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Dummy, o boneco que contribui para a indústria

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Sem o mesmo destaque de um engenheiro ou designer, o “dummy” é um dos sujeitos mais importantes no desenvolvimento de um automóvel. Isso porque o valente boneco é responsável por simular um ser-humano em diversos testes que avaliam o quão seguro é um veículo para seus ocupantes. Hoje, o “manequim” é alvo de investimento expressivo da indústria automotiva e os mais modernos deles podem chegar a custar US$ 500.000, o equivalente a pouco mais de R$ 1.000,000,00.
Utilizado por várias montadoras e institutos  de segurança
Mas nem sempre foi assim. Antes da criação do “dummy”, na primeira metade do século XX, os testes de colisão eram feitos com cadáveres. Além das questões éticas envolvidas e da baixa oferta de corpos para a pesquisa, o método se mostrou pouco eficaz pela dificuldade de mensurar os efeitos da batida nos ocupantes. Grande parte dos corpos era de idosos, o que não representava a maioria das vítimas de acidentes de carros. E, como um corpo nunca é igual ao outro, as comparações e análises ficavam sujeitas a falhas.

O cenário começou a mudar em 1949, quando a “Ford Motor Company”, nos Estados Unidos, criou o primeiro dummy da história. Curiosamente, o boneco, batizado de Sierra Sam, não foi pensado para testes em automóveis, mas sim para simular ejeção nos bancos de jatos da Força Aérea Americana. O primeiro “dummy” automotivo padronizado do mundo surgiu mesmo em 1971. Era o Hybrid I, criado também pela Ford. Meio mambembe, o projeto trazia alguns sensores na cabeça que simulavam o cérebro, enquanto o corpo se dividia entre materiais mais rígidos, para imitar os músculos, e macios, numa tentativa de reprodução da pele.

Os “dummies” modernos reproduzem, com quase total perfeição, o corpo humano. Com uma estrutura de cabeça, caixa torácica, espinha dorsal, pernas e pele, eles são criados para simular nosso peso, dimensão e articulação. Os materiais utilizados vão desde liga de aço, para reproduzir os ossos, até um vinil especial, para a pele.

“Os dummies que utilizamos nos testes do Latin NCAP possuem 40 sensores espalhados na cabeça, tórax e pernas. São esses dispositivos que mostram os efeitos de uma colisão real no corpo humano, com dados de força de impacto, desaceleração, aceleração e outras informações”, explica Alejandro Furas, diretor técnico do Global NCAP, maior instituição de “crash tests” independentes no mundo. Os dados são analisados posteriormente no computador por técnicos especializados.

Além desses sensores, os bonecos recebem pontos de tinta fresca ao longo de todo o corpo pouco antes do teste começar. O método mostra exatamente os pontos de contato entre os passageiros e os carros e é um dos primeiros sinais que os técnicos analisam, a olho nu, logo após o choque.

Nos testes do Latin NCAP, que avaliam a segurança dos carros vendidos na região da América Latina e Caribe, são utilizados quatro dummies: dois deles simulam adultos do sexo masculino, com peso equivalente a 74 quilos. No banco traseiro, são acomodados uma dupla de bonecos que representa crianças de três anos e 18 meses, posicionadas na cadeirinha infantil.

Embora o órgão só trabalhe com esses modelos, cujo preço médio é de US$ 100.000, existem “dummies” dos mais variados gêneros e tamanhos. A empresa norte-americana Humanectis, fornecedora das avaliações do NCAP, oferece bonecos que simulam crianças de diversas idades, homens e mulheres de pesos e altura distintos. Os bonecos são divididos ainda por categorias. Há aqueles feitos para a colisão frontal, que é um dos testes mais frequentes, colisão lateral e traseira e até pedestres. A diferença está na estrutura corporal e na localização dos sensores, instalados nas áreas mais afetadas em cada tipo de batida.

Depois de posicionados corretamente no automóvel e devidamente preparados, os “dummies” partem para a ação. Os bonecos do Latin NCAP passam por um choque frontal contra uma barreira deformável a 64 quilômetros por hora. A pancada é forte e, dependendo do nível de segurança do carro, pode deixar os coitados em frangalhos. “Um Cherry QQ, que teve um dos piores resultados do Global NCAP, pode matar um dummy”, brinca Furas. Eles são reutilizáveis e tem uma vida útil de anos. Após o teste, os manequins são encaminhados para uma espécie de ‘hospital’ de “dummies”, onde o corpo e os sensores são reparados”, explica o diretor. Novinhos em folha, começam tudo outra vez.

A realidade é que, concretamente, o “Dummy” é uma grata realidade no universo da segurança.

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