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Emoções na Big Apple

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Yuno Silva
repórter

Em Nova Iorque, o fotógrafo português Luís Pereira conseguiu fugir do clichê turístico e superou a dificuldade de clicar o cotidiano das pessoas ao enfatizar o lado humano e emocional das ruas. O patrício acumula imagens da ‘big apple’ desde 1992, e um apanhado significativo de seu trabalho foto-poético desembarca em Natal na próxima segunda-feira (18), às 18h, como parte das ações alusivas ao Dia Mundial da Fotografia celebrado dia 19. A exposição “N. Y. Emotional Landscapes – The incertitude principle”, título que pode ser traduzido como “N. Y. Paisagens Emocionais – O princípio da incerteza”, faz parte da série de atividades propostas pelo movimento “É Foto Potiguar 2014”, iniciativa que reúne associações, coletivos e fotógrafos interessados em expandir o conceito ainda pouco assimilado da foto autoral artística no RN.
Nesse ensaio do fotógrafo Luís Pereira, a paisagem urbana de Nova York cede espaço para emoções dos que vivem e passeiam pela metrópole
Em cartaz de 18 de agosto a 23 de setembro no foyer do Teatro de Cultura Popular (TCP/FJA), a exposição de Luís Pereira “é o ponto alto” da programação: “Um fotógrafo português, que fotografa Nova Iorque há mais de 20 anos, expondo em Natal! Existe coisa melhor para se comemorar o Dia Mundial da Fotografia?”, entusiasma-se Sônia Figueiredo, principal articuladora da vinda do convidado internacional. Ela avisa que Pereira estará em Natal para acompanhar a abertura da mostra. O português tem trabalhos publicados e premiados desde 1980. “Nesse trabalho o Luís reflete o cuidado que tem com o ato de observar sem interferir ou influenciar na verdade do registro, o que resulta em imagens autênticas, aliadas a um intenso preto e branco que nos levam as nossas próprias emoções”, comentou Sônia sobre a mostra.

A exposição conta com apoio da ong ZooN, Estúdio P, Fast Frame Natal, Mercado da Foto, do Fórum da Fotografia do RN (FOTO|RN), da Rede de Produtores Culturais da Fotografia Brasileira e da Fundação José Augusto. O acesso é gratuito e reproduções numeradas e autografadas pelo fotógrafo estarão à venda.

“Veremos nessa exposição momentos tão únicos como incertos de Nova Iorque, nos quais a paisagem urbana gentilmente cede lugar às emoções daqueles que por lá estavam, sob o olhar atento do fotógrafo. Um olhar voltado a momentos imponderáveis, que se perdem instantaneamente”, complementou Sônia Figueiredo.

Significado
Nascido em Lisboa, Luís Pereira chegou a cursar Engenharia Civil, se formou em Gestão Hoteleira, mas a fotografia falou mais alto: a magia de desenhar com luz e contraste vem dos tempos da Escola Naval, onde foi responsável pelo gabinete de Foto-Cine da Escola Prática de Engenharia. Atualmente trabalha na empresa aérea TAP, detalhe que facilita suas idas e vindas à Nova Iorque, e é sócio de A Pequena Galeria, em Lisboa.

“Quando me perguntaram pela primeira vez como entrei em contato com a fotografia, fiz uma espécie de regressão e topei com a figura do meu pai. Apesar dele nunca ter feito fotografia, havia o ritual de ‘ir ao fotógrafo’ e ser surpreendido com a revelação das fotos que fazíamos em casa. Depois disso passei a viajar acompanhado de uma reflex, mantinha contato com amigos que tinham uma relação aprofundada com a fotografia e era leitor de revistas importantes como a (francesa) Photo, na qual já tive o prazer de ver uma foto minha publicada”, recordou Luís Pereira em entrevista por e-mail ao VIVER.

Para Luís Pereira, o significado da fotografia vem sendo alterado ao longo do tempo, não só por seu amadurecimento profissional, afinal são 34 anos de fotografia, e o contato com outros autores e realidades, mas, sobretudo, os avanços tecnológicos: “Essa evolução alterou vertiginosamente o modo como as pessoas passaram a se relacionar com a imagem”. Confira bate-papo com o português:

O que a fotografia representa para você?
Sinto a fotografia como forma de preencher um vazio, como elemento de expressão e comunicação, mas sobretudo uma companhia numa vida feita de constantes viagens.

As facilidades tecnológicas catapultaram o volume da produção fotográfica. Isso banalizou a fotografia?
De fato. Vou falar do ponto de vista do cidadão comum: nos últimos anos tivemos grandes alterações, tanto no volume dessa produção quanto na divulgação e circulação. O lado descartável da fotografia digital conferiu certa banalização, hoje não temos mais aquele processo tradicional de revelação e os registros, muitas vezes, são conferidos por alguns segundos no visor da própria máquina. Nunca se produziram tantas imagens, mas nunca tão poucas imagens chegaram ao suporte físico. O lado positivo disso tudo é a democratização do acesso, o baixo custo e a possibilidade de, em tese, não existir momento ou acontecimento passível de não ser registrado.

Como surgiu a ideia de fotografar Nova Iorque?
Como trabalho em uma empresa aérea (TAP), tenho o privilégio das repetidas idas e vindas, e isso me trouxe a possibilidade de registrar de forma sistemática a cidade e suas transformações.

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