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Desabastecimento chega ao limite

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Itaércio Porpino
repórter

“Façam o que for possível, salvem as vidas daqueles que puderem, usem daquilo que vocês tiverem e notifiquem nos prontuários, que eu vou tentar o possível para, pelo menos, a população saber o que está se vivenciando aí”.
Farmácia geral está desabastecida desde início da semana
Foi dessa maneira dramática, como se estivesse num hospital de guerra, que o chefe da Cirurgia Geral do Hospital Walfredo Gurgel, Ariano Oliveira, orientou a equipe médica que lhe telefonou perguntando o que fazer diante da falta de fio de nylon para fechar o abdome de um paciente.  

O episódio, que aconteceu na noite de ontem, foi a “gota d’água” para o cirurgião geral, que resolveu escancarar a grave situação pela qual a rede de saúde pública do Estado e, principalmente o HWG, vem passando devido ao desabastecimento de medicamentos e insumos.

Segundo ele contou à TRIBUNA DO NORTE, o profissional responsável pelo  procedimento teve que fazer a sutura com um fio de menor calibre, o que pode agravar a doença do paciente e colocar a sua vida em risco. “Os pontos podem se romper”, disse o chefe da Cirurgia Geral do HWG, acrescentando que essa não é a primeira vez que isso acontece.

“Essa coisa vem se tornando mais opressiva nas últimas duas semanas. Tem faltado anestésico, tubo de entubação, antibióticos e itens básicos, como fio para sutura e gaze. O doente ter o quadro agravado porque sua situação é delicada, é uma coisa, mas isso acontecer por conta da falta de insumos básicos é algo inaceitável”, declarou, indignado.

O médico contou ainda que os pacientes estão sendo entubados ou com tubos muito finos ou com tubos grossos demais, por falta de um adequado, o que aumenta muito o risco de lesão traqueal ou a ineficácia do tratamento. Também há doentes tomando antibióticos aquém do que necessitam, o que consequentemente aumenta o risco de virem a ter uma infecção grave e até morrer. O mesmo está ocorrendo em relação aos anestésicos que estão em falta.

#SAIBAMAIS#“Pacientes vêm sendo submetidos a cirurgias após serem anestesiados com anestésicos inadequados à sua necessidade. Isso é inadmissível”, completou  Ariano Oliveira, relatando que  toda a situação tem gerado uma angústia muito grande tanto nos profissionais do hospital como nos gestores da Saúde.

“Constantemente vemos acompanhantes chorando porque não têm mais como comprar na farmácia os insumos para seu familiar doente. Médicos e enfermeiros também têm ajudado como podem, comprando, com o próprio dinheiro, materiais e medicamentos, como é o caso de colírio anestésico, para poder fazer sutura no olho, por exemplo”, contou

O médico falou que a situação é de conhecimento de todos no Walfredo e na Sesap, e que é perceptível a angústia dos gestores da rede hospitalar e dentro do hospital.

O sentimento é também de impotência. “Hoje à noite (ontem), fiquei impotente quando o colega ligou. Sou responsável por ele e não tinha nem o que dizer. Só posso pedir que façam o possível,  que salvem as vidas que puderem e que usem o que tiver. Da minha parte, vou fazer de tudo para mostrar o que está acontecendo. Isso  precisa ficar minimamente claro aos olhos da sociedade, porque a gestão já sabe, a Sesap já foi ao MP recorrer a uma condição mais adequada, mas a sociedade não tem noção do qur acontece no Walfredo. Nós estamos numa situação que se compara a uma guerra, algo que foge a qualquer princípio de moralidade”.

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