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Escola é palco de crime insano

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Rio (AE) – A escola municipal Tasso da Silveira, em Realengo, zona oeste do Rio de Janeiro, foi palco ontem do crime mais brutal num colégio do País. Por volta de 8h15, Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos, disparou mais de 100 tiros em duas salas no primeiro andar da escola. Dez meninas e dois meninos, entre 12 e 15 anos, morreram. Dez meninas e dois meninos ficaram feridos. Três deles estão em estado grave. Uma delas, Taiane Tavares Pereira, de 13 anos, foi atingida por três tiros, teve lesão na medula e corre risco de ficar paraplégica.

O desespero provocado por Wellington (foto menor) extrapolou as salas de aulas da Escola Tasso da Silveira, na Zona Oeste do Rio, onde ocorreu a chacina. O episódio deixou o Brasil estarrecido e solidário com as famílias das vítimas.Alertado por duas meninas que, mesmo feridas, conseguiram fugir da escola, o sargento da PM Márcio Alves trocou tiros com Wellington no corredor do primeiro andar. O atirador foi atingido na perna, caiu na escada e, segundo Alves, se matou com um tiro na cabeça. Toda a ação não durou mais do que 15 minutos. O governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), decretou luto oficial de sete dias em memória das vítimas.

Wellington chegou à escola por volta de 8h15 e se identificou como ex-aluno interessado em buscar seu histórico escolar. Estava bem-vestido, de camisa verde, calça e sapatos pretos, com uma mochila nas costas. Subiu direto para a sala de leitura, no primeiro andar. Na hora, foi reconhecido por sua ex-professora, Doroteia. “Você veio fazer palestra para os alunos?”, perguntou. A escola está comemorando 40 anos com palestras de ex-alunos bem-sucedidos.

Não era o caso de Wellington. Doroteia pediu que ele esperasse um pouco porque estava ocupada. Minutos depois começou a tragédia. Wellington saiu da sala, largou a mochila, colocou o cinturão com carregadores, entrou na sala em frente, e anunciou: “Vim fazer a palestra”. Em seguida, começou a atirar com um revólver 38 mirando na cabeça das crianças sentadas nas primeiras filas. A outra arma, um revólver 32, não foi usada.

Uma das crianças contou ao pai que Wellington usava fone de ouvido e que ria enquanto atirava. Alguns alunos se jogaram debaixo das mesas. Outros tentaram fugir. Quando Wellington parou de atirar para recarregar a arma, Patrick da Silva Figueiredo, de 14 anos, que estava nas fileiras de trás, saiu correndo de mãos dadas com uma amiga. Mas não deu tempo. Wellington acertou a menina, Patrick escorregou numa poça de sangue e quebrou o dedo do pé.

Em seguida, Wellington foi para a sala em frente e fez novos disparos. Segundo alunos, ele mandava que os meninos fossem para a parede. Mesmo diante das súplicas para não serem mortas, Wellington atirava na cabeça das vítimas. Quando estava no corredor, indo para o andar de cima, Wellington encontrou  o sargento Márcio Alves, do Batalhão de Polícia Rodoviária. Na troca de tiros, Alves acertou Wellington na perna. Em seguida, segundo o PM, Wellington se matou com um tiro na cabeça.

Na mochila do assassino foi encontrada uma carta, em que pede para ser enterrado ao lado da mãe adotiva, Dicéa Menezes de Oliveira. Pede também para que seu túmulo seja visitado por um “seguidor de Deus”. “Preciso que ele ore diante de minha sepultura pedindo perdão de Deus pelo que eu fiz”, diz Wellington na carta.

No momento do massacre, 400 alunos estavam na escola. As professoras, em pânico, fecharam as portas e bloquearam com cadeiras. No andar de cima, uma professora passou em todas as salas e mandou que os adolescentes subissem para o auditório, no quarto andar. Os alunos ficaram sentados no chão. Os professores trancaram a porta e colocaram cadeiras e armários para bloquear a entrada.

As ambulâncias não foram suficientes para socorrer os feridos. Luiz Alberto Coelho Barros, de 58 anos, passava em frente à escola quando viu adolescentes correndo em pânico. Alguns estavam feridos. “Era uma cena pavorosa. A frente da escola estava cheia de criança ferida no chão”, contou. Barros levou seis feridos na carroceria da sua Kombi. “Eles respiravam, mas estavam inconscientes. Uma delas tinha um buraco na cabeça.” Dois paramédicos foram na carroceria tentando prestar os primeiros socorros. Em dez minutos, escoltado por policiais, Barros chegou ao hospital Albert Schweitzer.

