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Escotismo no RN completa 90 anos

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MOVIMENTO - Jovens escoteiros trabalham a cidadania, o censo comum para formar o cidadão e até o trabalho em grupo

“Venho lembrar e pedir a sua bela alma de brasileiro em grande serviço: a criação no Rio Grande do Norte de batalhões de escoteiros..”, assina Olavo Bilac, em 1916. A partir desse momento, inicia o movimento do escotismo no Estado, que esse mês completa 90 anos de atuação.

Após receber a carta de seu amigo e vice-governador na época, o poeta potiguar Henrique Castriciano, funda oficialmente o escotismo no RN, no dia 24 de junho de 1917, com a participação da Base de Natal, através do comandante Antônio Monteiro Chaves e do professor Luiz Soares de Araújo. O primeiro grupo de escoteiros era composto por 32 jovens.

José Lourenço, dirigente do grupo de escoteiros Professor Luís Soares, conta que entrou para o movimento em 1952 e hoje, com 70 anos, ainda está na ativa. “Naquela época, ser escoteiro era a coqueluche do momento. Quem não fosse escoteiro não tinha feito nada na mocidade. A influência dos pais também era forte”, conta.

Ele diz que entrou para o escotismo aos 11 anos de idade, já como escoteiro – pois para ser lobinho é necessário estar entre 7 e 10 anos de idade – “Nós fazíamos as nossas reuniões às quintas-feiras. As escolas tinham que, nesse dia, repetir uma matéria dada, pois o escotismo era curricular”.

Lourenço reforça que a maioria dos jovens e adolescentes não querem ser escoteiros nos dias de hoje. “Eles dizem ‘eu vou nada ser escoteiro’, mas por experiência própria digo que o escotismo é tão bom que chega a ser capaz de afastar qualquer jovem das drogas”.

Antigamente, os grupos acampavam em bairros ainda não povoados como Lagoa Nova, Morro Branco, Igapó, etc. João Lourenço revela que era tudo mato. O grupo ia à pé e voltava à pé com a mochila nas costas e que hoje, acampam em fazendas e sítios e alguns integrantes levam até computador.

Hoje existem 48 grupos de escoteiros no RN supervisionados pela União dos Escoteiros do Brasil (UEB), aqui no Estado. Segundo o presidente da União, Carlos Roberto Lopes, o escotismo é um movimento que veio evoluindo na sua prática sem perder a sua essência.

“Ao logo do tempo, passamos a se adaptar e caminhar para aquilo que o jovem quer, mas sem perder o foco principal que é o modo do escoteiro. Nós trabalhamos a cidadania, o censo comum para formar o cidadão e até o trabalho em grupo”, falou o presidente.

Os grupos se reúnem regularmente aos sábados. A criança recebe a prática do escotismo e trabalha em equipe, no ramo “Lobinho”, que vais dos 7 aos 10 anos de idade. Dos 11 aos 15, ele se torna escoteiro. Já dos 15 aos 18 o ramo do escotismo é denominado de “Sênior”. Por último, a partir dos 18 anos até os 21,  o jovem passa a integrar o ramo “Pioneiro”

Uma forma de educar os jovens

O fundador do Escotismo é o inglês Robert Baden-Powell ( BP ), autor do livro “Aids for Scouting”, onde ele dava dicas de acampamento e contava sobre suas experiências na África e na Índia como General do Exército Britânico. Ao notar o grande interesse que os jovens demonstravam por esse livro, Baden-Powell construiu toda a idéia do Escotismo ( Scouting, em inglês ). Logo, escreveu o livro “Scouting for Boys”, que até hoje é considerado a principal publicação e marco da fundação do Movimento Escoteiro. O primeiro acampamento escoteiro ocorreu em 1907. No Brasil, o escotismo é uma organização não governamental, sem fins lucrativos, atuando na formação de jovens como instituição de educação não-formal desde 1910.

O Escotismo é um movimento educacional de jovens, com a colaboração de adultos, voluntário, sem vínculos político-partidários, que valoriza a participação de pessoas de todas as origens sociais, raças e crenças, de acordo com o Propósito, os Princípios e o Método Escoteiro concebidos pelo Fundador Baden-Powell.

O Propósito do Movimento Escoteiro é contribuir para que os jovens assumam seu próprio desenvolvimento, especialmente do caráter, ajudando-os a realizar suas plenas potencialidades físicas, intelectuais, sociais, afetivas e espirituais, como cidadãos responsáveis, participantes e úteis em suas comunidades, conforme definido pelo seu projeto educativo.

Uma proposta para a Prefeitura

Os maiores grupos de escoteiros potiguares são os de Candelária, Mirassol, Universitários e o Professor Luis Soares. Ao todo, segundo Carlos Lopes, são 25 mil integrantes em todo o Brasil, dentre estes, dois mil são do RN.

“Os escoteiros realizaram grandes obras aqui no Estado, dentre elas temos a criação da Policlínica e da Faculdade de Odontologia”, conta o presidente. O grupo também cuidava e cadastrava cerca de 11.245 norte-rio-grandenses acometidos da fatal “febre espanhola”, em 1919 e faziam programas de ajuda a milhares de emigrantes da seca aqui no Estado.

“Diante da grandeza do movimento, propomos a criação de grupos de escoteiros nas escolas públicas ao prefeito Carlos Eduardo e a secretária de Educação, Ana Cristina, para atuar nas comunidades carentes”, disse Carlos Lopes.

A proposta visa a capacitação de adultos voluntários, onde o poder público entraria com o fornecimento do espaço e do material didático nas escolas. Segundo o presidente, o projeto foi encaminhado pela Frente Parlamentar Escoteira dirigida ,no RN, pelo vereador Osório Jácome, os deputados Antônio Jácome, Walter Alves, Poty Cavalcanti e José Dias.

“Eu faço um apelo para que o movimento possa crescer e que ele seja um aliado à família. Ao invés das crianças estarem obsoletas, recebem diversão, conhecimento e desenvolvimento cidadão. É uma coisa barata para o poder público investir”, concluiu Carlos Lopes.

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