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Custo abre alas para microfranquias

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Andrielle Mendes – Repórter

Elas começaram de forma tímida e aos poucos ganharam espaço. Conquistaram a confiança e hoje somam 161 só no Rio Grande do Norte. O mercado de franquias movimentou R$ 87 milhões em 2012 só no RN. O valor representa 4,1% do movimentado por todas as franquias do Norte e Nordeste no último ano, segundo levantamento da Rizzo Franchise. E pode subir ainda mais.

As franquias ‘baratas’ – que exigem investimento de até R$ 50 mil – vem conquistando o seu lugar ao sol. Várias já foram abertas no estado. Home Angels, Ensina Mais, Dr. Jardim. Pequenos negócios que vem ganhando fôlego e já chamam a atenção de entidades como o Sebrae. O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no RN, segundo Eduardo Viana, gerente de Acesso a Mercado, fará do atendimento a possíveis franqueadores e franqueados uma de suas prioridades em 2013. A equipe de atendimento no RN será ampliada e um encontro de negócios para os se que interessam pelo assunto já tem data para ocorrer: maio deste ano.
Mychael Medeiros abriu uma microfranquia com o sócio, Carlos Gurgel, para cuidar de jardins e piscinas
Eduardo Viana estima que o número de franqueadores cresça até 200% este ano, só no estado. Ele prefere não arriscar um percentual para as franquias baratas, mas afirma: ‘o crescimento será pujante’. Quem opta por abrir uma micro-franquia, afirma Maiza Pessoa, analista técnica de Acesso a Mercado do Sebrae, corre menos riscos, já que segue regras pré-estabelecidas e modelos já testados.

Associado à segurança, afirma a analista, está o ‘baixo’ investimento necessário para se tornar um micro-franqueado. Em alguns casos, é possível abrir uma franquia barata com um investimento  de R$ 5,5 mil, como no caso da AcquaZero, que atua no segmento automotivo e desenvolveu uma técnica para lavar veículos a seco.

A rede, que hoje conta com 56 unidades franqueadas e três unidades próprias, quer estrear na Grande Natal ainda este ano. A AcquaZero, que já contou com micro-franquias em Caicó e Mossoró, vislumbra agora a região metropolitana. “A Grande Natal comporta no mínimo oito unidades”, calcula Marcos Mendes, franqueador e proprietário da rede. Ele participará do encontro de negócios, já de olho em novos franqueados.

O interesse por Natal é justificável. A cidade está entre as 30 melhores para se abrir uma franquia no país, independente do porte e do investimento necessário, segundo levantamento divulgado em maio de 2012 pela Rizzo Franchise e ainda não atualizado. A capital potiguar desbancou 74 cidades e ficou na frente de outras capitais nordestinas, como por exemplo, João Pessoa, São Luiz e Teresina. O Ceará não entrou para a lista.

O setor de serviços, afirma Maiza Pessoa, analista técnica de Acesso a Mercado do Sebrae, é o que oferece mais oportunidades. Quem optou por prestar serviços, e não por vender produtos, sabe bem do que Maiza está falando. O matemático aposentado Carlos Antônio Gurgel, 58 anos, e o biólogo Mychael Machado Medeiros, 29 anos, abriram uma micro-franquia da Dr. Jardim em dezembro, em Natal.

Em menos de quatro meses, eles multiplicaram por quatro o número de funcionários. O negócio é especializado em cuidar de jardins e piscinas e já fidelizou 20 clientes. A meta, segundo Gurgel, é fechar 2013 com ‘no mínimo, 60 clientes’. “A Dr. Jardim planeja crescer 200% no país. Nós queremos crescer também”, afirma Gurgel.

Apesar dos resultados positivos, Maiza Pessoa, do Sebrae, reconhece: “há riscos”.

Risco de fracasso existe e deve ser considerado

No Brasil, uma franquia é aberta a cada 15 minutos, segundo levantamento realizado pela Rizzo Franchise. Só em 2012 o país abriu 10.631 franquias de todos os portes. O que dá uma média de 886 inaugurações por mês e 30 inaugurações por dia. Quem olha os números, imagina que as chances de sucesso são altas, inclusive para as micro, ou ‘franquias baratas’. Marcus Rizzo, especialista em franquias e diretor da Rizzo Franchise, garante que não.