A Divisão de Homicídios da Polícia Civil já tinha identificado nesta quinta-feira (07) o dono do revólver 32. Ela está registrada no nome de um morador da zona sul do Rio. Em depoimento à polícia, ele disse que a arma pertencia ao pai, e foi roubada em 1993. O revólver 38 está com a inscrição raspada. O computador de Wellington foi apreendido pela polícia para tentar identificar quem vendeu a arma.

Atirador era quieto e reservado

Rio (AE) – Wellington de Oliveira  morava numa casa de alvenaria, de dois andares, na Rua José Fernandes, em Sepetiba, Rio de Janeiro. O imóvel está em má condição de conservação – tem vidraças quebradas e pichações na fachada. Na tarde de ontem, centenas de crianças de três escolas próximas à casa do atirador se reuniram em frente ao imóvel e acompanham o trabalho de policiais militares e civis que fazem vistoria em busca de informações sobre o rapaz.

O lote 18, onde Wellington morava nos últimos meses, fica praticamente em frente a uma escola municipal e a um Ciep. Uma terceira instituição de ensino está localizada a uma quadra de distância. Segundo vizinhos, Wellington era um rapaz quieto e reservado, mas apresentava comportamento normal. “Ele chegava todo dia, comprava pão na padaria, ovos no aviário e ia para casa. Só vivia dentro de casa”, disse a estudante Clara Isabelli, de 16 anos, moradora do local. A estudante Luciene de Oliveira, de 17 anos, também vizinha, se disse espantada com a notícia. “Ele tinha um comportamento normal. Foi uma surpresa para a gente. Ele não perturbava ninguém”, disse. A casa em que Wellington estava morando foi lacrada por policiais. O imóvel fica ao lado de dois pequenos terrenos abandonados.

Desespero e dor dos parentes

Rio (AE) – O desespero de pais e outros parentes das vítimas da tragédia no bairro de Realengo era incontrolável. Choro e gritos de pavor resumiam a dor daqueles que reconheciam as crianças assassinadas na Escola Municipal Tasso da Silveira. No Instituto Médico-Legal (IML), no centro, Waldir Nascimento, pai de Milena dos Santos Nascimento, de 14 anos, aluna do 6º ano, deixou o prédio em estado de choque, depois de identificar o corpo da filha. “Ela adorava a escola, não tinha faltado nenhum dia este ano”, contou Waldir, que tem mais duas filhas no colégio. Elas não sofreram nada. Perplexo com o crime, ele disse que pretende retirá-las da escola. Enquanto respirava com dificuldade, e sempre amparado por parentes, Waldir eximiu o Estado de culpa no episódio. “O que ele (o atirador) fez lá podia ter feito na Central do Brasil ou na praia. Não vou culpar o governo.”

Suely Guedes, mãe de Jéssica Guedes Pereira, de 15 anos, já havia reconhecido a filha por meio de uma foto no Hospital Albert Schweitzer, em Realengo, mas a família só confirmou a morte da adolescente no IML. “O sonho dela era entrar na Marinha Estava estudando para isso”, contou a mãe, inconformada com a perda. “Olhar para as coisas dela e o quarto vai ser muito difícil.”

Sem conter o choro, o primo de Jéssica, Clemilson Pereira, também estava inconsolável. “Era uma menina linda, adorava curtir os amigos, era a mais extrovertida da rua. Estive com ela ontem (quarta-feira), não tinha noção de que era uma despedida.”

A peregrinação dos parentes por vários hospitais da capital carioca e o IML era intensa e durou o dia inteiro. Daniele Azevedo estava em busca de informações sobre a prima, Larissa dos Santos Atanásio, de 15 anos, e sua tensão aumentava à medida que não avançava na investigação. “Os amiguinhos dela disseram que ela levou um tiro no braço, mas não conseguimos encontrá-la”, disse.

Parentes de Larissa perambulavam pelo Hospital Albert Schweitzer com duas fotos da estudante. Horas depois, todos deixaram o local transtornados. Larissa havia sido identificada como uma das vítimas numa foto levada por policiais.

