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Entre dois mundos

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Apesar da forte influência da globalização,presente também no universo do vinho, e pior ainda da estandardização que tem encurtado sobremaneira a distância entre os estilos, cocacolizando-os, é sabido que a partir de certo nível da produção as distinções passam a ser mais perceptíveis. Chamamos estes, de vinhos com personalidade. Nessa categoria os estilos fazem-se perceber, porque o vinho é um produto da natureza, coadjuvado pelo homem, enquanto que na escala inferior os vinhos são esculpidos pelo homem ao gosto do mercado consumidor. Teoricamente, se quisermos fazer uma distinção clara entre os vinhos do novo mundo e do velho mundo, será o bastante dizer que, enquanto no velho mundo o terroir dita a uva, as denominações ditam a forma de fazer vinho, do vinhedo à vinícola, e a tradição, ainda que aperfeiçoada, norteiam o savoir faire do produtor; no novo mundo essa mesma tradição dá lugar à tecnologia, ao conhecimento acadêmico e às técnicas modernas.
A diferença teórica entre os vinhos do Novo e do Velho Mundo é que no primeiro, o terroir dita a uva, o vinho e norteia a tradição; enquanto o outro, a tradição dá lugar à tecnologia
Nesse contexto as Universidades Internacionais de Enologia, criadas a partir dos anos 80 do século passado, contribuíram sobremaneira com a produção do vinho, na medida em que, tratando a enologia de forma científica, transformaram métodos meramente empíricos, em normas técnicas e explicaram cientificamente o que até então era aceito, há séculos, sem contestação, pelo simples fato de dar certo. O fato é que os melhores vinhos, seja do velho ou do novo mundo, são aqueles que conjugam tradição e modernização, sem ceder às pressões do mercado. São aqueles que não se tornaram óbvios ou triviais apenas para agradar os grandes mercados. Estes resistiram e resistirão ao tempo. Nestes você percebe que há personalidade, e sente que a natureza deu sua valiosa contribuição. Nos demais, a mão do homem interferiu como pôde em favor do consumo, para atender a interesses econômicos próprios. Como se vê mais importante do que a procedência é seriedade do produtor, porque enquanto alguns se limitam a cumprir o que determina os órgãos certificadores das clássicas regiões apenas para se beneficiar da denominação, outros vão muito além, transformando com capricho e paixão a matéria prima que a natureza ofertou, numa obra de arte única. 

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