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Escolas encontram nas atividades extracurriculares uma forma de afastar os alunos da violência

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Um trabalho “de formiguinha” que vem dando certo. Para o professor de Taekwondo Jânio Jales, se o esporte mudar a mentalidade de dois a cada dez alunos seus, a atividade terá valido a pena.  Junto a empresas e ONGs (Organizações não governamentais), a Escola Estadual Jean Mermoz descobriu nas atividades extracurriculares, como o esporte, a música, a leitura e inclusão digital, uma forma de afastar os alunos da violência e integrar a sociedade, como forma de autoproteção da comunidade escolar.
A capoeira está mudando a realidade de jovens que aprendem, nos fundamentos do esporte, a respeitar o mestre e os companheiros
“O bairro do Bom Pastor é uma área de risco, com alto índice de homicídios e drogas. Nós tiramos eles do ócio. Quando estão com a mente ocupada, evitam os pensamentos maus”, avalia o vice-diretor da escola, Antônio Costa.

No Judô, Ronildo Esterferson da Silva, de 12 anos, conta que já presenciou muita briga dentro entre colegas, mas estão todos aprendendo a ter mais disciplina. “A gente passa a ser mais educado, respeitar a autoridade e as outras pessoas”, coloca. Com 40 alunos matriculados no esporte, o professor Rodrigo Campelo destaca as regras que eles devem seguir para se manter nos treinos. “Se  praticar violência, sai. Se consumir drogas, também. A gente ensina o respeito, a disciplina e a ajuda ao próximo”, pontua.

As atividades tornam-se tão atrativas, que os alunos não querem deixar a escola. “Ela chora para vir. Não quer perder uma aula. Acho que é melhor assim”, conta a babá Cristina Silva, tia da aluna Tifanny, de oito anos.
#SAIBAMAIS#
Além do programa Mais Educação, do Governo Federal, as  parcerias com empresas e uma ONG ampliaram para 330 o número de  alunos envolvidos com as atividades.

Em alguns dos esportes, jovens, pais e interessados, de toda a comunidade, podem participar de treinos voltados especificamente para eles.

Apesar disso, os professores destacam as dificuldades enfrentadas pela falta de apoio de algumas famílias – fato que a escola tem se esforçado para mudar. “Muitos aprendem uma coisa aqui, e tem o conhecimento desconstruído em casa, com os pais”, lamenta o professor Jânio, citado no início da reportagem.

Padre Monte

Nas Rocas, alunos e ex-alunos se voluntariaram para dar aula de balé, violão e outras artes na Escola Padre Monte. É o caso de Jonh Viana, de 20 anos, que hoje está na Escola Municipal de Ballet de Natal e já participou de festivais no eixo Rio/São Paulo.  A escola também conta com atividades do Mais Educação, mas ampliou o leque de opções por conta própria. “Temos alunos que saíram daqui e estão se destacando”, conta o diretor administrativo. Porém os cursos estão parados temporariamente e só devem ser retomados no fim deste mês.

RN Vida

Um projeto que não conta com qualquer recurso no orçamento pode dar certo? Um tempo de cooperação assinado entre Estado, UFRN, Ministério Público, Sesc, Fecomércio, além dos Poderes Legislativo de Judiciário resolveu dois problemas de uma única vez. Desde outubro, o projeto RN Vida mantém 400 crianças envolvidas em atividades de esporte e cultura, voltadas para o combate às drogas e à violência. E também revitalizou o espaço do Caic de Lagoa Nova, que estava abandonado havia anos. Segundo a coordenadora pedagógica do projeto, Carminha Soares, pelo 26 escolas, localizadas no entorno, são beneficiadas.

Os professores são da rede estadual de Educação, bem como da UFRN e de outros parceiros. Não há gasto sequer com a manutenção do gramado, que é cortado por dependentes químicos em tratamento terapêutico. 

O Centro Integrado de Esporte e Cultura oferece aulas gratuitas de futsal, vólei, atletismo, natação, jiu-jitsu, capoeira, judô, dança, violão e flauta para estudantes das escolas públicas, entre o 6º e o 9º período.

O esporte está mudando o rumo de jovens como André Felipe Barbosa, de 16 anos. Ele entrou nas aulas de capoeira há duas semanas e também pratica natação. As tardes de quatro dias da semana são passadas no Caic sob supervisão de responsáveis e professores, para tranquilidade dos pais. Ele revela que já foi suspenso da escola por causa de brigas, mas está mudando o comportamento. “A gente passa a respeitar o mestre e as demais pessoas”, avalia. “Nós temos alunos que já sofreram violência, meninas que foram estupradas, mas aqui eles se sentem respeitados. E isso causa uma transformação”, considera a coordenadora.

O professor de Educação Física, André Lima, que dá aulas de vôlei, ainda afirma que pessoas da própria comunidade passam a incentivar o trabalho.

O RN Vida também conta com um espaço de leitura, que recebe doações de livros.

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