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Drones: nova arma contra furacões

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Jennifer Kay
Associated Press

Miami (AE) – O ponto em que o oceano turbulento se encontra com a fúria dos ventos de um furacão pode ser a chave para melhorar as previsões sobre a intensidade desse fenômeno meteorológico, mas é quase impossível para os cientistas conseguir visualizá-lo.

Isso, porém, pode mudar em breve nos EUA, graças ao financiamento liberado pelo governo após a supertempestade Sandy para aeronaves não tripuladas (drones) com capacidade de passar horas voando em espiral nos pontos escuros de uma tormenta, transmitindo dados que podem ajudar os meteorologistas a compreender o que faz com que algumas tempestades desapareçam e que outras se transformem em verdadeiros monstros.
Estragos causados pelo furacão Katrina, no litoral da Flórida em 2005. Drones podem ajudar cientistas na previsão dos furacões
Dispor dessas informações, enquanto as tormentas ainda estão longe da costa, pode levar coordenadores de esforços de emergência a planejar a retirada de habitantes de um determinado local com mais facilidade ou avaliar melhor os riscos relacionados a tormentas.

Um furacão é como um motor, cujo combustível é a água quente do oceano. A questão, segundo os meios científicos, é descobrir como essa água transfere a energia de tempestades tropicais.

“Nós realmente precisamos ter uma noção melhor do que acontece antes de conseguirmos melhorar nossos prognósticos de intensidade”, comentou Joe Cione, cientista que estuda a interação das tormentas com os oceanos na Divisão de Investigação de Furacões da Administração Nacional dos Oceanos e Atmosfera dos EUA (NOAA, na sigla em inglês), com sede em Miami

Aviões usados para caçar furacões normalmente não voam abaixo de 5 mil pés (1,5 quilômetro) e não podem descer para menos de 1,5 mil pés, enquanto radares em tempo real não oferecem informações sobre a termodinâmica que ocorre dentro do núcleo nebuloso de uma tormenta.

Atualmente, as aeronaves lançam cilindros repletos de sensores eletrônicos que transmitem dados sobre pressão, temperatura, ventos e umidade de uma tormenta à medida que caem em direção ao mar, mas que conseguem permanecer suspensos por apenas poucos minutos.

O tipo de drone que Cione planeja arremessar a partir de aviões caça-furacões pode passar horas descendo lentamente, aproveitando as próprias correntes de ar que giram em uma tormenta, inclusive com a possibilidade de orbitar o vórtice de um furacão.

O drone, chamado Coyote, pesa três quilos, tem forma de um míssil delgado e asas retráteis, e poderá recolher uma grande quantidade de dados das partes inferiores de um furacão, com informações muito mais detalhadas do que as dos cilindros, explicou Cione. O aparelho tem um propulsor e é controlado pelos pilotos das aeronaves caça-furacões, mas são projetados para flutuar em correntes de ar, mas não contra ventos fortes. Além disso, os drones são descartáveis – assim que atingem a água, não podem ser recuperados.

Especialistas em previsão de furacões melhoraram sua capacidade de apontar os locais que as tormentas atingirão e o chamado “cone de incerteza”, que mostra a provável trajetória de uma tempestade, vai diminuir de novo este ano. Não houve avanço significativo, porém, nas projeções para a intensidade de tempestades.

Vários fatores podem alterar a intensidade de uma tormenta, como a água fria do fundo do oceano que se mistura à água quente da superfície, ventos cruzados, a reconstrução cíclica da parede de ventos que formam o olho de um furação ou mudanças na energia que as tempestades sugam do oceano. Essa última variável é o que Cione chama de “região sem dados” e é justamente o que os drones irão mirar.

“Existe um motivo de não haver furacões em solo – eles precisam de água, precisam da evaporação e da condensação, que é a fonte de sua energia. Então, como isso acontece?”, comentou Cione. “Se não conseguirmos amostragens confiáveis e precisas dessa região o tempo todo, poderemos errar o cálculo da energia gerada pelo oceano em 30% ou até 50%.”

Cione planeja testar cinco ou seis drones no auge da temporada de furacões e, possivelmente no ano que vem, checar como eles transmitem dados em tempo real. O projeto, de US$ 1,25 milhão, está entre outras pesquisas sobre furacões da NOAA financiados pela legislação suplementar que autorizou a liberação de US$ 60 bilhões para agências de ajuda humanitária após a ocorrência da supertempestade Sandy.

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