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Dilma é diplomada pela Justiça Eleitoral

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Brasília (AE) – Exibindo uma sobriedade e um estilo que já a diferenciam do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a presidente eleita, Dilma Rousseff, foi diplomada ontem pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com a promessa de defender a liberdade de imprensa e de culto. Dilma reafirmou, ainda, o compromisso com a estabilidade econômica. Na mesma cerimônia, o vice Michel Temer também foi diplomado.

Michel Temer e Dilma Rousseff recebem os diplomas das mãos do presidente do TSE, Ricardo  LewandowskiNum discurso curto, de seis minutos e meio, Dilma destacou algumas das prioridades de sua futura gestão, como a educação, a segurança das comunidades e a saúde de todos os brasileiros. Ao lembrar que é a primeira mulher eleita presidenta da República, disse que vai se empenhar em honrar seus compromissos, cuidar dos mais frágeis e governar para todos.

Dilma exortou o povo brasileiro a trabalhar a seu lado. “Conto com todos e todas e todos e todas podem contar comigo”, insistiu Por um momento, pareceu que ia chorar e fez uma pausa. Mas segurou as lágrimas. Emocionada, afirmou que sua eleição “rompe os preconceitos, desafia os limites e enche de esperança um povo sofrido.”

Com um vestido e blazer azul royal – enfeitado com renda em tom de vinho -, Dilma recebeu o diploma das mãos do presidente do TSE, ministro Ricardo Lewandowski. “O TSE declara que ambos (Dilma e Temer) encontram-se legalmente aptos a tomar posse perante o Congresso Nacional, respectivamente, nos cargos de presidente e vice-presidente da República, com todos os direitos e deveres a eles inerentes”, afirmou Lewandowski.

Para a cerimônia, a presidenta eleita convidou a mãe, Dilma Jane, e a filha, Paula. Também foram chamados os ministros já escolhidos, os presidentes do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e da Câmara, Marco Maia (PT-RS), além dos três coordenadores de sua campanha, apelidados de “três porquinhos”: Antonio Palocci, futuro ministro da Casa Civil, José Eduardo Cardozo, que assumirá a Justiça, e o presidente do PT, José Eduardo Dutra. Dilma também levou para a cerimônia a jornalista Maria Olga Curado, responsável pelos exercícios de aikidô que garantiram tranquilidade à candidata, durante a campanha.

A futura presidente não se esqueceu de Lula, que bancou a candidatura dela, conseguiu fazer transformar em votos a sua popularidade e a elegeu. Disse que tem consciência de que será muito difícil suceder o presidente que, na sua avaliação, chegou à Presidência pela ousadia do povo brasileiro.

Para Dilma, esse mesmo povo-eleitor ousou mais uma vez e elegeu pela primeira vez uma mulher para a Presidência da República. “Foi esse sentimento que fez o povo eleger uma mulher”, disse. Para ela, esse fato representa a crescente maturidade da democracia brasileira. “Rompe com preconceitos, desafia limites e enche de esperança um povo sofrido”. Ela afirmou ainda que vai governar para todos. Mencionou, particularmente, as mulheres brasileiras, prometendo respeitá-las, bem como ao povo. “Sei que há muitas expectativas em relação ao nosso governo que se inicia”, disse ela.

A presidenta eleita disse que qualquer estratégia política e econômica só será efetiva caso se “reflita diretamente na vida de cada trabalhador, de cada empresário, de cada família”. O diploma presidencial recebido por Dilma foi feito pela Casa da Moeda do Brasil. Diz: “Pela vontade do povo brasileiro, expressa nas urnas em 31 de outubro de 2010, a candidata pela Coligação “Para o Brasil Seguir Mudando”, Dilma Vana Rousseff, foi eleita presidente da República do Brasil.

Presidenta eleita comemora no Itamaraty

Brasília (AE) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou acompanhado da presidente eleita Dilma Roussef e do seu vice, Michel Temer, ao coquetel no Itamaraty em comemoração à diplomação dos dois eleitos, ontem à noite. Ao subir a escadaria para o salão Brasília, onde acontecerá o evento, o presidente não quis falar, afirmando ser o dia de Dilma. Apenas posou para fotos. Ao seu lado, a primeira-dama Marisa Letícia brincou: “Quando ele está comigo não fala”. Já a presidente eleita, perguntada se a escolha de ministros estava perto final, disse que estava “quase”.

Foram distribuídos 400 convites para o coquetel, somando cerca de 800 pessoas. Entre os convidados, ministros, futuros ministros e ex-ministros, parlamentares, empresários e políticos ligados ao PT e partidos aliados, diplomatas. Estavam na lista de Dilma o atual presidente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Paulo Okamoto, que será responsável pelo Instituto de Lula; o prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda, ministros já confirmados no cargo, como Nelson Jobim, da Defesa; José Eduardo Cardozo, da Justiça; e Izabella Teixeira, do Meio Ambiente. E também outros que gostariam de ficar, como Juca Ferreira, da Cultura.

No cardápio da comemoração da diplomação de Dilma e Temer, apenas pratos brasileiros. Serão servidos canapés e pequenas porções de pratos como casquinha de siri, lula e picadinho de carne. Vinhos e espumante nacional completam o cardápio.

