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Direitos negados…

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Roberto Lucena – repórter

A Delegacia Especializada de Proteção ao Idoso registrou, nos primeiros cinco meses deste ano, um aumento de 62% no número de boletins de ocorrência, em comparação com o mesmo período do ano passado. Neste ano, já foram contabilizados 285 casos envolvendo violência contra idosos em Natal. Deste montante, 15 inquéritos foram instaurados e mais 27 termos circunstanciados de ocorrência foram expedidos. Em 2012, a delegacia havia registrado, no mesmo período, 175 boletins.
Um crime que se tornou comum é o abandono ao idoso. Ele está em todos os bairros de Natal e afeta pessoas de todas as classes
Hoje, data alusiva ao “Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa”, o natalense tem pouco o que comemorar. Além do aumento acentuado no registro da violência física ou psicológica contra homens e mulheres da terceira idade, os direitos assegurados pelo “Estatuto do Idoso” são negados, diariamente, nas ruas, repartições, transporte público e no ambiente familiar.

Na Delegacia do Idoso, que fica na Central do Cidadão, no Centro, não há acessibilidade no prédioFundada em outubro de 2009, a Delegacia do Idoso é a responsável por apurar todas as denúncias de lesões corporais e crimes contra a liberdade sexual e pessoal cuja vítima seja qualquer pessoa com mais de 60 anos. Crimes mais graves como homicídios, furtos ou roubos não são investigados pela divisão. O chefe de investigação da delegacia, Emídio de Melo, explicou que, com o passar dos anos, houve uma mudança no perfil das denúncias que chegam ao local. “Inicialmente, as pessoas denunciavam muito o desrespeito na questão do transporte público. Agora, o crime mais denunciado é aquele que envolve o desvio de bens, de dinheiro. É um tipo de crime cometido pelos próprios familiares”, apontou.

A paciente F.M., 81 anos, recebeu alta do Walfredo Gurgel, mas nenhum familiar apareceu no hospitalOutro crime que se tornou comum é o abandono do idoso. Ocorre, segundo Emídio, em todos os bairros de Natal e afeta pessoas de todas as classes sociais. “Nossa equipe faz, em média, 90 visitas sociais, por mês, para averiguar essas denúncias. Além das denúncias, tomamos conhecimento de casos através do Ministério Público e secretaria Municipal de Trabalho e Assistência Social”, afirmou.

Para a coordenadora de Direitos Humanos e das Minorias da secretaria de Estado da Justiça e da Cidadania (Sejuc) e presidente do Conselho Estadual do Idoso, Adna Lígia, a violência contra as pessoas idosas deve ser entendida como uma grave violação aos direitos humanos. Ela explica ainda que falta assistência mais adequada aos idosos que são vítimas de agressões. “Não temos uma rede de instituições públicas que recebam esses idosos por um longo período. A assistência de saúde também é precária. Infelizmente a população está envelhecendo sem saúde adequada”, pontuou Adna Lígia.

O acesso aos ônibus é outro problema, com alguns motoristas que ignoram os idosos nas paradasOs casos de abandono são apontados como uma das mais severas agressões. Alguns idosos são deixados em hospitais. A equipe de assistência social do Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel explica que esse tipo de caso não é raro. “Pelo contrário, isso é muito comum. Acontece muitas vezes. O idoso chega ao hospital com algum problema, é atendido e o familiar simplesmente não o acompanha. Alguns pagam um cuidador, outros, nem isso”, diz a assistente social Ana Maria Martins.

Segundo ela, a permanência de pacientes abandonados no hospital gera um problema grave. “Não temos onde deixá-los e o Estado não possui uma rede de assistência para nos dá suporte. Nesses casos, encaminhamos uma denúncia para o Ministério Público”, informou. Ontem à tarde, a TRIBUNA DO NORTE flagrou o desrespeito aos idosos em alguns pontos da cidade, do abandono familiar à falta de acessibilidade .

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