A taxa de ‘mortalidade’ de franquias é alta (8%), por mais que alguns insistam em não vê-la. Ela só não é maior que a taxa de mortalidade de negócios de varejo (75%) e de pequenos negócios (71%), que chega a ser quase nove vezes maior considerando os cinco primeiros anos de operação.

“Tenho medo desta chancela, deste carimbo que as ‘franquias baratas’ recebem. Acaba parecendo que micro-franquia é um negócio certo e ‘baratinho’. Mas não é bem assim. Micro-franquia, assim como qualquer negócio, tem risco”, alerta. Rizzo é duro com aqueles que acham que micro-franquias não quebram. “Micro-franquias abrem muito e fecham muito também. Em geral, elas crescem mais rapidamente, mas também quebram rapidamente”.     Para reduzir os riscos, ele orienta que os interessados em adquirir franquias baratas conheçam bem o franqueador, investiguem o histórico da rede  escolhida, e conversem com pelo menos quatro outros franqueados.  Saber que tipo de suporte será oferecido e se será obrigado a comprar os produtos fornecidos pela rede também conta. “Algumas micro-franquias são verdadeiras armadilhas. É preciso ficar atento”, afirma Rizzo.

Edson Ramuth, diretor de micro-franquias da Associação Brasileira de Franquias (ABF), orienta ainda que os candidatos a franqueados verifiquem ainda se a rede escolhida tem registro na ABF e se conquistou algum prêmio de excelência da associação.

Mercado cresce acima de 20%

Segundo a Associação Brasileira de Franquias (ABF), o mercado de microfranquias cresceu cerca de 25% entre 2011 e 2012, no país. O Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma de toda a riqueza produzida pelo país e um bom termômetro da economia brasileira, cresceu 1,2% no período. As franquias ‘baratas’, observa Liana Bittencourt, diretora geral do Grupo Bittencourt e especialista no setor, aproveitaram a boa aceitação, e hoje já representam 16% de todas as franquias abertas no país – também de acordo com dados da ABF. Não há dados locais, mas Eduardo Viana, gerente de Acesso a Mercado do Sebrae, acredita que os números do RN não são tão diferentes.

O segmento vem registrando crescimento no volume movimentado pelo menos nos últimos 15 anos. Dados da Rizzo Franchise revelam que o mercado de franquias – considerando negócios de todos os portes – movimentou R$ 304 bilhões só no ano passado. O valor foi 6,2% maior que o movimentado em 2011, mas 128,5% superior ao registrado em 1994, quando inicia a série histórica da Rizzo. O número de unidades também aumentou. Passou de 91.080 para 190.568, considerando as unidades administradas por franqueados e por franqueadores também.

Segundo estudo da Rizzo, que identificou os 100 melhores locais para se abrir uma franquia no país, os setores que mais cresceram em número de franquias em Natal foram os de educação e treinamento, livraria, infantil, automotivo, construção e mobiliário, alimentação, saúde e beleza,  vestuário e acessórios, além de hotelaria e turismo.

Mas para conseguir acompanhar este crescimento, é preciso capital. Os franqueados, explica Liana Bittencourt, precisam estar preparados para fazer novos aportes no negócio. “Não é só o investimento inicial”. Foi o que a enfermeira e empresária Virgínia Simonato Aguiar, 30 anos, descobriu. Ela adquiriu uma micro-franquia Ensina Mais, do grupo Prepara, que atua no setor de complemento escolar, e já investiu  R$ 80 mil no negócio. O investimento inicial foi de R$ 15 mil, mas Virgínia precisou alugar e reformar prédio, comprar equipamento, contratar pessoal.

A unidade Ensina Mais-Natal-Tirol tem menos de duas semanas e é a primeira da rede na capital potiguar. Doze matrículas já foram realizadas, mas a expectativa é fechar 2013 com “pelo menos, 150”. Virgínia está otimista e já faz novos planos. “Vou ampliar a unidade à medida que aumentarmos o número de alunos. Há espaço para expandir”, afirma.

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