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Dois grandes autores discutindo filosofia e linguagem

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Carlos de Souza [ [email protected] ]

Está chegando às livrarias Simbolismo e Interpretação, de Tzvetan Todorov, Editora Unesp, 212 páginas, R$34,00. Nele o autor percorre várias correntes e tradições de estudos da simbólica da linguagem, ou seja, a esfera dos chamados sentidos indiretos da linguagem, aqueles que são como que acrescentados a seu primeiro sentido, chamado de “direto”. O autor ressalta, porém, que o prefixo negativo em “indireto” não deve ser considerado um fenômeno ocasional. Ao contrário, diz, a produção indireta de sentido se manifesta em todos os discursos, e muitas vezes de forma preponderante.

Todorov inicia sua pesquisa no passado, pela tradição hindu, e prossegue com a abordagem de diversas contribuições e nomes emblemáticos da retórica e da hermenêutica: Quintiliano, Aristóteles, Santo Agostinho, São Tomás de Aquino, a Lógica de Port Royal, Espinoza, Friedrich Schleiermacher, Peirce, Jakobson, entre vários outros. O filósofo divide o livro em duas partes – “Simbólica da linguagem” e “Estratégias da interpretação” – ressaltando, no entanto, tanto a distinção quanto a identifIcação da solidariedade do simbólico e da interpretação, ou seja a produção e a recepção, dois âmbitos de um mesmo fenômeno.

O autor propõe uma teoria geral para o estudo desses elementos, que possa abranger o conjunto de possibilidades aí inscritas, e uma estratégia particular, de produção ou recepção do simbólico. Esta conforma-se pela escolha, pautada em certos critérios, de uma determinada estratégia em prejuízo de outra. Ao traçar tal percurso, o filósofo pretende ser mais descritivo do que normativo: “Não tenho uma ‘teoria do símbolo’ ou uma ‘teoria da interpretação’ novas para propor (talvez por ter lido muito as dos outros). Procuro estabelecer um quadro que permita compreender como tantas teorias diferentes, tantas subdivisões irreconciliáveis, tantas definições contraditórias puderam existir”.

Nascido na Bulgária, em 1939, Tzvetan Todorov radicou-se na França em 1963. Filósofo, historiador, crítico literário, é autor de dezenas de obras. Sua trajetória intelectual é permeada pela multiplicidade temática. Inscreve-se entre os expoentes surgidos no século XX no campo das ciências humanas. De Todorov, a Editora Unesp publicou Teoria da Literatura (2013) e A Vida em Comum (2014).

Simbolismo e Interpretação, de Tzvetan Todorov, Editora Unesp, 212 páginas, R$34,00

Filosofia moderna
Outro lançamento é Conhecimento e Interesse, de Jürgen Habermas, Editora Unesp, 525 páginas, R$76,00. Esta obra, a mais especificamente filosófica e a mais importante de Jürgen Habermas do ponto de vista da epistemologia, discute o entrelaçamento entre razão prática e razão pura e mostra a importância das definições do conhecimento, levantando questões sobre os fatores que o definem.

Para o filósofo, o livro é uma tentativa de reconstruir a pré-história do positivismo, com intenção de analisar as conexões entre conhecimento e interesses humanos. Convencido da crescente importância histórica e social das ciências naturais e comportamentais, ele busca demonstrar a importância de compreender os significados centrais e justificativas dessas ciências, enquanto argumenta que, por muito tempo, a relação entre filosofia e ciências têm sido bastante distorcida.

Extraordinariamente amplo, o livro analisa as principais correntes da filosofia moderna – kantismo, marxismo, positivismo, pragmatismo, hermenêutica, filosofia da ciência, filosofia da linguagem e a fenomenologia – e desnuda a estrutura dos processos de investigação que determinam o significado e a validade de todas as declarações humanas que afirmam a objetividade.

Escrito em 1968, Conhecimento e interesse traria incômodo posteriormente a Habermas, que chega a considerá-la um fracasso. Sobre tal avaliação ele escreve duas autocríticas severas, inseridas nesta edição, como posfácio. Mas, como escreve Luiz Repa na apresentação, “o leitor atento não deixará de perceber que o livro tanto contém os desdobramentos que se seguirão depois, como também potencialidades de uma outra abordagem, não menos interessante, a começar pelo fato de que antecipa tendências hoje em voga”.

Um dos mais importantes filósofos da atualidade, Jürgen Habermas, nascido na Alemanha em 1929, criou uma nova visão acerca das relações entre linguagem e sociedade. Foi professor de Filosofia da Universidade de Heidelberg e da New York School for Social Research, além de co-diretor do Instituto Max Plank para a Investigação das Condições de Vida do Mundo Técnico-Científico, em Starnberg.

Conhecimento e Interesse, de Jürgen Habermas, Editora Unesp, 525 páginas, R$76,00.

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