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Crise na porta da cultura estadual

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Yuno Silva
Repórter

A crise política que assola o Brasil reverbera no Rio Grande do Norte e atinge em cheio a gestão da Fundação José Augusto. O rompimento do PT com governo Robinson Faria rendeu a entrega de cargos do primeiro escalão, entre eles a do diretor geral da autarquia que conduz as políticas culturais do Estado. Crispiniano Neto, que substituiu o ator Rodrigo Bico em novembro de 2015, admitiu ao VIVER que está trabalhando na condição de “ex”: “Pedi exoneração em caráter irrevogável, só falta o governador publicar no Diário Oficial. Mas, para as coisas não pararem, sigo despachando na Fundação até que surja um nome para me substituir”, disse o gestor por telefone, após reunião com sua equipe já em tom de despedida.
Saída de técnicos de setores importantes da Fundação José Augusto deverá prejudicar andamento de convênios  e atividades da cultura estadual
O quadro é de indefinição, e o risco de atrasos no trâmite de processos e convênios com o Ministério da Cultura é iminente. Da mesma forma, as poucas ações em curso também podem ser descontinuadas. De acordo com informações da assessoria de imprensa do Governo, o chefe do executivo Estadual estará reunido ao longo deste fim de semana para tentar dirimir a situação.

As especulações em torno do novo gestor que irá substituir o cordelista e agrônomo Crispiniano Neto na FJA ainda são tímidas, mas a reportagem ouviu alguns nomes que correm à boca miúda nos corredores: falam na volta da professora Isaura Rosado, no debute do forrozeiro Amazan como gestor público e na possibilidade do jornalista Toinho Silveira ser remanejado da direção do Teatro Alberto Maranhão.

“Não existe nenhum nome sendo ventilado, não chegou nada até mim”, garantiu Crispiniano sobre seu possível sucessor.

Nos seis meses que esteve, pela segunda vez, à frente da FJA (a primeira foi entre 2007 e 2010), Crispiniano Neto deu andamento em assuntos importantes junto ao MinC, caso do processo de reforma da Biblioteca Câmara Cascudo, pendências nos repasses de Pontos de Cultura, o retorno do Forte dos Reis Magos para a administração do Estado, a ampliação da rede de CEUs (Centros de Artes e Esportes Unificados) pelo interior do RN.

“Esses convênios com o MinC foram discutidos e acertados de boca, não chegaram a ser formalizados. Iria ontem (quinta, dia 14) para Brasília justamente levar essa documentação para oficializar os acordos”, contou.

Crispiniano lembra ainda que “também deu tempo de encaminhar parte da compra do material para a (gráfica e editora) Manimbu voltar a funcionar, e conseguimos liberar recursos (R$ 3 milhões) para o programa Mais Cultura nas Escolas. Mais as articulações para incluir investimentos na área de cultura junto ao programa RN Sustentável (que utiliza verba emprestada do Banco Mundial)”.

Historicamente, a Fundação José Augusto não dispõe de fôlego para investir com orçamento próprio em ações culturais qualquer que seja a ordem (editais, manutenção de acervo, reforma de teatros e restauração de museus): 80% dos recursos recebidos do Governo são gastos com pagamentos dos servidores.

Ajustes na lei

A gestão de Crispiniano Neto, apesar de curta, pode ser encarada como uma tentativa de organizar a casa: Um dos planos do cordelista vai ficar no meio do caminho diz respeito a ajustes na lei de incentivo Câmara Cascudo, a intenção era diminuir restrições que excluíam a participação de empresas de médio e pequenos portes interessadas em utilizar a renúncia fiscal em troca de patrocínio cultural. A outra questão era a formalização do Fundo Estadual de Cultura.

Setores

Tatiane Fernandes, coordenadora do Centro de Promoção Cultural, também segue dando conta do setor: “Não dá para simplesmente abandonar a Fundação, questão de compromisso”. Ela ainda não sabe se permanece no quadro da FJA: “Se até a próxima terça (19) estiver por aqui ainda, participo do 3º Fórum Potiguar de Cultura como representante da Fundação”.

No próxima terça-feira (19), o Fórum Potiguar de Cultura realiza seu terceiro encontro. O evento acontece no auditório do IFRN-Cidade Alta a partir das 8h, e é aberto a qualquer artista interessado. A participação é gratuita e as inscrições podem ser feitas até hoje (sábado, 16).

De Brasília, Sanclair Solon, coordenador do setor de Planejamento e Projetos, disse que permanece trabalhando. Ele está na capital Federal tratando de convênios com o MinC, como a Biblioteca e para a Teia Potiguar dos Pontos de Cultura. “Mantemos o ritmo nos processos em execução, as coisas precisam continuar andando, e acredito que próxima semana minha situação seja definida”. Ele ressalta que a saída de técnicos de setores importantes da Fundação é “prejudicial para o andamento de trâmites burocráticos e atividades importantes”.

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