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Elas não confiam neles

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O TN Família fez uma enquete, em uma rede social, sobre o que os internautas pensam a respeito da pílula anticoncepcional masculina e a responsabilidade do homem na hora de estar à frente da contracepção do casal. A maioria das mulheres ouvidas não demonstrou tanta confiança assim neles.  

Para a psicóloga Luana Reis Metta, 24 anos, alguns homens até poderiam tomar a pílula, mas aqueles que estivessem em um relacionamento sério e que, por algum motivo, a mulher não pudesse tomar. Mas ela acha que a grande maioria não tomaria.

#SAIBAMAIS#“As responsabilidades de uma gestação ainda são muito vinculadas à mulher, como se de nada influenciasse o homem, o que acaba por gerar uma maior preocupação por parte das mulheres e um descuido por parte dos homens. Acho que pra pílula masculina ser aderida pela pelos homens seria necessário uma mudança de pensamento. E isso está longe de acontecer”, diz Luana.

A arquiteta Cláudia Gazola acredita que seria mais fácil se a nossa cultura também educasse os homens para terem responsabilidade com a saúde sexual e reprodutiva. E comenta ser essa tarefa quase que exclusivamente das mulheres. “Acho que só funciona se existir um acordo entre o casal, quando a mulher não pode ou não quer tomar a pílula. Em relacionamentos abertos acho difícil. Alguns homens até podem tomar pra não ‘engravidarem’. Mas, se pra negociar uma camisinha é difícil, imagina confiar que eles tomem a pílula! Até porque, não é só não engravidar. Tem a saúde também, que só a camisinha protege.”

Pílula ou vasectomia?
A secretária parlamentar Vanessa Amélia, 35, acha difícil os homens quererem se regrar com horários e dias certos para tomar a pílula. “Tenho vários amigos que não querem fazer a vasectomia, que é bastante simples para eles. Minhas amigas que acabam fazendo a laqueadura de trompas, que é bem complicado.” 

Quando acontece uma gravidez “acidental”, a responsabilidade geralmente cai sobre a mulher, na opinião da radialista Liene Titan, 33 anos. Ela acha que os homens deveriam, sim, estarem dispostos a tomar a pílula, e ajudarem a evitar a gestação “sem planejar” ou “sem querer”.

“Aliás, esse é um motivo geral para a briga de vários casais em relação a concepção ‘surpresa’. Seria bem interessante eles se preocuparem com isso também, já que hoje em dia ter um filho requer muitas responsabilidades e custos que nem todos podem arcar. E ainda evitaria o que os machistas, ou hipócritas, e até vítimas mesmo, chamam golpe da barriga”, comenta Liene, que acha melhor eles apelarem para as pílulas do que fazer vasectomia, pois acha o procedimento muito radical.

A favor deles
A estilista Daniele Gonçalves, 35, também acredita ser mais fácil tomar uma pílula do que se submeter a uma vasectomia. Ela crê estar o homem preparado para assumir a responsabilidade atribuída à mulher. “Os homens esclarecidos e principalmente que já têm um relacionamento fixo porque muitos não gostam de camisinha e dessa forma eles têm mais controle da própria vida. Do futuro.”    

O militar  Emanuel Paiva, 31, não crê que esse tipo de medicamento vá se popularizar no meio masculino, até porque, segundo ele, o homem além de ser desconfiado com coisas novas, também teme por algo que afete a sua virilidade, além do fato de outras tentativas não terem dado muito certo, inclusive com a ameaça da diminuição do apetite sexual. “Aí, aumenta a desconfiança masculina e sem falar que o homem é completamente esquecido das coisas… Então, meu amigo, as mulheres se preocupem sim e se previnam por que a coisa é seria!”

“Eu, particularmente, não teria problema algum em usar esse método contraceptivo, desde que fossem feitos os devidos exames pra monitorar a quantidade de hormônios ingeridos e a quantidade que meu corpo aguenta”, comenta o músico catarinense Gustavo Costa, 28, que também avalia o método como mais um para evitar gravidez indesejada. “Mas de forma alguma substituiria o uso da camisinha, e esse é o grande problema, se os homens não tiverem a instrução necessária que esse comprimido não substitui o uso do preservativo.”

O argumento de que o homem não lembraria do horário de tomar a pílula, que falta responsabilidade a eles, parece não se aplicar no caso do designer Carlos Magno, 40, a quem sempre coube, segundo o próprio, o respeito à necessidade de ingerir os hormônios em horário certo. “Todas as mulheres com quem me relacionei eram displicentes com isto… O que sabemos que pode causar um ‘probleminha’. Logicamente não posso generalizar tal despreocupação com o restante da população feminina”, comenta. “Só estou citando um caso específico em que o homem (no caso eu) deixa o celular com um alarme na hora de tomar… e aviso! Acho sinceramente que se esta responsabilidade for do homem não há motivos para tal ‘preocupação’ feminina. Esta mesma preocupação atormenta toda a população masculina por gerações e nós sobrevivemos com isto”, conclui. 

Bate-papo – José Hipólito Dantas Jr.
Urologista

“O modo de pensar do homem tem mudado bastante”

Acredita que o homem atual vai se adaptar a ser responsável pela contracepção usando a pílula?
O modo de pensar do homem tem mudado bastante. Um exemplo disso é a vasectomia. Mais homens, hoje em dia, procuram o atendimento médico para pedir explicações e para a própria realização da vasectomia. A comparação da vasectomia, que é um método contraceptivo definitivo, seria a laqueadura feminina. A gente percebe que mais casais, as próprias mulheres estimulam seus maridos a realizarem tal procedimento devido à simplicidade do método. A pequena morbidade, número de complicações, comparado à laqueadura leva a isso. 

Numa pílula de base hormonal, quais efeitos colaterais poderiam acontecer no homem?
Principalmente a diminuição da libido, diminuição da vontade, do desejo de ter relações sexuais, e a própria disfunção erétil; diminuição da ereção, do bom desempenho sexual.

Acredita que a comercialização dessa pílula dará certo? Essa pílula é capaz de causar uma revolução como a feminina causou, caso chegasse hoje no mercado?
Eu acredito que sim! Embora sempre haverá homens que vão preferir fazer a vasectomia. Mas certeza, aqueles homens que têm um receio de se submeter a um procedimento cirúrgico, embora simples, que vão buscar um método mais simples de contracepção, o comprimido. Eu acredito, sim, que a Ciência em alguns anos vai ter um bom medicamento que possa ser usado em largas proporções, com baixos efeitos colaterais, e que seja eficaz na contracepção masculina.    

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