Nádia Ribeiro, madrinha de Mariana Rocha de Sousa, de 13 anos, ficou sabendo da tragédia pela imprensa. Ela contou que uma vizinha, colega de Mariana, a viu no chão, já sendo transferida para a maca. “Ela era uma menina muito vaidosa, queria ser modelo e adorava fotografar. Era muito estudiosa”, descreveu Nádia. Um irmão de 9 anos de Mariana, também aluno da escola, ficou apavorado com os tiros que vinham do segundo andar do prédio. O garoto estava no andar de cima. “A professora mandou que e turma dele se abaixasse”, relatou Nádia, muito emocionada.

Histórias dramáticas se espalhavam pelos corredores do Albert Schweitzer. Valéria Pires, irmã de Samira Pires Ribeiro, de 13 anos, tentava explicar o sentimento da família. “Estamos todos muito mal. Minha mãe está em estado de choque, ela acabou de ver uma foto da filha dela morta. A Samira começou a estudar lá este ano, ninguém imaginava que uma coisa dessas poderia acontecer.”

Entre os mais abalados, muitos preferiam não dar declarações. Foi o caso de Perla Maria dos Reis Paes, tia das gêmeas Bianca e Brenda, de 13 anos. A primeira morreu com um tiro na cabeça, Brenda foi atingida no braço.

De acordo com o diretor de Polícia Técnica e Científica do Estado, Sérgio da Costa, a maioria dos disparos foi feita no tórax e na cabeça das vítimas, o que dificultava o reconhecimento . Ele acrescentou que houve também tiros à queima-roupa. “É um trabalho complicado, pois é difícil para pais e mães que perderam crianças que estavam no seu auge, estudando.”

“Vou matar, é melhor não fugirem”

Rio (AE) – “Eu só escutava gritos. Ele (o assassino) gritava: ‘Eu vou matar, é melhor vocês não fugirem. Vou matar de qualquer jeito, não adianta correr’.” O relato dramático de Jade Ramos de Araújo, de 12 anos, só não traduz de forma mais fiel a tensão que viveu nesta quinta-feira (07) do que a palma da mão que ela mostra, rabiscada. Trancada numa sala da Escola Municipal Tasso da Silveira para se proteger do assassino que atirava em outros alunos ali perto, ela recorreu a uma caneta para dar vazão ao medo. “Para me acalmar, fiquei desenhando na minha mão”, contou Jade. Ela só saiu da sala onde se refugiou ao ouvir os primeiros tiros de Wellington Menezes de Oliveira após ser localizada pelo irmão mais velho.

“Meu irmão saiu batendo de porta em porta e conseguiu me pegar. Eu só escutava gritos. Parecia uma cachoeira de sangue nas escadas”, contou a aluna da 6º série. “Agradeço aos policiais que salvaram a minha vida (porque) ele ia encurralar todo mundo lá em cima. Ele gritava: ‘Vira para a parede que eu vou te matar’. E atirava. Tive muito medo de ele me matar.”

A dramaticidade do relato de Jade foi comum a tantos outros depoimentos de sobreviventes e testemunhas. O carteiro Hercilei Antunes, de 44 anos, mora bem em frente à escola e ficou em pânico quando ouviu os primeiros tiros. Logo pensou na filha, de 15 anos, e num sobrinho, estudantes do colégio.

“Eu ouvi os tiros e corri em direção à escola. Mas cada vez que eu ouvia um disparo eu parava, pois não sabia de onde vinham as balas ou quem estava atirando. A polícia chegou rápido e, após a morte do assassino, corri até a sala da minha filha. Vi professores e alunos deitados no chão apavorados. Só lembro de pegar os dois pelo braço e descer as escadas suando”, afirmou.

Como outros pais, o carteiro tentava entender como uma escola que possui câmeras e um portão gradeado, além da portaria principal, pode ser tão vulnerável à entrada de um estranho armado. Logo após o massacre, o barulho dos tiros atraiu muitos parentes e amigos dos alunos e professores para a escola em busca de informações. A Guarda Municipal (GM) fez um isolamento e só depois das 11 horas uma equipe de assistentes sociais chegou para atender parentes.

Vizinha da escola, a dona de casa Lúcia Regina da Silva, de 40 anos, teve de esperar para ter certeza se o filho Marcus Vinícius, de 10 anos, estava vivo. Ela elogiou a ação dos professores.

