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Educação integral foca na vida comunitária do aluno

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“Ser educador é ser um criador de oportunidades”. A frase, dita pela pedagoga Walderez Nosé, formadora do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária de São Paulo – Cenpec, chamou atenção de muitos professores e representantes de instituições educacionais participantes de um evento realizado esta semana em Natal, promovido pela Associação Companhia Terramar, através do projeto Conexão Felipe Camarão, e equipe do Prêmio Itaú-Unicef, para debater o tema: “Educação Integral: Desafios, mobilidades e perspectivas”.
Walderez Nosé realiza palestra para educadores potiguares
O encontro revelou um dado curioso: A maioria das pessoas acha que educação integral tem a ver com o tempo que o aluno deve passar na escola. Mas, educação integral é a educação que considera o ser humano em toda sua integridade, diversidade e complexidade. A educação integral deve atender a todas as dimensões do desenvolvimento humano.

Durante mais de três horas de palestra, a pedagoga Walderez Nosé fez uma retrospectiva sobre a educação integral no Brasil e mostrou que o primeiro passo é conhecer a comunidade. Para os professores ficou a dica: O que pode ser usado é o conhecimento que os alunos têm e trabalhar essa cultura como forma de educação. “Fazer a educação se estender muito mais além da sala de aula. Fazer da educação algo transformador”, garante Nosé.

Para atuar na educação integral a sugestão é focar na potencialidade do educador, do aluno e de toda comunidade. A articulação e ação multissetorial deve buscar parceria junto à sociedade civil. Para a educadora, ainda existe uma grande preocupação de educar o aluno para vida adulta, se distanciando da criança. “Devemos educar pensando no hoje, mas também pensando o que a criança pode levar o conhecimento ensinado para sua vida inteira”, argumenta.

RESULTADOS
De acordo com a palestrante, as experiências de educação integral no Brasil tem uma tendência à expansão. Existem experiências restritas e com grandes resultados. Em Natal, um dos exemplos de educação integral teve início há 10 anos, quando o projeto Conexão Felipe Camarão uniu a cultura dos Mestres de Tradição Oral de Felipe Camarão aos alunos das escolas públicas do bairro. Hoje, estudantes das escolas públicas reconhecem os valores culturais do bairro e suas tradições. Para Vera Santana, coordenadora geral do Conexão Felipe Camarão, é cada vez mais importante debater a necessidade da educação integral em todo país. “Esses diálogos sobre esse tema são fundamentais para modificação do sistema educacional brasileiro. A diversidade cultural brasileira necessita estar no cotidiano das escolas públicas. O currículo educacional deve ser modificado porque ele só atende a necessidade do mercado econômico. A educação não deve se limitar a isso. A educação é desenvolvimento humano, cidadania, possibilidades de afeto, de generosidade, de compartilhamentos, de direitos e deveres. Isso tudo é educação integral”, argumenta Vera Santana.

A educação integral deve ser vista na seguinte ordem: Escola + Família + Comunidade + Cidade, sendo capaz de promover a formação e o desenvolvimento integrado das dimensões cognitivas, afetivas, corporais, éticas, estéticas, físicas e biológicas. Também deve ser vista como condição de cidadania, inserida em um projeto democrático da sociedade.

“Ninguém mais no mundo aprende sozinho ou trabalha sozinho”. Com essa frase, a palestrante chamou atenção para que o conhecimento seja compartilhado, assim como as dificuldades dos professores na hora de passar um ensinamento. O debate se torna eficaz quando ele é compartilhado para que soluções surjam de forma eficiente.

“A falta de condições está fazendo os professores criarem um exército de bonsais”. Se referindo as pequenas árvores que não crescem porque lhe podam as raízes. Com isso Walderez Nosé chama atenção para alertar sobre a ineficiência do ensino, quando tornam crianças capazes em pessoas limitadas por não conhecerem sua cultura. “Os desafios estão no diálogo entre o currículo das aulas regulares, das oficinas, turnos e o contraturno; Na reorganização do tempo para as séries finais e na elaboração de planos de ação conjuntas”, revela.

O evento que tratou do tema “Educação Integral: Desafios, mobilidades e perspectivas” foi realizado na Escola de Saberes Conexão Felipe Camarão e contou com as presenças de professores, diretores de escolas públicas, representantes da UFRN, Secretaria Municipal de Educação de Natal, Visão Mundial, Grupo de Teatro Facetas, Cosern, ONG Fé e Alegria, entre outras instituições.

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