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Emprego se concentra em 5 cidades

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Andrielle Mendes – Repórter   

Levantamento realizado com base nos dados do Cadastro de Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho e Emprego e da Relação Anual de Informações Sociais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revela que 86,81% dos empregos formais gerados no Rio Grande do Norte entre 2003 e 2012 estão concentrados em apenas cinco dos 167 municípios potiguares. Só Natal, segundo o economista Marcus Guedes, autor do estudo, responde por mais da metade das vagas abertas no período (56,23% do total). Das 146.944 vagas efetivamente abertas no RN, Natal, Parnamirim, Macaíba, Mossoró e Caicó ‘abocanharam’ 127.560. Os outros 162 municípios se contentaram com as 19.384 vagas restantes, o que dá uma média de 11,9 vagas para cada município por ano, entre 2003 e 2012.
Terceiro lugar entre os setores que mais criaram empregos no ano passado, a Construção Civil manterá ritmo de contratações em 2013
O levantamento considera o saldo de empregos, que é a diferença entre contratações e demissões, e traz um dado preocupante, segundo William Pereira, professor doutor do Departamento de Economia da UFRN. “O levantamento mostra que o RN sofre de uma macrocefalia. A concentração de emprego e renda é muito grande, principalmente na região metropolitana”, afirma. Segundo William, é preciso interiorizar a geração de emprego e renda no Rio Grande do Norte. O pesquisador sugere a criação de ‘corredores’ de desenvolvimento e defende que se discuta a temática com urgência. Mas não é só o interior que contrata menos.

 O Estado como um todo contratou menos no ano passado. O saldo de empregos de 2012, que é a diferença entre contratações e demissões, foi 1,68% menor que o de 2011, que foi, por sua vez, 58% menor que o de 2010. A queda, inferior a 2% no último ano, rendeu ao estado o terceiro pior desempenho, em termos de contratação de mão de obra formal, dos últimos dez anos. 

A indústria de transformação foi, mais uma vez, a grande responsável por puxar os números para baixo. O setor demitiu só no ano passado 27.011 pessoas. As demissões renderam ao setor um saldo de 2.230 postos de trabalho formais a menos – o pior do estado.

Em outros estados do Nordeste, o resultado foi ainda pior. Em Alagoas, por exemplo, a geração de emprego formal recuou 92,54% entre 2011 e 2012. Entre as razões para a desaceleração da geração de empregos no RN e no país, estão fatores internos, como a desaceleração da produção industrial, e a quebra de safras com o agravamento da seca, e externos como a crise internacional.

Os especialistas evitam fazer projeções para o Rio Grande do Norte, mas concordam que a geração de empregos no estado vai depender do inverno, determinante para a agropecuária, e da execução de obras estruturantes, determinante para setores como a construção civil. A atração de indústrias, segundo Marcus Guedes, ajudaria a dinamizar a economia, ainda baseada na produção e exportação de bens primários. “Mas o que temos visto é o fechamento das fábricas”. A equipe de reportagem tentou entrar em contato com o presidente da Federação das Indústrias do RN (Fiern), Amaro Sales, para comentar o desempenho do setor, mas ele estava em viagem e não pôde atender as ligações.

De acordo com a série histórica do Caged, o ano com melhor saldo de empregos no Rio Grande do Norte foi 2010, com 30.266. O menor foi 2009, reflexo da crise global. Em 2012 e 2012, o saldo de empregos manteve estabilidade, na casa dos 12 mil.

Procura por profissionais está em alta

A procura por profissionais, confirma Wilton Gomes, coordenador do Sistema Nacional de Emprego, responsável pela intermediação de mão de obra no Rio Grande do Norte, aumenta neste período. As chances são maiores para quem busca uma vaga em bares, restaurantes e hotéis, que ampliam o quadro de funcionários entre os meses de dezembro e fevereiro. “Há vagas”, afirma Wilton. Basta que o candidato se planeje e se prepare para a seleção, completa. Só o Sine-RN oferecia 447 na última semana. Sérgio Felipe Silva de Oliveira, 23 anos, estava de olho numa delas. O estudante de marketing, que já trabalhou como caixa, recepcionista e vendedor, foi ao Sine para atualizar o cadastro, feito há quatro anos, e saiu com uma entrevista de emprego agendada.

Luana Araújo, promotora de vendas, 25 anos, também foi ao Sine ontem, mas não para atualizar o cadastro. “Estou participando de uma seleção de emprego. Espero ficar”, afirmou, no intervalo das dinâmicas de grupo. O contrato de trabalho de Luana está em vias de expirar e não será renovado. “Hoje (ontem) é meu penúltimo dia de trabalho. Tão logo soube desta seleção, decidi participar. Tenho outra proposta de emprego. Se não ficar nesta empresa, irei para a outra”. Para Luana, que é formada em Recursos Humanos, e atua na área de telefonia há anos, a experiência conta.

Foi a experiência que levou o professor Fabiano Machado a decidir abrir o próprio negócio. Depois de lecionar durante vários anos na rede privada de ensino e ser dispensado, ele resolveu abrir a própria empresa – um curso preparatório para concursos. “Queria acabar com a sensação de desconforto que os professores sentem sempre no final do ano. O professor nunca sabe se continuará na equipe ou será dispensado”. Hoje é ele quem contrata.

Comércio e serviços se destacam em meio à crise

Em meio a crise, dois setores se destacam: o setor do comércio e o de serviços, que juntos responderam por 11.621 das 12.265 vagas com carteira assinada abertas em 2012 no estado. Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho, o setor do comércio foi o que mais abriu vagas individualmente no ano passado (+6.168). O setor de serviços veio atrás, com 5.453 novas vagas. O desempenho em 2012 foi ligeiramente melhor que o de 2011.

 “Esperávamos superar o número de 2011 na abertura de novos empregos. Mas esta quase estabilidade também merece comemoração, sobretudo se verificarmos que todos os demais setores da economia registraram quedas consideráveis no número de empregos abertos em 2012 na comparação com 2011. O próprio volume de novas vagas do estado como um todo caiu de 12.475 em 2011 para 12.265 em 2012. Estes dados ratificam nossa percepção de que o ano de 2012 foi de muitas dificuldades para a nossa economia, sobretudo pela falta de investimentos públicos, nas três esferas”, afirmou o presidente do Sistema Fecomércio RN, Marcelo Fernandes de Queiroz. Segundo Marcus Guedes, os dois setores respondem por 71% de todas as vagas abertas no estado entre 2003 e 2012.

Outro setor que deverá continuar contratando bem, na avaliação de William Pereira, professor da UFRN, é a construção civil – o segmento foi o terceiro que mais contratou em 2012 no estado. Arnaldo Gaspar Júnior, presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no RN (Sinduscon/RN), concorda. A expectativa, segundo ele, é fechar o ano de 2013 com um número parecido com o obtido em 2012. “Esperamos fechar este ano com um saldo em torno de 2,4 mil ou 2,5 mil empregos”. Segundo Arnaldo, a execução de grandes obras, como o estádio Arena das Dunas e o aeroporto de São Gonçalo do Amarante, ajudarão a alavancar o setor. “Projetamos um crescimento de 5 ou 6% em 2013. Crescemos em 2012, num ritmo menor, mas crescemos”. O estádio solicitou ao Sistema Nacional de Empregos no RN (Sine/RN) que encaminhasse 500 trabalhadores, só em janeiro. O aeroporto de São Gonçalo do Amarante solicitou 150 este mês.

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