Terceiro-sargento detém atirador e vira herói

Rio (AE) – O terceiro-sargento da Polícia Militar Márcio Alexandre Alves, de 33 anos, lotado no Batalhão Policial Rodoviário, participava de uma operação rotineira de fiscalização de veículos com agentes do Departamento de Transportes Rodoviários (Detro), na Avenida Piraquara, quando foi surpreendido por duas estudantes ensanguentadas. Elas contaram que foram feridas por um homem (Wellington de Oliveira) que estava atirando em outros alunos da Escola Municipal Tasso da Silveira, a poucos metros da blitz.

Imediatamente, Alves e outro policial que o acompanhava colocaram as alunas atingidas num carro da polícia e correram até o colégio. “Ao me aproximar da escola, eu ouvi disparos. Corri, subi as escadas e, quando cheguei ao segundo andar, encontrei o assassino, que apontou a arma contra mim. Acho que eu o atingi no abdômen. Ele caiu e depois deu um tiro na cabeça”, contou o sargento Alves.

Aplaudido e chamado de herói por outros policiais, ele revelou que recebeu um beijo de uma das alunas depois que retirou as primeiras crianças refugiadas de uma sala de aula. “Eu fico dividido entre dois sentimentos. Sinto tristeza porque tenho filhos da mesma idade dessas crianças. Ao mesmo tempo, tenho a sensação do dever cumprido. Cheguei no instante em que ele se preparava para subir ao terceiro andar e entrar em outras salas de aula.”

A primeira preocupação de Alves e dos primeiros policias que chegaram à escola era sobre um boato que surgiu entre os alunos de que lá haveria um segundo atirador. Logo que as crianças foram retiradas, eles começaram a vasculhar todas as salas do colégio. Os policiais ficaram impressionados com o cinturão de munições usado pelo assassino e ainda com um objeto chamado speed, que permitiu a Wellington de Oliveira recarregar a arma com velocidade.

A participação do terceiro sargento na morte do assassino foi revelada pelo governador Sergio Cabral (PMDB), que fez questão de agradecer em público ao policial. Em seguida, Alves concedeu uma rápida entrevista coletiva na quadra esportiva da escola.

Premeditação – Carta escrita pelo suicida

Primeiramente deverão saber que os impuros não poderão me tocar sem usar luvas, somente os castos ou os que perderam suas castidades após o casamento e não se envolveram em adultério poderão me tocar sem usar luvas, ou seja, nenhum fornicador ou adúltero poderá ter contato direto comigo, nem nada que seja impuro poderá tocar em meu sangue, nenhum impuro pode ter contato direto com um virgem sem sua permissão, os que cuidarem de ‘meu sepultamento deverão retirar toda a minha vestimenta, me banhar, me secar e me envolver totalmente despido em um lençol branco que está neste prédio, em uma bolsa que deixei na primeira sala do primeiro andar, após me envolverem nesse lençol poderão me colocar em meu caixão.

Se possível, quero ser sepultado ao lado da sepultura onde minha mãe dorme. Minha mãe se chama Dicéa Menezes de Oliveira e está sepultada no cemitério Murundu. Preciso da visita de um fiel seguidor de Deus em minha sepultura pelo menos uma vez, preciso que ele ore diante de minha sepultura pedindo o perdão de Deus pelo o que eu fiz rogando para que na sua vinda Jesus me desperte do sono da morte para a vida eterna.

Eu deixei uma casa em Sepetiba da qual nenhum familiar precisa, existem instituições pobres, financiadas por pessoas generosas que cuidam de animais abandonados. Eu quero que esse espaço onde eu passei meus últimos meses seja doado à uma dessas instituições, pois os animais são seres muito desprezados e precisam muito mais de proteção e carinho do que os seres humanos que possuem a vantagem de poder se comunicar, trabalhar para se sustentar, os animais não podem pedir comida ou trabalhar para se alimentarem, por isso, os que se apropriarem de minha casa, eu peço por favor que tenham bom senso e cumpram o meu pedido, pois cumprindo o meu pedido, automaticamente estarão cumprindo a vontade dos pais que desejavam passar esse imóvel para meu nome, todos sabem disso.