Em São Paulo, Tiririca é aplaudido e Maluf vaiado

Os deputados federais eleitos Francisco Everardo Oliveira (PR-SP), o Tiririca, e Paulo Maluf (PP) provocaram manifestações da plateia que esteve presente na cerimônia de diplomação dos eleitos em outubro. Tiririca foi aplaudido pelas pessoas que estavam nas galerias ao receber seu diploma na manhã desta sexta-feira (17), na Assembleia Legislativa de São Paulo. Já Maluf, teve de ouvir vaias, mas também recebeu palavras de apoio. Ao todo, foram diplomados 94 deputados estaduais, 70 federais, dois senadores e seus suplentes, o governador e o vice.

Tiririca foi o primeiro dos deputados federais a ser chamado para pegar o diploma. Ao chegar à Assembleia, Tiririca, que obteve 1,3 milhão de votos e é o deputado mais bem votado do país, afirmou que estava nervoso e feliz com a diplomação. “É o primeiro diploma de muitos que vêm aí”, disse. Tiririca afirmou que está estudando a Constituição e que deve focar seus projetos nas áreas de educação e cultura, na defesa de artistas circenses em geral e ciganos.O último a ser diplomado nesta sexta-feira foi o governador eleito, Geraldo Alckmin.

Ao receber o diploma, Maluf, que teve o registro de candidatura liberado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nesta quinta, mesmo vaiado por algumas pessoas, não se abalou. Sorriu, distribuiu cumprimentos, inclusive a Geraldo Alckmin e à senadora Marta Suplicy (PT), e voltou ao seu lugar. Maluf foi condenado em abril deste ano por improbidade administrativa. Na chegada, ele contou aos jornalistas que se sentiu “glorificado” pelas decisões da Justiça que permitiram a ele ser diplomado. “Me sinto glorificado porque sempre disse que era inocente.”

Na saída, Alckmin evitou falar sobre a exoneração do secretário estadual de Educação, Paulo Renato Souza, que pediu demissão na quinta-feira (16). Sobre a diplomação, disse que “é uma honra trabalhar pela população de São Paulo”. Prometeu trabalhar com “honestidade e competência”, dando “continuidade ao bom trabalho que o (ex-governador José) Serra e o (atual governador Alberto) Goldman fazem em São Paulo”.  A senadora Marta Suplicy (PT), ao deixar o prédio do legislativo paulista, comentou sobre sua expectativa de começar o mandato no Senado: “é ir com muita garra, alegria e esforço para ajudar nossa presidenta (Dilma Rousseff) a fazer um bom governo”.

Aécio promete oposição firme, mas qualificada

Belo Horizonte (AE) – O senador eleito Aécio Neves (PSDB-MG) reiterou ontem a promessa de uma oposição “firme”, mas “qualificada” ao governo Dilma Rousseff no Congresso Nacional. Porém, ao chegar para a cerimônia de diplomação, o ex-governador mineiro não deixou de alfinetar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a presidente eleita e o PT-MG ao criticar o processo que levou a Fiat a decidir por instalar uma nova fábrica em Pernambuco.

A montadora receberá incentivos fiscais para a instalação e o governo mineiro alega que não foi informado sobre a negociação, que envolveu o presidente e o governador pernambucano, Eduardo Campos (PSB). O anúncio gerou, durante a semana, manifestações de revolta entre os deputados governistas na Assembleia Legislativa de Minas.

Aécio ironizou, afirmando que tinha dúvidas se a notícia de uma nova unidade da montadora – que inaugurou sua produção no Brasil em Betim (MG), na primeira metade da década de 1970 – em Jaboatão dos Guararapes (PE) era o último “presente” do presidente Lula para Minas ou o primeiro da presidente eleita. “Eu lamento a decisão, mas o que me parece mais surpreendente de todo esse processo é o silêncio da bancada do PT de Minas, o silêncio daqueles que estão próximo da atual presidente (eleita) da República”, disse.

“Todos sabemos que é preciso que haja uma descentralização do parque automotivo, enfim do desenvolvimento social do País. Mas a forma como foi feito, uma negociação sob a qual nós fomos comunicados ao final, me preocupa. Eu não sei se foi o último presente do presidente Lula a Minas ou se foi o primeiro presente da presidente Dilma.”

O governador reeleito Antonio Anastasia (PSDB) classificou a decisão da montadora como uma decorrência da “guerra fiscal”. “Acredito que, de fato, nesse caso, foi uma norma excepcional criada pelo governo federal para beneficiar o estado de Pernambuco. Eu não posso criticar os outros estados, naturalmente, mas vamos continuar trabalhando para termos mais empresas em Minas Gerais e continuaremos combatendo a guerra fiscal.”

Oposição – Aécio reforçou o discurso pragmático, ressaltando que pretende no Senado defender o diálogo com o governo em torno de uma agenda de reformas estruturantes. Ele recusou de antemão o rótulo de liderança natural da oposição no Congresso e reafirmou que não postula nenhum cargo na direção do PSDB.

Questionado se sua postura não poderia enfrentar resistência na própria oposição, o mineiro citou a reforma tributária e disse que será apenas coerente com bandeiras que sempre defendeu. “Não é porque nós perdemos a eleição, que nós vamos deixar de defendê-la. Eu defendi a reforma política quando era governista, quando era presidente da Câmara. Será que porque estou na oposição eu devo negá-la agora?”, questionou. “Triste é a oposição que não tenha a coragem de sentar-se à mesa com o governo para discutir questões de interesse do País.”

Aécio, contudo, criticou o que considera uma relação de subserviência do Parlamento em relação ao Executivo, destacando que o Congresso tem de construir sua própria agenda.

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