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Dia Nacional do Samba

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João da mata Costa

No dia 02 de Dezembro é comemorado o Dia do Samba. Em 11 de Dezembro de 2015 comemora-se 105 anos de nascimento de Noel Rosa, um dos nossos maiores sambistas. O brasileiro, sempre muito criativo no seu jeito de ir batucando a vida, tem sido muito pródigo na criação de novos ritmos e instrumentos para expressar a sua bossa, ginga e musicalidade.Mário Reis, cantando as canções de Sinhô – “O Rei do Samba” -, no final da década de 1920, inaugurou um novo jeito de cantar o samba, sem as impostações e malabarismos dos cantores da época, que revolucionaria a interpretação brasileira. Seu modo de cantar elegante e com uma voz cheia de nuances, inflexões e muita bossa, antecipou em 30 anos os padrões musicas da bossa nova. Noel Rosa, um dos mais importantes compositores da música popular brasileira, mostrou com muita graça, ironia e bossa que é possível cantar sem muita voz quando o samba “nasce do coração”. Em coisas nossas o “Poeta da Vila” já mostrava que a bossa é muito nossa: “O samba a prontidão e outras bossas / são nossas coisas… são coisas nossas…”
Na gravação de “gago apaixonado”, em 1931, Noel teve o acompanhamentooriginalíssimo de Luiz Barbosa, batendo um lápis nos dentes:
“Mu… mu … mulher em mim fi… fizeste um estrago
Eu de nervoso esto… tou fi… ficando gago”
Esse mesmo Luiz Barbosa que acompanhou Noel na gravação de “gago apaixonado”, foi um dos introdutores do “breque” no samba e criador de um dos instrumentos de percussão mais singulares da MPB, o chapéu de palha Com muita bossa e balanço, Luiz Barbosa, mostrou uma nova forma de interpretar o samba que faria escola. Uma de suas grande interpretações, foi o samba Risoleta, de Raul Marques e Moacyr Bernardino.

“Eu vou mandar prender
essa nega Risoleta
que me fez uma falseta
e me desacatou
porque não lhe dei o meu amor
( isso é conversa pra doutor) ”

Este samba também fez muito sucesso nas vozes de outros cantores de bossa e da malandragem: Jorge Fernandes e Moreira da Silva. Luiz Barbosa faleceu em 1938, com apenas 28 anos de idade, mas a sua invenção não ficou esquecida. Outro grande intérprete do samba carioca, cheio de picardia e muito molejo, chamado Dilermando Pinheiro, adotou o chapéu de palha como instrumento de percussão para acompanhar com muita bossa as suas interpretações. Comprou um “chapéu de palhinha”, que chamou de “stradivarius”, e saiu cantando por mais de 20 anos. Junto com Ciro Monteiro, formaria uma das duplas mais famosas de sambistas do Brasil: “A dupla onze”, assim chamada devido a magreza de ambos. Depois Ciro engordou, e a dupla passou a se chamar “Dupla 10”. Para finalizar essa pequena mostra da bossa brasileira, um destaque para uma das figuras mais bondosas e queridas da Música Popular Brasileira, Ciro Monteiro. Ele não usou o chapéu de palha de Luiz Barbosa e Dilermando, mas de acompanhava de uma inseparável “caixa de fósforos”. O  seu primeiro grande sucesso, lançado em 1938, se tornaria um dos grande clássicos da MPB, “se acaso você chegasse”, música dos compositores Lupiscínio Rodrigues e Felisberto Martins. A sua forma alegre de cantar, descontraída e com muito ritmo, influenciou muitos outros cantores. Na opinião de Vinícius de Moraes, ele foi o maior cantor brasileiro de todos os tempos e, junto com João Gilberto, foram não somente os descobridores máximos de divisões e síncopes inéditas na música popular carioca, mas os artífices pacientes e laboriosos de um modo de cantar o samba que dá a impressão a quem os ouve, de que qualquer pessoa pode cantar. “Eles trabalharam o ponto mais próximo da perfeição, que é aquele onde mora a simplicidade”. O octogenário Miltinho é um verdadeiro herdeiro desse jeito de cantar e bossar. No seu mais recente disco, pode-se comprovar a beleza das síncopes e divisões eternizadas pela bossa nova, e que teve em Mario Reis e no próprio Miltinho os seus precursores.

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