Senão cumprirem meu pedido, automaticamente estarão desrespeitando a vontade dos pais, o que prova que vocês não tem nenhuma consideração pelos nossos pais que já dormem. Acredito que todos vocês tenham alguma consideração pelos nossos pais, provem isso fazendo o que eu pedi.

Presidenta chora e decreta luto

Brasília (AE) – A tragédia na escola de Realengo, no Rio de Janeiro, fez com que a presidenta Dilma Rousseff encurtasse a cerimônia, na manhã de ontem, em que deveria ser comemorada a marca de 1 milhão de empreendedores inscritos no Programa Microempreendedor Individual. Visivelmente emocionada, a presidenta pediu um minuto de silêncio antes de encerrar o evento e chegou a embargar a voz ao falar das crianças assassinadas, a quem se referiu como “esses brasileirinhos que foram retirados tão cedo da vida”.

Logo depois, decretou luto oficial de três dias. Ao sair de outra cerimônia, à tarde, Dilma informou que “fará o maior esforço possível” para ir ao Rio de Janeiro, provavelmente na tarde desta sexta-feira. A presidenta disse que está conversando com o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), mas ainda não sabe o horário do enterro das crianças.

Dilma foi informada do assassinato em série logo que chegou ao Planalto pela ministra da Secretaria de Comunicação da Presidência, Helena Chagas, e logo em seguida falou com Paes e com o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB). De acordo com o porta-voz da Presidência, Rodrigo Baena, Dilma teria ficado “chocada e constrangida” e pedido para falar com o prefeito e o governador em seguida. Também determinou ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso, que oferecesse toda a ajuda do governo federal.

Antes da cerimônia do final da manhã, a presidenta avisou a seus auxiliares que queria encurtá-la. Nenhum ministro fez discurso, apenas um vídeo institucional foi apresentado. “Eu não vou fazer um discurso porque hoje nós também temos o que lamentar, que é o fato do que aconteceu em Realengo com crianças indefesas. Não era característica do País ocorrer esse tipo de crime. Por isso, eu considero que todos aqui, todos nós, homens e mulheres aqui presentes, estamos unidos no repúdio àquele ato de violência, no repúdio a esse tipo de violência, sobretudo com crianças indefesas”, disse, ao explicar o motivo da brevidade da cerimônia. “Por isso, eu encerro o meu pronunciamento cumprimentando os empreendedores individuais, mas, sobretudo, homenageando crianças inocentes que perderam a vida e o futuro neste dia, lá em Realengo.”

Já o ministro da Educação Frenando Haddad, cancelou uma visita à Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul e a participação na inauguração de uma escola técnica em Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre, previstas para a tarde de ontem, para voltar a Brasília, de onde vai participar de ações de solidariedade às famílias das vítimas do massacre de crianças no Rio de Janeiro. “Vou me colocar à disposição da presidenta Dilma  e do prefeito Eduardo Paes.”

O Trajeto do terror

1 Bem vestido, portando uma mochila com dois revólveres, atirador chega à escola às 8h15.

2 Wellington encontra uma ex-professora que o reconhece. Os dois conversam brevemente.

3 Ao entrar numa sala de aula do primeiro andar, ele saca os revólveres e abre fogo.

4 Garotas feridas conseguem chegar à rua e pedem ajuda a PM que fazia blitz no bairro.

5 Policial entra no prédio e se depara com Wellington, que já teria feito 30 disparos.

6 Acuado e ferido, o atirador aponta o revólver para a própria cabeça e se mata.

7 Polícia encontra carta em que o atirador manifesta intenção de se matar após massacre.

8 Feridos são socorridos enquanto pais, em desespero, correm para a escola.

memória – O  “rambo”  potiguar

O Rio Grande do Norte também já viveu uma tragédia provocada por um atirador enlouquecido. Foi em maio de 1997, quando Genildo Ferreira de França, um ex-atirador de elite do Exército, armado com uma pistola automática e um revólver calibre 38 resolveu acertar as contas com a ex-mulher e com as pessoas que supostamente estariam colocando em dúvida sua masculinidade. 

As mortes em série ocorreram no povoado de Santo Antônio dos Barreiros, em São Gonçalo do Amarante. Com um colete camuflado, o ex-soldado iniciou o plano macabro na quinta-feira, 22 de maio, à tarde  fazendo refém a jovem Valderice Ribeiro. À noite, matou a mulher e outros familiares.

