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Dependência de jogos na internet

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Paula Borba

Os jogos de internet tem invadido o mundo das pessoas de todas as faixas etárias. Os dispositivos portáteis como celulares, tabletes, notebooks tem facilitado a vida daqueles que gostam dos jogos em computadores, levando-os consigo a qualquer lugar.

Para aqueles que passam a usar o jogo como uma ferramenta essencial em sua vida fala-se do desenvolvimento de um transtorno psiquiátrico. O transtorno de jogo pela internet é uma rotina de jogo dentro de um padrão excessivo e prolongado que acarreta em um conjunto de alterações cognitivas e comportamentais na vida da pessoa. Paulatinamente o individuo demonstra perda de controle sobre o uso do jogo; comportamento de tolerância, ou seja, necessita cada vez mais de dedicar seu tempo à atividade de jogar, e até sintomas de abstinência como mudança do humor e ansiedade se não faz aquela atividade, semelhante aos sintomas apresentados por uma pessoa dependente de substancias psicoativas (álcool, cigarro e drogas ilícitas). 

Como ocorre com os transtornos relacionados ao uso de substancias, indivíduos com transtorno do jogo pela internet também permanecem a sentar diante de um computador e a se envolverem em atividades de jogo apesar da responsabilidade que teria nas outras atividades diárias. Essas pessoas podem chegar a destinar cerca de 8 a 10 horas ou mais do seu dia ao jogo na internet ou 30 horas por semana. Às vezes, esse tempo é justamente o tempo “livre” que ele teria em seu dia para realizar outras atividades. Uma coisa interessante quanto a característica de passar a ser um transtorno é que caso sejam impedidas de usar o computador ou outra tecnologia essas pessoas se tornam agitadas e revoltadas.

Vários são os prejuízos funcionais observados. Obrigações normais, como escola ou trabalho, ou obrigações familiares começam a ser negligenciadas. Queda do desempenho escolar demonstrado pelo declínio nas notas. É frequente passarem longos períodos sem se alimentar ou dormir. Recusa para as atividades sociais, abdicando das relações interpessoais, isolando o individuo, restringindo-se em seu ambiente de casa. E mesmo em casa, sem interagir com os familiares, restringindo-se por vezes ao seu quarto ou escritório. Passam noites sem dormir devido aos jogos em grupo que gera uma competição acirrada e envolvente entre os jogadores de todo o globo em diversos fusos horários. As tentativas de orientar o indivíduo para as atividades ocupacionais ou laborais sofrem forte resistência. O interessante é que por vezes quando se pergunta os motivos que levam a manter tal comportamento, alguns respondem que é para aliviar o tédio, passar o tempo, em vez de ser algo mais produtivo como a busca de informações ou novos conhecimentos. Vale lembrar que essa categoria de transtorno pelo jogo na internet não inclui ainda a dependência da internet para as mídias sociais, facebook etc.

O transtorno do jogo pela internet pode ser classificado em leve, moderado ou grave, dependendo do grau de perturbação das atividades normais. Tentando se entender o que levaria a essa dependência, ainda não há muita clareza. Não há evidencias significativas se há uma personalidade que seja mais vulnerável ao transtorno ou comorbidades com outras doenças como depressão, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, transtorno obsessivo-compulsivo, entre outros. Quanto a prevalência deste transtorno também ainda há muitas discrepâncias quando se comparam diversos países. Indivíduos do sexo masculino entre 12 e 20 anos parecem ter uma prevalência maior ao transtorno.

Apesar das duvidas quanto aos fatores de risco genéticos e fisiopatológicos que podem levar ao desenvolvimento do transtorno, uma coisa é certa, o ambiente se apresenta como um fator de risco importante. Se há uma grande disponibilidade ao uso dos computadores, as chances de desenvolver a dependência se tornarão maiores. Esse é um ponto concreto e palpável para a interferência dos educadores e pais. Limitar o uso dos computadores, orientar o uso correto proporciona que o indivíduo disponha de mais tempo para outras atividades. Isso fará com que ele volte a ter prazer em se envolver em atividades do mundo “real”, socializando-se, não negligenciando suas obrigações e assim diminuindo o comportamento compulsivo.

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