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Dilma teme agravamento da crise

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Brasília (AE) – O governo avalia que a prisão do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu acirra ainda mais os ânimos contra o PT e a presidente Dilma Roussef e aumenta o clima de beligerância no País num momento crucial, em que ela precisa de apoio para enfrentar a pressão dos que querem o impeachment. Auxiliares de Dilma temem, ainda, que a investigação atinja o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mesmo sem provas concretas.
Em nota divulgada ontem, Ruy Falcão refuta acusações sobre operações financeiras ilegais do PT
O assunto foi tratado ontem em conversas reservadas entre ministros, pouco antes da reunião de coordenação política. A ordem no Palácio do Planalto é proteger Dilma do novo escândalo, que tem potencial para jogar combustível na crise e dar munição aos protestos marcados para o próximo dia 16, em todo o País, contra o governo e a corrupção.

A prisão de Dirceu na 17ª fase da Operação Lava Jato, batizada de Pixuleco, também provocou preocupação na cúpula do PT. Dirigentes da corrente majoritária Construindo um Novo Brasil, grupo de Lula e Dirceu, discutiram os desdobramentos da crise ontem, em Brasília, e hoje haverá reunião da Executiva Nacional. Petistas receberam informações de que um integrante da Polícia Federal estaria dizendo aos presos: “Se você entregar o Lula, sairá rapidinho.”

Em nota, o presidente do PT, Rui Falcão, refutou as acusações de que o partido teria realizado operações financeiras ilegais ou participado do esquema de corrupção na Petrobras, conforme relato do lobista Milton Pascowitch na delação premiada à Polícia Federal e ao Ministério Público. “Todas as doações feitas ao PT ocorreram estritamente dentro da legalidade, por intermédio de transferências bancárias, e foram posteriormente declaradas à Justiça Eleitoral”, escreveu Falcão.

Pascowitch acusou Dirceu de comandar o desvio de recursos na estatal e disse ter entregue pelo menos R$ 10,5 milhões em dinheiro vivo na sede do PT, em São Paulo.

A investigação da Polícia Federal joga novamente os holofotes sobre o PT, dez anos depois do escândalo do mensalão. Agora, o receio do Planalto e do partido é de que novas delações premiadas compliquem ainda mais o cenário político. Dirceu foi homem forte do PT e do governo Lula e ainda tem influência sobre a legenda. “A Polícia Federal e o juiz Sérgio Moro não deixam a gente entrar na agenda positiva”, disse um ministro ao Estado, sob a condição de anonimato. “Agosto não foge à fama de mês do desgosto e do cachorro louco.”

Na semana passada, o governo achava que o reinício dos trabalhos do Congresso seria difícil, principalmente por causa do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), que rompeu com Dilma e tem o nome envolvido na Lava Jato. Assessores da presidente acreditavam, porém, que a denúncia contra Cunha – acusado pelo lobista Júlio Camargo de cobrar propina de US$ 5  milhões – poderia desviar o foco da pressão sobre Dilma. Agora, no entanto, o diagnóstico é de que tudo vai piorar.

Amigos de Dirceu disseram que ele já esperava a prisão e, por isso, está “tranquilo”. Apesar de magoado com Dilma e mesmo com Lula, sob o argumento de que eles nunca o defenderam, o ex-ministro da Casa Civil não pretende apontar o dedo para ninguém enquanto estiver preso. “Não existe chance disso”, garantiu um de seus melhores amigos. “Ele está disposto a enfrentar tudo, como sempre fez. A oscilação emocional não é uma característica de José Dirceu.”

O ministro da Defesa, Jaques Wagner, afirmou que todo o esforço do governo é para não permitir que os problemas na política contaminem a economia. “A gente dorme e acorda com uma notícia dessas. Do ponto de vista do ambiente de negócios, essa é a preocupação, porque precisamos ter estabilidade. As investigações seguem e o País também segue, com suas empresas funcionando e com a economia funcionando”, observou Wagner.

Irritado com acusações da oposição, que tentaram associar Dirceu a Lula e a Dilma, o senador Jorge Viana (PT-AC) partiu para o ataque. “A oposição no Brasil está num papel muito apequenado e não aguenta nem meia Lava Jato”, reagiu Viana. “Por que se apura a ação de algumas figuras e de alguns partidos e não se apura de outros? É um jogo de cartas marcadas?”

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