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Ecologia, Ética e São Francisco

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Pe. Vicente Laurindo de Araújo – vigário paroquial São Pedro – Alecrim

Existe uma simbiose, isto é, uma comunhão interdependente e complementar entre a natureza e a vida do homem. Isto nos permite compreender ecologia, como parte da Biologia que estuda as relações entre os seres vivos e o seu respectivo meio ambiente, bem como, suas recíprocas influências. Daqui a ecologia dá um salto utópico/qualitativo para a sócioecologia, que é o ramo das ciências humanas que estuda a estrutura e o desenvolvimento das comunidades humanas, em suas relações com o meio ambiente e, sua  adaptação ativa e, administrativa, como primeira tarefa outorgada, por Javeh, ao homem e à mulher que acabara de criar. (cf. Gên. 1,27). Os vs. 28-31, impressionam pela abrangente e radical autonomia conferida ao homem, evidenciada na insistência com que Javeh repete: “ todo,” “todas,” “em tudo o que haja  sopro de vida.” O que Javeh entregou para ser administrado pelo homem é uma obra completa e boa: “ Deus contemplou toda a sua obra e viu que tudo era muito bom.” (cf  Gên1, 31)

O agir de Javeh não se torna arcaico, com as transformações e processos altamente tecnológicos das atuais organizações e/ou instituições, submetidas às tecnologias avançadas da atualidade e das que emergirão de transformações imprevisíveis. O que conta, sobretudo, é o componente ético/moral que não sufoque o empenho de ser gente,  ou seja, de viver dignamente, podendo ser respeitado:  amar e ser amado . O Sl 18,2 expressa bem essa percepção:  “ Narrem os céus a glória de Deus, e o firmamento anuncie a obra de suas mãos.” Fundamentado e bebendo nas fontes bíblicas, se pode falar de uma espiritualidade, de uma vida humana e, até, de uma pastoral ‘ecológicas’, já que a raiz da criação do universo e, nela, a criação do homem, biblicamente, é apresentada, como um espaço para a vida e convivência de todos.

O “habitat” dos Latino/americanos, principalmente o “bioma amazônico, ”em que se encontra a mais rica “biodiversidade” do planeta, mais que razões de agradecimento e louvor a Deus, precisa ser preservado de forma ética e sustentável, para o bem da biosfera, em sua totalidade e, a serviço da paz e, bem comum.  À ameaça de devastação, é de se esperar uma correspondente resposta de indignação ética, mais que particular, da humanidade, na sua condição socioecológica. ´É o apelo a que se viva de forma ética, entendida essa: “como ciência da conduta, por tratar os conceitos que envolve o raciocínio prático, como o bem, a ação correta, o dever, a obrigação, a virtude, a liberdade, a racionalidade, a escolha do bem, em vista da realização da paz e  realização de  todos.”

Esta postura, convenhamos, Francisco de Assis, já propôs, depois de tê-la posto em prática, quando desfez o hiato entre o homem e a natureza como, admiravelmente, expressou no “ Canto das Criaturas”: “Irmão sol com irmã luz: Trazendo o dia pela mão. Irmão céu de imenso azul A invadir o coração. Aleluia! Irmãos, minhas irmãs vamos cantar nesta manhã Pois renasceu mais uma vez A criação das mãos de Deus. Irmãos, minhas irmãs vamos cantar: aleluia, aleluia, aleluia!

Irmã flor que mal se abriu  Fala do amor que não tem fim: Água irmã, que nos refaz E sai do chão cantando assim: aleluia! Irmãos, minhas irmãs Vamos cantar nesta manhã  Pois renasceu mais uma vez A criação das mãos de Deus. Irmãos, minhas irmãs vamos cantar: aleluia, aleluia, aleluia!

Integrado, plenamente, com a natureza imanente, viveu a socioecologia, na transcendentalidade do amor aos irmãos, completando a obra de Deus tanscendente, ao receber, em sua carne, os estigmas de Cristo, podendo exclamar “O amor não é amado!”

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