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Elogio a Milton Ribeiro Dantas

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Ticiano Duarte
jornalista
  
Sábado passado, dia 22 de mês corrente, transcorreu o centenário de nascimento de uma grande figura de nossa terra, o saudoso médico e professor, Milton Ribeiro Dantas. Foi um homem que exerceu a profissão com amor e devotamento, praticando a caridade, atendendo gratuitamente aos que o procuravam em busca do tratamento da tuberculose, doença que em certo tempo ceifou muitas vidas jovens, gerações de brasileiros contaminados por bacilos que se transmitiam facilmente, antes da descoberta da penicilina e dos antibióticos.

Milton Ribeiro Dantas foi exemplo de médico humanitário, que não buscava riquezas e bens materiais, advindos no exercício profissional, pelo contrário, tinha gestos de grandeza, raros nos dias de hoje – tirava do bolso para ajudar financeiramente o cliente pobre que necessitava de tratamento em centros mais avançados. É preciso que se faça lembrar esses fatos da história da cidade, para que não caiam no esquecimento, numa terra, infelizmente, onde a memória é permanentemente desprezada, sempre em plano inferior, até nos projetos governamentais.

Milton foi, também, um idealista, mais na oposição, distante dos governos e poderosos. Acreditava nos valores permanentes e imprescritíveis do ser humano. Exerceu o mandato de deputado estadual, sempre trilhando o caminho da oposição, onde estava o seu partido, na época, a UDN (União Democrática Nacional), honrando o plenário da nossa Assembléia Legislativa, pelos seus pronunciamentos e projetos de interesses do nosso povo. Posso dizer, sem exageros, que Milton Ribeiro Dantas foi, em certa fase da nossa história, um dos mais altos instantes da inteligência do Rio Grande do Norte.

Exerceu a cátedra universitária com o brilhantismo, nas Faculdades de Direito e Medicina, lecionando Medicina Legal., diretor-geral do antigo hospital Getúlio Vargas., diretor-geral do antigo Departamento Médico Legal, transformando-o, em 1959, em Instituto de Medicina Legal e Criminalística (IMLEC).

Tinha com ele uma excelente relação fraterna e amiga e de parentesco. Foi médico de meu pai, num momento difícil, quando sofreu ferimento grave, provocando derrame pleural. Milton teve cuidados especiais e solidariedade para que meu pai se recuperasse de imediato, como aconteceu, graças à sua competência. Houve, entretanto, anos depois, por conta das brigas políticas locais, um período em que ficamos distantes. Durou pouco, por que de minha parte sempre preservei um respeito pela sua história e sua vida de gestos largos e grandezas humanas.

Um homem de bom gosto – uma justa definição para Milton Ribeiro Dantas. Apreciador dos bons vinhos, da boa gastronomia, do vestir bem, da mesa reservada com os amigos, da boa aparência, de bem com a vida.

Foi um dos fundadores da Tribuna do Norte e um dos primeiros redatores. Sua presença ainda está viva na memória dos que o conheceram de perto e reconhecia sua conduta ética, competência profissional, tudo que se originava de uma escola de profissionais da medicina que deixou grandes discípulos, a escola de Januario Cicco, Luiz Antônio, José Tavares, Onofre Lopes, João Machado e tantos outros.              

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