Depois de assassinar familiares e a ex-mulher, Genildo passou a atirar contra quem cruzava seu caminho. O comerciante Fernando Correia, 42 anos, teve e infelicidade de estar no local errado, na hora errada. Ele foi morto dentro do caminhão quando subia uma ladeira no povoado. Daí em diante os números de vítimas foram aumentando e só parou quando Genildo foi morto pela polícia.

A matança em série virou documentário – Sangue no Barro – que chegou a ser exibido em salas de cinemas de Natal e também na TV Cultura.

Massacres em escolas tiveram início em 1764  nos EUA

Gustavo ChacraAgência Estado

Nova York – Massacres de estudantes em escolas e universidades começaram nos Estados Unidos 12 anos antes da independência do país. Em 1764, guerreiros indígenas invadiram uma escola maternal de colonos brancos e mataram dez crianças e dois professores na Pensilvânia. Ao longo dos mais de dois séculos seguintes, episódios similares se repetiram do Pacífico ao Atlântico.

O mais célebre de todos os ataques, em abril de 1999, é o de Columbine, que se tornou tema de documentário de Michael Moore e inspirou o cineasta Gus Van Sant para produzir o seu filme “Elephant”. Eric Harris e Dylan Klebold mataram outros 13 alunos nesta High School (Ensino Médio) do Colorado antes de se suicidar. Na ação, planejada ao longo de meses, eles usaram armas de fogo e bombas.

Oito anos mais tarde, semanas antes da formatura dos alunos, o mais sangrento massacre da história universitária americana ocorreu quando o estudante de literatura inglesa Seung Hui Cho assassinou 27 colegas e cinco professores na Universidade Virginia Tech. Assim como os criminosos de Columbine, ele se matou em vez de se entregar para as autoridades.

Ao estudar estes casos e outros que tiveram menos repercussão, autoridades americanas ainda tentam definir um padrão para esses assassinos. Em geral, eles seriam vítimas de bullying com problemas psicológicos. Outros acrescentam ainda a facilidade para se adquirir armas de fogo em muitos Estados americanos, onde praticamente não existe restrição.

Uma das saídas para tentar impedir novos ataques é descobrir os planos dos assassinos antes de eles levarem adiante os ataques. Os dois atiradores de Columbine já haviam sido encaminhados para prisões juvenis e passado por atendimentos psiquiátricos. Anos antes dos assassinatos, eles escreviam em um site sobre as ameaças contra outros estudantes da escola.

Logo depois destes episódios, as universidades e escolas costumam anunciar medidas para tentar coibir ações violentas. A Universidade Columbia, em Nova York, na época do ataque na Virginia Tech, chegou a cogitar colocar detector de metais. Quatro anos depois, qualquer pessoa tem acesso durante o dia às instalações universitárias, menos à biblioteca, sem precisar sequer mostrar documentos ou passar por qualquer forma de inspeção. O mesmo se aplica à Universidade de Nova York (NYU).

Tragédias insanas – Alguns dos assassinatos em série que chocaram o mundo

ÔDezembro de 1989

Jovem louco entra numa lanchonete da Universidade de Montreal e mata 14 mulheres.

ÔMarço de 1996

Ex-escoteiro Thomas Hamilton, de 43 anos, mata 16 crianças numa escola primária da cidade escocesa de Dunblane.

ÔMaio de 1997

Ex-soldado do Exército num surto de raiva da ex-mulher, mata 15 pessoas em São Gonçalo do Amarante/RN.

ÔAbril 1999

Dois jovens invadem uma escola da cidade americana de Columbine, matam 13 alunos e depois comentem suicídio.

ÔJunho de 2001

Homem com problemas mentais mata oito crianças no Japão.

ÔSetembro de 2004

Radicais chechenos rendem  professores, pais e alunos que estavam em uma escola de Beslan, na Rússia, atiram e explodem bombas presas ao corpo. Mais de 200 mortos.

ÔAbril de 2007

Estudante de literatura inglesa Seung Hui Cho mata 27 estudantes, cinco professores, fere 29 e depois se mata no campus da Universidade Virgínia Tech, nos Estados Unidos.

ÔAbril de 2011

Jovem de 23 anos, sem antecedentes criminais, entra numa de Realengo, Rio, e sai atirando em quem encontra pela frente.

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