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Delegacias amanhecem fechadas e sem policiais

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Algumas delegacias contavam apenas com um agente da Polícia Civil na porta. Outras apresentaram um delegado solitário. Foi esse o panorama visto nas delegacias distritais e nas especializadas  no segundo dia de greve da polícia civil.

As delegacias que apresentaram algum policial era só para informar sobre a paralisação dos serviçosOs flagrantes e os termos circunstanciados de ocorrência (TCO) podem ser feitos nas Delegacias de Plantão das Zonas Sul e Norte – e nas Regionais, no interior do Estado – e os boletins de ocorrência para perda de documentos podem ser registrados pela internet e nas delegacias cidadãs mas, mesmo assim, muita gente ainda reclamou da paralisação no atendimento ao procurar as DPs distritais. Como a professora Celi Vanda, que procurou a 9ª DP, no Panatis, para fazer o BO da perda de documentos do filho – a delegacia estava fechada com cadeado, já que não havia nem agente nem delegado no local. “Agora a gente não sabe para onde vai”, afirmou ela, que mora no Novo Amarante, em São Gonçalo do Amarante, na Grande Natal, e já tinha ido para a 9ª DP porque a delegacia da cidade dela estava fechada. “Falaram que aqui estava fazendo”, afirmou.

Vítima de roubo e espancamento, um servente de pedreiro que foi assaltado em São Gonçalo do Amarante e que não quis se identificar, temendo represália dos bandidos, também foi um que procurou a 9ª DP ao lado da mulher dele, mas não encontrou atendimento. “Vou até à Delegacia de Plantão para ver se lá podem me ajudar, fui assaltado e preciso saber se reencontro, pelo menos, meus documentos. Além disso, corro risco. Os que me assaltaram moram bem perto da minha casa. Preciso de uma ação rápida”, afirmou o servente.

Situação semelhante foi registrada pela equipe da TRIBUNA DO NORTE na 2ª DP, nas Rocas, a 14ª e a 8ª, de Felipe Camarão e de Cidade da Esperança, respectivamente, e na Delegacia da Mulher (DEAM da Zona Sul), que funciona no bairro da Ribeira. Nessas, apenas na DEAM havia um agente da Polícia Civil. “Estou aqui apenas para informar as pessoas sobre a greve e que não estamos trabalhando, mas está tudo parado aqui”, afirmou o agente Severino Bezerra.

Segundo ele, a procura por atendimento na manhã de ontem havia sido “considerável” e nem todos entenderam as razões da greve. “Alguns ficaram chateados, é claro. Marcaram uma audiência aqui há um mês e agora vão ter que remarcá-las para depois da greve”, afirmou o agente.

Vigilância Sanitária interdita CDP

Além de ter que ficar responsável por informar as pessoas que procuravam a 9ª Delegacia no Panatis da greve da Polícia Civil, os três policiais militares e o agente penitenciário que estavam na manhã de ontem no Centro de Detenção Provisório (CDP) Zona Norte 2, instalado no andar térreo do prédio da delegacia, se depararam com outro problema. No dia anterior, o CDP havia sido interditado pela Vigilância Sanitária Municipal devido a fossa que está estourada nos fundos do terreno.

“Sempre acontece isso aqui. A fossa está cheia e, ao invés de consertar isso, ficam apenas gastando dinheiro com uma imunizadora para esvaziar a fossa. Isso acontece há mais de ano”, afirmou um dos PMs que estava de plantão. A cada vez que a imunizadora é chamada, são R$ 400 gastos para resolver o problema. “Uma vez ela fez o trabalho e três dias depois já estava exatamente igual.

A interdição, no entanto, ainda não representa uma mudança real para o CDP, que conta neste momento com 32 detentos provisórios – eles estão divididos em apenas duas celas. “Parece que isso só impede que chegue mais presos”, afirmou o agente penitenciário de serviço.

A Secretaria Estadual de Trabalho e Justiça (Sejuc), segundo o secretário Leonardo Arruda, ainda não foi notificada da interdição, mas deve tomar as providências assim que receber a informação da Vigilância Sanitária. “Estou em Salvador junto ao capitão José Deques (coordenador do sistema penitenciário estadual) conhecendo estruturas pré-moldadas que agilizam a construção de presídios. Assim que recebemos essa notificação, tomaremos as providências”, afirmou o secretário.

Os agentes penitenciários e PMs aproveitaram a interdição do CDP Zona Norte 2 para reclamar de outros problemas pelos quais estão passando. Alimentação, pagamento de diárias e acomodação. Segundo eles, as “quentinhas” que os alimentam não estão chegando já há bastante tempo.

Sindicato

Em greve para pressionar o governo a retirar os presos de delegacias, os agentes da Policia Civil do Rio Grande do Norte ocuparam uma das galerias da Assembleia Legislativa, pedindo apoio dos deputados para  uma intermediação com a área de segurança pública do Estado.

Segundo Vilma Marinho, a greve por tempo indeterminado é a forma encontrada pelos agentes para pressionar o governo, de modo  que a Polícia volte a exercer a sua verdadeira função de polícia judiciária e de investigação de crimes. “Nós tivemos duas reuniões na terça  e sexta-feira da semana passada no Gabinete Civil, mas o  governo não demonstrou interesse em resolver nada”.

Além dessa questão, o Sinpol reivindica a abertura do curso de formação dos concursados da Policia Civil – são 320 agentes e 137 escrivães -, que realizaram provas em abril do ano passado, a contratação de serviço de limpeza terceirizado para delegacias. O vice-presidente do Sinpol, Djair de Oliveira Júnior disse que o deputado Fernando Mineiro (PT) conversou com a categoria e que “iria buscar uma maneira de fazer a intermediação com o governo”.

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