15, Santo Antônio e Santa Maria, 13, São Paulo do Potengi, 12, Várzea, 11. Na  região Leste: Natal, 15, São José de Mipibu, 12, Baia Formosa, 11,8, Montanhas, 9,6, São Gonçalo do Amarante, 8,7, Nisia Floresta, 8.

No Oeste: São Miguel, 19, Assu, 11, 9, Coronel João Pessoa e Luís Gomes, 5. No Sertão Cabugi: Jardim de Angicos, 11.
As previsões são de mais chuvas até domingo. Amém.

De Cuba 
Do leitor José Barros sobre o reatamento das relações diplomáticas entre Estados Unidos e Cuba:
– A reaproximação Cuba/Estados Unidos fez-me lembrar dos tempos da guerra fria. Como sabemos havia a mistura de Coca-Cola com Rom Montila, criando-se o famoso paladar etílico cuba-libre. Agora a união será prenúncio de uma Cuba Livre.

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