O número de demissões no campo, principalmente nos canaviais – reflexo também da mecanização – já preocupa o Rio Grande do Norte. Só entre janeiro e julho deste ano, 750 trabalhadores da usina São Francisco, em Ceará Mirim, foram dispensados, de acordo com o Sindicato dos Trabalhadores em Indústrias no RN.
O Ministério Público do Trabalho reuniu ontem representantes do Ministério do Trabalho e Emprego, das secretarias de trabalho, das classes produtivas, dos Municípios, e dos sindicatos para discutir a situação. Durante a reunião ficou decidido que o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) fará um mapeamento do setor, mostrando quem são os trabalhadores demitidos, onde estão, e em que setor querem trabalhar. O diagnóstico será apresentado numa nova reunião, em novembro, e servirá para elaboração de cursos profissionais voltados para este público.
O Ministério do Trabalho e Emprego, que tem um plano nacional de qualificação setorial e territorial, ainda não tem nenhum projeto voltado para trabalhadores canavieiros, segundo Mariângela Rodrigues Coelho, representante da Secretaria de Políticas Públicas do Ministério do Trabalho e Emprego e coordenadora geral de Certificação Profissional. A Construção Civil é um dos setores que pode absorver esta mão de obra. “Precisamos só ter acesso a este banco de dados”, afirmou Arnaldo Gaspar Júnior, do Sinduscon.
Os sindicatos querem que outros setores absorvam os trabalhadores dispensados, não só na cidade, mas no campo. Para a procuradora regional do Trabalho do RN, Lleana Neiva, encaminhar os trabalhadores para a construção civil já é o primeiro passo.