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Dona Militana deixa romances em CDs

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Diferente do norte-rio-grandense Fabião das Queimadas, que morreu sem fazer qualquer tipo de registro sonoro de seus romances entoados, Dona Militana deixa para os pesquisadores e apreciadores de seu trabalho, suas palavras, sua voz e sua imagem em discos como o CD triplo Cantares, realizado pela Fundação Hélio Oliveira e Scriptorin Candinha Bezerra.

O disco Cantares, mais que o registro sonoro de Dona Militana foi o que impulsionou a romanceira no cenário da cultura nacional. Foi a partir dos eventos de lançamento do disco, que intelectuais, jornalistas e pesquisadores passaram a conhecer a dimensão do fenômeno Militana. O disco teve a direção artística do produtor cultural e escritor Dácio Galvão.

Segundo Dácio, o disco foi o resultado de dois anos de trabalho ininterruptos. “Dona Militana era muito tímida. Às vezes ela ia para o estúdio gravar, cantava duas músicas e voltava”, relembra Dácio. Nas 53 faixas do CD a romanceira canta acompanhada de grandes instrumentistas, como a pianista Dolores Portela (que tocou um cravo trazido de Pernambuco), o músico Osvaldo D’Amore (violino) e o flautista Carlinhos Zens. Além do violino, do cravo e da flauta, outros instrumentos foram usados para acompanhar Dona Militana.

Os instrumentistas tiveram que seguir a linha melódica da romanceira, suas pausas e até suas desentoadas. “Não violentamos digitalmente as gravações, por isso os músicos tiveram que se submeter ao seu estilo”, disse Dácio. Segundo o produtor, o disco é uma verdadeira atualização do romance ibérico, num cenário contemporâneo.

No lançamento do disco, no Sesc Pompéia (SP), Dona Militana protagonizou ao lado de Ariano Suassuna e Antônio Carlos Nobrega, dois dos principais nomes da cultura brasileira. O produtor cultural lembra que Dona Militana no palco do Sesc de São Paulo, já sentia que deveria assumir uma postura cênica, tanto que já incorporava uma postura diferente diante do público. Dácio relata que naquela noite, Antônio Carlos Nóbrega combinou o romance que ela iria cantar na apresentação, mas na hora ela não cumpriu com o combinado, deixando todo mundo louco. “Dona Militana foi ovacionada de pé”.

O disco além de registrar 53 dos 800 romances guardados na memória de Dona Militana, traz fotos e uma representação escrita da sonorização de palavras, que não estão relacionadas a nenhum idioma conhecido.

O CD teve a tiragem de 1000 cópias, muitas das quais doadas a instituições e pesquisadores. Outra parte foi entregue a própria Dona Militana para que pudesse vender. Segundo Dácio, os discos restantes compõem a reserva técnica da Fundação Hélio Galvão e do e Scriptorin Candinha Bezerra, mas podem ser consultados mediante solicitação.

Além de Cantares, outros três discos trazem a voz, a letra e a melodia de Dona Militana: “Songa também da Coco” feito pela prefeitura de São Gonçalo do Amarante em 1999; “Romances e cantos de Incelências”, da Fundação José Augusto, também no final da década de 90; e “Sergipe Cantadores e Violeiros”, da Secretaria de Educação de Sergipe em 1990.

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