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Disbiose? Que é isso?

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Jorge Boucinhas

Com freqüência, embora ainda não a desejável, tem ressurgido na imprensa, seja leiga seja especializada, o termo “disbiose”.   Na verdade alguns setores médicos ainda franzem um pouco a testa, especialmente por a princípio ter reaparecido no seio da comunidade dita “alternativa” mas os trabalhos da, ainda não totalmente referenciada mas indiscutivelmente moderna, Medicina Ortomolecular têm contribuído muito para comprovar a alta significação que tem seu estudo.   

Apesar de pensar-se, geralmente, nos micróbios como seres estranhos e afastados de nós, humanos, o fato é que temos em nosso interior, especialmente no interior do intestino grosso, imensas quantidades de bactérias e fungos.

Dentre eles há os que apenas aproveitam os restos alimentares e não causam benefícios nem malefícios (são os ditos saprófitas), há os verdadeiramente benéficos (como os lactobacilos de coalhadas e iogurtes, e os sacaromicetos, os quais podem sintetizar importantes vitaminas, como, por exemplo, a K, a B6 e a PP) e há os que podem transformar-se em patogênicos, causando doenças. Em condições usuais há um relativo equilíbrio entre estes grupos, mas certos fatores podem levar a uma alteração desta situação, ocasião esta em que as bactérias nocivas podem ganhar terreno. E elas, em sua multiplicação, podem colonizar intensamente até o intestino delgado, usualmente pobre em bactérias. Quando isto ocorre, podem ser formadas toxinas, que são absorvidas para o sangue, bem como pode haver sérias irritações das paredes intestinais. É a isto que se denomina “disbiose”.  

Quanto às suas causas, várias são possíveis, e algumas, a principais, serão aqui revistas.  Nos tempos que correm provavelmente a primeira, em termos de freqüência, é representada pelo uso de antibióticos durante longo tempo.   Estes, principalmente os chamados de “amplo espectro”, quer estejam sendo usados para infecções intestinais quer para as de outros lugares do corpo, podem ter efeitos devastadores sobre a flora do cólon. Também a constipação intestinal crônica, a famosa “prisão de ventre”, é importante causa, pois a parada das fezes no intestino grosso propicia maior proliferação bacteriana e sua conseqüente disseminação para o delgado.   Não de desprezar é a possibilidade de aparecimento de fraca acidez estomacal, especialmente em velhos e em alguns diabéticos, pelo que bactérias nocivas podem ocasionalmente adentrar o trato digestivo a partir da boca.

Quanto à importância da “disbiose” para a saúde, suas conseqüências podem ser várias.   Diarréias e constipação intestinal são das primeiras a serem citadas, mas a presença de gases intestinais em excesso é freqüentíssima, com grande meteorismo (barulhos dos gases abdominais a se mexerem), por vezes com acompanhamento de cólicas fortes ou fracas. Há a ocorrência de dificuldades de digestão, pelo que surgem sintomas que podem ir de um simples mal estar, com sensação de barriga sempre cheia de comida indigerida, até a perdas de peso por redução da adequada absorção dos alimentos ingeridos.    Outro importante acompanhante dela é o aparecimento de alergias alimentares, que é devida ao aumento da permeabilidade da parede intestinal, com penetração de moléculas protéicas inteiras oriundas de um ou outro alimento, o que sensibiliza o organismo com relação ao mesmo. Acrescente-se ainda a recente descoberta de que a alteração da flora faz o organismo aumentar a produção de Radicais Livres, levando à aceleração do envelhecimento. E ainda há a recente descoberta de que baixa a produção de serotonina (a famosa “mediadora da felicidade”, que combate a depressão).  Em outras palavras, os “disbióticos” seriam mais desanimados e tristes.

Haverá alguma maneira prática e fácil para se poder reduzir as possibilidades de aparição de tal problema?  Sim, claro. A Ortomolecular preconiza o uso de soluções de lactobacilos, os quais no comércio farmacêutico aparecem dos mais variados tipos.   Seu uso propicia a colonização do cólon por bactérias benfazejas, que impedem a proliferação das possivelmente patogênicas. Mas uma regra fácil e ao alcance de todos seria o emprego diário de boa quantidade de coalhadas e iogurtes, ricos em lactobacilos (respectivamente Lactobacillus acidophilus e Lactobacillus bulgaricus) Apesar da maioria ser destruída ao passar pelo estômago, o uso repetitivo leva a uma colonização colônica significativa, com grande efeito protetor para o organismo. Dizem alguns autores que grande parte da longevidade dos hunzas e dos georgianos, afamados pela mesma, dever-se-ia ao grande consumo destes produtos.  

Como podem ser usados parcial ou totalmente desnatados, afora serem saborosos, vale a pena experimentar e dar uma de São Tomé: ver (e usar!) para crer!

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