Com a posse, hoje, do engenheiro agrônomo Celso Lisboa de Lacerda, todo o setor agrário do governo Dilma passará a ser dominado pela corrente Democracia Socialista (DS). Nas disputas internas do PT a DS situa-se mais à esquerda do que a ala majoritária, a Construindo um Novo Brasil (CNB), à qual pertence o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
É a primeira vez no governo, desde a posse de Lula, que todo o sensível setor agrário será aparelhado por uma única corrente ideológica do PT. Nos oito anos do governo de Lula, o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) ficou com a DS, primeiro com o ex-deputado Miguel Rossetto, depois com Guilherme Cassel, os dois do Rio Grande do Sul. Mas o comando do Incra foi entregue a Rolf Hackbart, também gaúcho e do PT, só que ligado à Igreja Católica.
Lacerda, que assume hoje a presidência do Incra, foi superintendente da autarquia no Paraná, por indicação do deputado Professor Rosinha. Durante sua gestão, manteve uma relação de conflitos com o então governador Roberto Requião (PMDB). Os dois lados se acusavam de atrapalhar a reforma agrária do outro.
O atual ministro, Afonso Florence, que substituiu Guilherme Cassel, também é da DS. Ele foi eleito deputado federal pela Bahia e só foi escolhido pela presidente Dilma Rousseff depois que o senador Walter Pinheiro (PT-BA), também da mesma corrente, recusou o convite para assumir o MDA. Pinheiro justificou que gostaria de exercer o mandato de senador.
No xadrez montado pelo governo para o setor agrário e agrícola, o Ministério da Agricultura cuida do agronegócio e o MDA da agricultura familiar. Ao Incra, que é uma autarquia criada durante o governo militar e está submetida ao MDA, compete levar à frente a reforma agrária.