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Ensaios sobre a paisagem

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Yuno Silva
repórter do Viver

O olhar poético que permeia as imagens colecionadas pelo fotógrafo Alexandre Santos ao longo da última década será compartilhado em “As exposições que eu nunca fiz”. Com abertura agendada para esta sexta-feira (9), 19h, a mostra marca o início da temporada 2015 na galeria de arte Abraham Palatnik, mezanino do Mercado de Petrópolis. Santos selecionou 80 cliques divididos em cinco ensaios temáticos: “Do barro ao pó”, “Transitório concreto”, “Abstrações geométricas”, “Disperso olhar” e “Transfigurações Poéticas” – as séries estão separadas como se fossem cinco exposições simultâneas e independentes em um único ambiente.
Imagens foram capturas da cena urbana. Em pontos de ônibus, beira de praia e praças
E como o próprio título sugere, esta é a primeira exposição individual do autor, que também transita por caminhos audiovisuais junto aos parceiros do Coletivo Caminhos, Comunicação & Cultura. Suas imagens já integraram exposições coletivas, e foram selecionadas em concursos, festivais e salões de fotografia. Também figuraram em revistas especializadas como Fotografe Melhor e Brasileiros.

“As exposições que eu nunca fiz” de Alexandre Santos, resultado de dez anos de pesquisas, permanece em cartaz até o próximo dia 27 de janeiro, com visitação de segunda a sábado em horário comercial. A mostra foi contemplada pelo edital “Ocupação de Galerias”, iniciativa da Prefeitura de Natal e da Secretaria Municipal de Cultura que selecionou seis propostas.

“Enquanto todos fazem planos para o ano novo, eu estou realizando um sonho”, disse o fotógrafo, cujo trabalho lança foco sobre aspectos sociais e urbanos que muitas vezes passam despercebidos no corre-corre diário. “Percebo essa exposição como um exercício de sensibilidade, onde a poesia (in)visível é um convite para enxergar o nosso cotidiano com outros olhos”, destacou Alexandre, mestre em Estudos da Mídia pela UFRN e especialista em Artes Visuais – Cultura e Criação pelo SENAC.

Todas as 80 fotografias, com dimensões entre 20 cm x 30 cm e 60 cm x 90 cm, estarão à venda por preços convidativos: R$ 20 a menor sem moldura e R$ 40 com moldura. “Em vez de ampliar as cópias em ‘fineart’, que custam em média R$ 100 reais cada impressão, optei pelo papel fotográfico. A qualidade é profissional com preço mais acessível”, justificou.

Durante todo o período da exposição o público poderá participar do concurso “Registre antes que tudo se apague”, promoção que irá sortear uma obra entre os autores de fotos sobre a mostra postada na rede social Facebook acompanhados da ‘hashtag’ #AsExposiçõesQueEuNuncaFiz.

Amadurecimento
Alexandre Santos contou que o desafio de protagonizar uma exposição individual levou o tempo necessário para o amadurecimento de seu trabalho. “Ao tentar estabelecer um diálogo entre meu olhar e a sensação das pessoas, enfatizo a perspectiva dialógica do fotografia, afinal as imagens não pertencem apenas a mim e sim a todas as pessoas e situações retratadas”, explica.

A série “Transitório concreto” ilustra bem a intenção do fotógrafo em compartilhar: “Vejo essa série como um estudo etnográfico sobre os diversos universos que transitam diariamente pela passarela do Natal Shopping/Via Direta”, adiantou Santos, que levou dez anos para concluir sua pesquisa. “Apesar desse tempo de pesquisa, só fiz as fotos ano passado ao longo de dez dias quando encontrei o arremate que faltava para as fotos”.

O fotógrafo lembrou da panfletagem que faz na ocasião, permitindo que interagisse posteriormente com as pessoas clicadas. “O interesse era colher impressões e memórias de quem passa por ali. Teve gente que falou do medo de atravessar a passarela, reclamou da segurança (antes da restauração, concluída para a Copa do Mundo). Aquele caso do bombeiro, em 2006, que assassinou a namorada e depois se suicidou também foi bastante lembrado”. Santos propõe analogia da passarela com a vida: “é um espaço curto que atravessamos sem prestar muita atenção, e quando menos se espera já estamos do outro lado”.

Na série “Do barro ao pó”, realizada entre 2012 e 2014, traz ensaio sobre artesãos de São Gonçalo do Amarante, Martins, Felipe Guerra e São Miguel (Alto Oeste potiguar) que trabalham com barro. Enquanto “Transfigurações poéticas” o autor submete as imagens a alguma transformação: ou durante a captação (baixa velocidade, desfoque) ou manipulação digital. “As transfigurações ocorrem com intenções artísticas, possibilidades que resignificam as imagens”.

Já “Disperso olhar”, única série que inclui imagens dos dez anos que o intervalo da exposição abarca, revela imagens afetivas pinçadas do acervo acumulado por Alexandre Santos no período. “A maioria das imagens foram feitas no RN, e procuro extrapolar a visão turística ao captar paisagens humanas que me tocam. Espero que também possam tocar as pessoas”.

O ‘movimento’ dos prédios estão no centro temático de série “Abstrações geométricas”: o fotógrafo captou a ‘dança’ dos reflexos de edifícios localizados na Av. Paulista (em São Paulo), na bairro da Lapa e no centro do Rio de Janeiro. “O reflexo de um prédio no outro me trouxe a mistura interessante do geométrico com o abstrato”, conclui o fotógrafo.

Serviço
Mostra fotográfica “As exposições que eu nunca fiz”, de Alexandre Santos. Abertura nesta sexta-feira (9), às 19h, na galeria de arte Abraham Palatnik (mezanino do Mercado de Petrópolis). Visitação de segunda a sábado, horário comercial, até o dia 27 de janeiro.

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