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Dilma defende alianças para governar

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Brasília (AE) – No primeiro encontro com o Diretório Nacional do PT após o resultado das urnas, a presidenta eleita, Dilma Rousseff, se emocionou, chegando a chorar, e pediu “compreensão”, “tolerância” e “maturidade” dos petistas para governar. No momento em que os partidos aliados travam uma disputa por ministérios, Dilma pregou a unidade do PT e defendeu as alianças e coligações políticas para governar.

Dilma Rousseff discursa para conquistar a militância do Partido dos Trabalhadores“A partir do momento que nós ganhamos, nós também temos que compreender esse processo com maturidade. A compreensão é que nós temos que governar para aqueles nos apoiaram e para aqueles que não nos apoiaram”, disse a presidenta eleita. Ao pedir compreensão aos petistas para governar, Dilma destacou a capacidade do PT de entender que, mesmo com posicionamentos políticos diferenciados, é importante a relação com os demais partidos que integram “a coligação que vai governar o País”.

“Aprendemos a conviver com as diferenças. E sabemos que é possível, apesar das diferenças, criar um consenso em prol do Brasil’, afirmou Dilma. “Nós somos pessoas muito mais experientes na complexa relação entre partido, governo e movimento social”, observou. “O fato de termos responsabilidades diferentes e características diferentes não significa que nós não tenhamos o mesmo grande projeto de transformação do País.”

A divisão de espaços no futuro governo e a formação de um blocão no Congresso, integrado por cinco partidos (PMDB, PP, PR, PTB e PSC), dominaram os bastidores da reunião de ontem do Diretório Nacional do PT. “O PT e o PMDB estão condenados a se entender e a governar juntos com os partidos que apoiam Dilma”, disse o ex-ministro José Dirceu, que foi uma das estrelas do encontro. Dilma foi escoltada por “figurões” do partido, como o governador reeleito Jaques Wagner (BA), chamados a reforçar os canais de comunicação da presidenta eleita com o PT.

Na reunião, o PT deixou claro seu apetite por cargos. No governo Lula, o partido ocupa 17 dos 37 ministérios. Ficou acertada a criação de uma comissão com integrantes da Executiva do partido para apresentar sugestões de nomes e áreas que o PT quer abocanhar no futuro governo. Na mira dos petistas estão os ministérios das Cidades, Saúde, Comunicações e Integração Nacional. Essas pastas hoje estão nas mãos de peemedebistas e do PP.

“Foi uma reunião de deputados, senadores e dirigentes do partido que acharam que deveríamos pleitear áreas que o PT não ocupa hoje”, resumiu o presidente nacional do partido, José Eduardo Dutra. “Vamos apresentar uma lista com os nomes e áreas que queremos e caberá ao Dutra levar essa lista para a presidente eleita”, contou o líder do PT na Câmara, Fernando Ferro (PE). A lista vai englobar não apenas ministérios mas também empresas estatais e cargos de segundo escalão.

Dilma faz discurso emocionado

Brasília (AE) – Cristã nova no PT, com apenas dez anos de filiação, Dilma Rousseff tentou se aproximar da imagem de seu padrinho político quando fez o primeiro pronunciamento ao Diretório Nacional petista como herdeira do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Assim como Lula, ela se emocionou. “Eu estou chorona”, admitiu a dama de ferro. Depois, a exemplo do criador de sua candidatura, contou uma história: lembrou que os três coordenadores da campanha – José Eduardo Dutra, José Eduardo Martins Cardozo e Antonio Palocci – foram batizados de “Os três porquinhos”.

Ao observar que Palocci – cotado para ocupar a Secretaria-Geral da Presidência – não estava na abertura da reunião de ontem do Diretório Nacional, Dilma apelou para o bom humor. “Não temos aqui o último membro de ‘Os três porquinhos’, o companheiro Palocci. E eu quero avisar para vocês que não fui eu que dei esse apelido”, disse a presidenta eleita, provocando gargalhadas na plateia.

Conhecida por distribuir codinomes aos mais próximos, Dilma confessou ter adotado o apelido – publicado nos jornais como crítica – por achar mais “simples”. “Os três porquinhos foram muito bem sucedidos na coordenação da minha campanha. Eu encontrei neles companheiros de todas as horas”, elogiou.

Dilma abriu o discurso recorrendo ao indefectível “companheiros e companheiras”, antiga saudação usada por Lula, e caprichou na retórica intimista. “Ela ganhou a militância do PT e apoio por quatro anos”, resumiu o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, que comandou o partido por oito anos.

À frente de um painel com a estrela do PT e o logotipo da campanha – uma circunferência com a bandeira do Brasil —, Dilma disse que a disputa com o candidato do PSDB, José Serra, foi “muito dura” e resvalou para o preconceito e intolerância. “Não houve confronto nas questões que achamos que cabia confrontar”, afirmou a presidenta eleita.

