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DN, um destino ainda incerto

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O destino do acervo acumulado pelo Diário de Natal ao longo de quase 74 anos permanece incerto, mas logo o assunto terá de ser definido pois o prédio onde o jornal funcionava na zona Norte passou a pertencer ao Sistema Fiern/Sesi/Senai/Iel – a pretensão do Sistema, de acordo com o diretor regional do Senai, Afonso Avelino, é instalar cursos profissionalizantes no local até próximo ano; porém ainda não há um prazo para ocupação definitiva do imóvel adquirido em setembro de 2012. Por lá ainda funcionam duas rádios vinculadas ao grupo Diários Associados, que controlava o DN, as emissores Poty (AM) e Clube (FM), e todo o arquivo permanece no prédio recebendo os devidos cuidados como controle de umidade e temperatura. A versão impressa do periódico deixou de circular no começo de outubro do ano passado, e desde então muito se tem especulado em torno do paradeiro final de seu espólio formado por vasta documentação, fotografias e obras de arte.
Um dos primeiros a integrar a equipe do DN, Furtado trabalhou como repórter e diretor da rádio Poti. Hoje, é advogado dos Associados
“O assunto está sendo tratado pela direção nacional do grupo, e não há interesse de levar esse acervo para outro estado como estão dizendo por aí”, garantiu Deliomar Soares, ex-superintendente do Diário de Natal e que hoje está como colaborador do grupo DA nessa fase de transição. “As rádios ainda estão procurando um outro lugar se instalarem, e o prazo para desocupação do prédio que findaria agora em março pode ser prorrogado”, informou Soares. A superintendência regional dos Associados, sediada no Recife, também não acrescentou muito sobre o destino do acervo: “Não chegamos a uma resolução. O assunto já foi discutido internamente na diretoria mas não há nada definido”, disse o diretor Paulo Guilherme por telefone.

Diante do impasse, surgem especulações sobre o valor estimado do acervo e seu rumo – informalmente circulam duas avaliações para o arquivo guardado pelo DN desde 1939: uns sugerem R$ 3 milhões outros R$ 7 milhões. A única opinião consensual é a possibilidade de expropriação do patrimônio pelo Governo do Estado em nome da memória cultura do RN, que pagaria um valor abaixo do de mercado.

ABRIGO

A nova diretoria do Instituto Histórico e Geográfico do RN já demonstrou interesse em abrigar os documentos; o Departamento de História da UFRN e a Fundação José Augusto também estão na fita, mas qualquer definição a respeito deve partir da direção do Diários Associados. “Como o assunto voltou ao centro das atenções,  instituições, gestores e iniciativa privada precisam agir para resolver esse impasse. Só vai dar certo se todos se unirem”, acredita Valério Mesquita, presidente eleito do IHGRN.

Eider Furtado 

O advogado e escritor Eider Furtado, 88, um dos primeiros a integrar a equipe do Diário de Natal no início da década de 1940, sabia que ali seriam registradas passagens importantes da história de Natal e do Rio Grande do Norte. “Sabíamos da importância histórica que o DN desde seu lançamento”, recorda. Os primórdios do Diário foi capitaneado por nomes como o ex-prefeito Djalma Maranhão, Rivaldo Pinheiro, Valdemar Araújo e Aderbal de França. Depois o jornal foi vendido para o empresário Rui Moreira Paiva, pernambucano radicado em Natal e que chegou a ser presidente do América, para em seguida integrar o grupo comandado por Assis Chateuabriand.

“Não podemos questionar a decisão empresarial de fechar o jornal, nenhuma empresa quer se manter no prejuízo, mas e se o poder público adquirir esse acervo, vão botar na mão de quem toda essa história? Do Instituto Histórico e Geográfico do RN? Da Fundação José Augusto?É fato que nossas instituições culturais recebem um apoio muito franzino do poder público, por isso minha preocupação”, observa. Para ele a grande questão é saber se o público terá acesso a esse acervo.

Eider Furtado começou como músico – tocava violino – na Rádio Educadora de Natal (REN), que passou a se chamar Rádio Poty quando o controle foi para as mãos do DA. Furtado trabalhou como repórter, diretor artístico e diretor comercial da rádio. Também foi gerente da Poty e do próprio Diário de Natal. “Tudo o que sei devo a essa vivência”, garante. Membro da Academia Norte-riograndense de Letras desde 2010, Eider dedicou 26 anos de sua vida ao DN, foi editorialista por três anos, substituindo o professor Edgar Barbosa, que tinha “um texto primoroso, musical, foi uma responsabilidade muito grande”.

Segundo o próprio, que responde como advogado do grupo Diários Associados no RN, até hoje sua carteira de trabalho está em aberto. “Acredito que não é interessante para ninguém tirar esse acervo daqui do RN; se querem vender e alguém tem interesse em comprar então que ele possa ser consultado, popularizado”, finaliza.

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