O mais concorrido entre os cursos ofertados pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, o curso de Medicina atrai a cada ano uma leva maior de estudantes que sonham com um futuro promissor na realização pessoal de salvar vidas. Mas, para ser médico é preciso muito mais que vencer a concorrência num vestibular apertado. O curso exige vocação e muita disciplina. Além de investimento em tempo e esforços.
São seis anos de duração para a graduação. Os dois primeiros anos são básicos com matérias de anatomia, biologia, bioquímica, entre outras. Nos dois anos seguintes há as disciplinas clínicas e cirúrgicas, e nos anos finais há o curso prático que ocorre dentro dos hospitais universitários.
Ao concluir a graduação, o estudante escolhe a especialização e opta pela residência médica ou por curso de pós-graduação lato sensu. Em geral, a escolha se dá pela primeira opção, devido as atividades práticas realizadas em um hospital público.
Se o estudante quiser parar de estudar após concluir a graduação, ele se torna um médico generalista. Do contrário, são exigidos de dois a cinco anos de mais aprendizado para se especializar. A jornada árdua de estudos, no entanto, é compensada no mercado de trabalho. Atualmente, medicina é considerada a única carreira com taxa de desemprego zero no Brasil.
Bate-papo
Eliel de Souza » Presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia do RN
O que é necessário ao candidato para o curso de Medicina?
A opção pelo curso de Medicina deve ir muito além da dedicação, paciência e vocação. Poderia metaforicamente dizer que escolher medicina é decidir se casar pela primeira vez na vida com um cônjuge dominador – e sabendo disto. Que exige exclusividade sem ter que ser obrigatoriamente exclusivo, que consome suas energias na fase mais efervescente da vida – a juventude – mas que necessita do seu constante vigor físico, intelectual e psíquico para que não se entregue às provocações desalentadoras (que são inúmeras), mas sim, que faça delas a chama viva que nutre a inquietude daqueles que fazem medicina, não por conveniências pessoais ou de outrem e, sim, por tê-la escolhido como objetivo sublime na vida, mas “com os pés no chão” diante da realidade que se nos é apresentada.
O que é necessário pra ser um bom médico?
Diria que a formação médica não começa na faculdade e não é tão complicada assim. Para ser um bom médico precisa simplesmente ser gente que goste e entenda de gente. Se tivesse de eleger a maior virtude que o médico teria de possuir, escolheria a excelência na formação do seu bom caráter, o resto é conseqüência disto.
Quais especialidades de maior carência no mercado?
A mercantilização da assistência à saúde no mundo levou a Medicina a se fragmentar. Neste contexto, no Brasil as especialidades mais concorridas têm sido aquelas em que mais se dispõe de tecnologias modernas: radiologia, oftalmologia, anestesia, otorrinolaringologia, dermatologia com ênfase em cosmiatria, cirurgia geral e determinadas subespecialidades cirúrgicas. A constante desvalorização do trabalho médico, principalmente nas áreas clínicas, tem levado à carência de pediatras, pneumologistas, psiquiatras, endocrinologistas, reumatologistas, infectologistas, patologistas, clínico geral, entre outras.
Compensa a remuneração e condições de trabalho?
O mercado ainda é aberto a novos profissionais, porém, o que tem de mudar é como esses profissionais estão sendo formados, como são inseridos no mercado e a política de distribuição deles no território nacional. A concentração de médicos em grandes centros tenderá a escravizá-los cada vez mais aos planos de saúde que pagam mal e a cada dia tentam interferir nas condutas e decisões médicas, portanto, pondo em risco a sociedade pois não há profissional com dignidade e bom caráter que suporte isso.
