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Doutor João Medeiros Filho

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Woden Madruga [ [email protected] ]

Conversando com Zélia Lucena, ela lembra que, ontem, 30, o doutor João Medeiros Filho, seu pai, se vivo fosse, teria completado 110 anos. Advogado, jurista, escritor, jornalista, professor, também orador brilhante, imortal da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras, nasceu na Paraíba (Campina Grande) e chegou a Natal ainda menino. Bacharel em Direito pela Faculdade de Direito, em 1927. No mesmo ano, foi nomeado promotor de Justiça na cidade de Jardim do Seridó. Tinha 23 anos. Exerceu funções importantes no Rio Grande do Norte e na Paraíba. Lá foi diretor do jornal oficial A União e chefe de Polícia, mesmo cargo que ocuparia aqui exatamente no ano da Intentona Comunista (1935). Foi preso pelos comunistas. Dois anos depois, publicaria um livro contando essa história: “Meu depoimento (Sobre a Revolução Comunista de 35 em Natal)”.

Doutor João Medeiros Filho foi um dos maiores advogados do Rio Grande do Norte. Criminalista, sua oratória e seu saber jurídico empolgavam as plateias nas sessões do Tribunal do Júri. Foi ainda consultor-geral do Estado e procurador-geral da Justiça, presidente da Ordem dos Advogados do Rio Grande do Norte. Exerceu outras funções fora do Estado. No Rio de Janeiro (assessor da Confederação Nacional do Comércio) e em Brasília (professor da Academia Nacional de Polícia). Aposentado, escolheu a Praia da Redinha para morar. Foi a sua Pasárgada. 

Tive o privilégio de sua amizade e de sua atenção. As conversas da Ribeira e do Grande Ponto, as esticadas pelas noites na saudosa e gostosa boemia daqueles tempos da província cordial,  os amigos ao redor da boa dose de uísque, a fina ironia (às vezes cáustica) do mestre, uma das marcas de sua prosa e também de sua oratória no Tribunal do Júri, defendendo ou acusando. Brilhante orador, vasta cultura jurídica. Esgrimista da palavra. Tenho em minhas gavetas várias cartas suas. Aqui e acolá presenteio os leitores com a sua publicação. Como esta, datada de 14 de novembro de 1982, escrita na Redinha, na qual se refere sobre ao falecimento do professor José Fernandes Machado, seu amigo. 

Não me lembro agora se já a publiquei. A memória começa a dar  topadas no meio-fio por onde a vida passa. Nela, João Medeiros Filho faz elogios  a Machado, também pastor evangélico, e lembra  que o amigo, professor de Direito Municipal, indicava aos seus alunos os  livros dele, João Medeiros, entre os quais “Impeachment  Crime de Responsabilidade dos Prefeitos Municipais”. Dr. João Medeiros ressalta na carta: “Uma honraria que muito me sensibilizou numa província onde raramente obras de tal natureza são recebidas com manifestações de encorajamento para os que as escrevem.”

Adiante, no mesmo tom, ele acrescenta:

“Confidenciou-me certa vez um grande jurista coestaduano que um seu livro de repercussão nacional, entre outros que já publicou, apesar de sua divulgação, só veio a ser conhecido neste Estado depois que a imprensa do sul o consagrou. Se dependesse dos críticos norte-riograndenses, o livro estaria na biblioteca do Tribunal, levando poeira, roído pelas traças… É que os professores e estudiosos daqui só se interessam pela cultura alienígena.

Quanto a mim, advogados e juízes, com raras exceções, fazem citações do “Impeachment” sem indicar a fonte de informação. Ninguém é profeta na sua terra…”

O livro de Valério Comecinho da noite de hoje, na sede da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras, estaremos todos lá para pegar o autógrafo de Valério Mesquita, que lança mais um  livro: “Causos 2014”. Ocasião para bons papos, vendo e revendo amigos de todas essas ribeiras do Potengi.

Cony e Ariano
De Carlos Heitor Cony, sobre Ariano Suassuna:

– Ariano buscou casos e figuras que conheceu. Sempre dizia que  nada tinha inventado. Por mais absurdas que sejam suas histórias, ele nunca perde a verdade do homem. Fabulosa a sua capacidade de extrair de uma gente simples uma reflexão universal. Nunca viu um moinho se transformar no vilão que o perseguia. Para os seus personagens, um moinho é um moinho, eles não se metabolizam em outras coisas a não ser o que são, com a sabedoria própria do homem sem a corrupção da lógica acadêmica e da ciência oficial.

– Ao contrário de Guimarães Rosa, que criou uma linguagem saborosa e uma técnica inédita para contar uma história, Ariano, seguindo o modelo das alucinações de Dom Quixote, criou um universo que atravessará o tempo e o modo.”

História
A UFRN vai sediar, entre 13 a 15 de agosto, o VIII Encontro Nacional de História Antiga. Tema: “Identidade no Mundo Antigo – Pesquisas, Diálogos e Apropriações”. Estarão presentes pesquisadores brasileiros e estrangeiros. É a primeira vez que o encontro acontece no Nordeste.

Terra do Açúcar
Será hoje, a partir das 18h30, no Pink Elefante, o lançamento do livro (dois volumes) “A Terra do Açúcar”, do médico e pesquisador Pedro Cavalcanti. Trata-se de uma história romanceada da ocupação holandesa no Nordeste. O nosso Felipe Camarão está lá.

A edição é da Editora Jovens Escribas. Ficou bonita. Projeto gráfico assinado por Danilo Medeiros, com ilustrações de Márcio Santos. Apoio da Federação do Comércio.

Chuva
Apesar do tempo fechado que passou por cima do Morro do Estrondo, ontem não choveu em Natal. Neblinas rápidas. Mesmo cenário pelos agrestes. Mas soprou um vento frio. O poeta Sanderson Negreiros fechou as janelas do seu mirante de Petrópolis.

Do Sertão
O Sebo Vermelho lança mais um livro, sábado que vem: “Coisas lá de  nós”. Coisas do Sertão, gente. Do Sertão do Seridó, escritas por dois seridoenses de Timbaúba dos Batistas, José Ildo Araújo e Gilton Batista de Aráujo, e um de Caicó, Dimas Batista de Araújo.

Do lixo Ouço na CBN:
– O lixão de São Gonçalo do Amarante pode interromper as subidas e descidas  no Aeroporto Governador Aluízio Alves. O lixão estaria atraindo urubus que ameaçam as aeronaves.

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