Após discurso de 20 minutos, Dilma adotou outro expediente usado por Lula: a sessão de fotos e autógrafos. Sorridente, permaneceu quase meia hora posando ao lado de militantes. Alguém reparou que, ao contrário de “Os três porquinhos”, ela perdeu peso. “Emagreci e vou emagrecer ainda mais”, garantiu.

A repórteres que cobriram sua campanha nos dois turnos, Dilma disse que sua fase “chorona” não tem data para terminar e pode se prolongar até a posse.

Presidenta eleita destaca herança bendita

Diante de uma plateia de cerca de 200 petistas e quatro governadores do partido, Dilma voltou a lembrar ontem que vai assumir a Presidência em posição vantajosa graças à “herança bendita” que será deixada pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ela observou que parte dessa herança ocorreu graças à aliança em torno do governo de seu antecessor. Na opinião da presidenta eleita, o PT é hoje o partido é mais experiente na ação de governo e também na atividade política. “Ter características diferentes não significa que não tenhamos um mesmo projeto de transformação de nosso País”.

No discurso de cerca de 20 minutos, a presidenta eleita ressaltou ainda que o PT mostrou, durante o governo Lula, capacidade de “conviver com o diferente” e construir consenso político. “É importante enfatizar a maturidade do Partido dos Trabalhadores em sua relação com os demais partidos da coligação que vai governar o Brasil a partir de 1º de janeiro.” Ela lembrou que a campanha eleitoral teve muito “confronto” e foi “eivada” de questões que tinham por objetivo “criar preconceito, criar intolerância”.Dilma ressaltou, também em sua fala, seu compromisso com a erradicação da miséria e criticou países avançados que ostentam níveis de desenvolvimento econômico e toleram desigualdades.

Henrique Meirelles é convocado por Dilma

Frankfurt (AE) – A indefinição sobre quem conduzirá o Banco Central (BC) do Brasil sob o governo de Dilma Rousseff deve continuar pelo menos até a próxima semana. Ontem, em Frankfurt, na Alemanha, o atual ocupante do cargo, Henrique Meirelles, informou ter sido convidado pela presidenta eleita para uma reunião que definirá o futuro do BC e o seu próprio destino. De quebra, garantiu que a chefe de Estado é a favor da autonomia da instituição.

O convite foi feito por telefone, na noite de quinta-feira, por um assessor direto de Dilma, cujo nome não revelou. “A equipe de transição me transmitiu o convite da presidenta para termos uma conversa na semana que vem sobre o Banco Central no próximo governo”, anunciou, falando a jornalistas brasileiros e estrangeiros, durante um evento promovido pelo presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet. Participavam ainda Ben Bernanke, presidente do Federal Reserve (FED), a autoridade monetária americana, e o diretor-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn.

Queixando-se das especulações sobre a sucessão no BC, Meirelles afirmou que trazia a informação a público para evitar insegurança nos mercados financeiros. Sem entrar em detalhes sobre o teor do diálogo telefônico, confirmou o contato e se negou a fazer qualquer projeção sobre que cargo ocupará no novo governo, estimulando o suspense sobre sua permanência ou não no BC a partir de 2011. “Eu não tenho expectativa. Estou muito feliz de estar concluindo o governo com o presidente Lula, um trabalho que deu certo, que me gratifica muito”, argumentou. “Tudo aquilo que nós nos propusemos a fazer oito anos atrás está demonstrando ter sido bem-sucedido neste momento.”

Questionado sobre se aceitará o cargo caso seja convidado a permanecer, Meirelles tergiversou: “Isso será objeto de conversa”. A seguir, completou garantindo que não levará condições para a reunião com Dilma.

Meirelles ainda fez questão de afirmar que não vê ameaças à independência do BC na próxima gestão. Ele disse não ter ouvido diretamente da futura presidenta sobre a suposta meta de reduzir a 2% a taxa de juros real em 2014. “A presidente eleita tem declarado repetidas vezes que é totalmente favorável à autonomia do Banco Central. É um sistema de trabalho que deu certo e acreditamos que vai continuar normalmente”, reiterou.

Legislativo

Indagado sobre se continua a favor da aprovação de um projeto de lei em trâmite no Congresso Nacional visando a garantir a autonomia do BC – que hoje é de fato, mas não de Direito -, Meirelles ficou mais uma vez em cima do muro. “Tenho declarado repetidas vezes que essa questão da autonomia legal é uma prerrogativa do Congresso Nacional e do presidente. Não cabe ao Banco Central comentar.”

Nem mesmo sobre a confirmação de que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, será reconduzido ao cargo no governo de Dilma tiraram a autoridade monetária da neutralidade. “Não posso comentar notícias não confirmadas”, argumentou, sem proferir nenhum elogio ou crítica à escolha. “É um período fértil para especulações. Vamos aguardar as decisões da presidente.”

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