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Escrevendo a cultura potiguar

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Yuno Silva
Repórter

A sala de reuniões batizada com o nome do médico e acadêmico Onofre Lopes (1907-1984), na sede da Academia Norte-riograndense de Letras, ficou pequena para acomodar todas as pessoas interessadas nos detalhes sobre a medalha Mérito Acadêmico Jornalista Agnelo Alves. Criada para destacar o trabalho jornalístico na área cultural em solo potiguar, a honraria foi apresentada na manhã de segunda-feira (28) e abre a série de atividades que irão celebrar os 80 anos da entidade. A ANL foi fundada em 14 de novembro de 1936, e os planos é esticar a festa até novembro do próximo ano.
Antes do café da manhã, houve lançamento da comenda, em uma das salas da ANRL, com presença de jornalistas e gestores.  A proposta é laurear, uma vez por ano, profissionais e empresas de comunicação
A medalha presta justa homenagem ao jornalista, escritor e político Agnelo Alves (1932-2015), que ocupava a cadeira de número 4 cujo patrono é o poeta natalense Lourival Açucena. A proposta é laurear, uma vez por ano, profissionais e empresas de comunicação em quatro categorias: jornalismo impresso e/ou de blogs; televisão; rádio; mais prêmio para um jovem jornalista em atividade (que também pode ser estudante). Vale ressaltar que a medalha terá edição limitada a 40 unidades, ou seja: o Mérito Acadêmico Jornalista Agnelo Alves será concedido por uma década.

“A Academia está em constante movimento, criando possibilidades que podem ser úteis à sociedade. Sempre que há algum interesse cultural estamos envolvidos”, disse o advogado e poeta Diógenes da Cunha Lima, presidente da ANL há 15 mandados bienais consecutivos. “São 30 anos de dedicação, e toda vida já sou candidato”, adiantou o acadêmico com bom humor. As eleições para renovação da diretoria acontecem em dezembro próximo.

Diógenes explicou que os concorrentes ao Mérito cultural serão indicados por colegiado da própria Academia Norte-riograndense de Letras e/ou “sugerido por qualquer outra instituição cultural do Estado”. A decisão quanto aos nomes agraciados com a medalha é de responsabilidade dos acadêmicos, resultado definido em assembleia geral. “Não temos como garantir a primeira leva de medalhas para este ano, nosso trabalho está focado em 2016”.

Encontro inédito e Revista
O prefeito Carlos Eduardo, filho do homenageado Agnelo Alves, marcou presença e discursou durante a solenidade de ontem. “Estamos vivendo uma data especial: pela homenagem, pelo lançamento da medalha e pelos 80 anos da Academia. Fico muito grato com a homenagem a meu pai, um jornalista dedicado que enfrentava seus problemas em frente a máquina de escrever”, lembrou o prefeito. “Uma de suas últimas felicidades foi ter assumido uma cadeira aqui na ANL”, garantiu.

O chefe do executivo antecipou os planos de abrir uma mesa para os imortais da ANL durante o Festival Literário de Natal, em novembro. De qualquer forma a Academia potiguar terá lugar garantido no FLIN: Dácio Galvão, secretário Municipal de Cultura, também presente na solenidade, confirmou mesa em que Diógenes da Cunha Lima irá receber convidados da Academia Brasileira de Letras – um encontro até agora inédito.

Ainda sobre o FLIN, Carlos Eduardo contou que o poeta, crítico e ensaísta maranhense Ferreira Gullar, 85, declinou do convite de participar do evento em Natal “por não viajar de avião”. O prefeito elogiou o apoio do jornalista e escritor potiguar Murilo Melo Filho, imortal da Academia Brasileira de Letras, e do também jornalista e escritor Zuenir Ventura, 84, na articulação junto aos acadêmicos da ABL.

A apresentação da medalha Mérito Acadêmico Jornalista Agnelo Alves também foi prestigiada pelos acadêmicos Valério Mesquita, Manoel Onofre Júnior, Iaperi Araújo e Leide Câmara, os jornalistas Tarcísio Gurgel, Margot Ferreira, Sérgio Vilar e Antônio Nahud, o poeta Lívio Oliveira e Thiago Gonzaga, escritor e editor da Revista da Academia Norte-riograndense de Letras.

Academia de Letrinhas
O presidente da ANL, Diógenes da Cunha Lima, reforçou o papel cultural da instituição, e entre as diversas ações citadas destacou o projeto Academia de Letrinhas, desenvolvido junto a estudantes (a partir dos 14 anos) do ensino médio e de turmas dos últimos anos do ensino fundamental. “Mensalmente recebemos a visita de alunos e professores aqui na sede da Academia, ou vamos até as escolas, para conversar sobre Educação e Cultura, distribuímos livros e incentivamos a criação de uma Academia Jovem”, informou o advogado e poeta.

As ações acadêmicas também alcançam outras cidades do RN, como o incentivo a criação local de Academia de Letras – caso de Ceará Mirim. “Estamos conversando com autores em Parnamirim e recentemente ajudamos a efetivar a Academia de Canguaretama. Nosso intuito é abrir cada vez mais a ANL para a sociedade, e mostrar que também apoiamos outras questões como a criação do Parque das Dunas (em 1977); a construção do Presépio de Natal com projeto de Oscar Niemeyer, que infelizmente foi abandonado; e a recente luta para manter a escola estadual Manoel Alves, no Tirol, funcionando”.

Diógenes ainda destacou como ação da Academia o acolhimento dos ensaios da Orquestra Sinfônica do RN, que ficou sem sala desde a interdição do Teatro Alberto Maranhão por falta de segurança em julho. “Nesta terça (29) haverá ensaio a partir das 14h30, e as portas estão abertas para quem quiser apreciar boa música”, convida. A ANL fica na Rua Mipibu, 443, Petrópolis.

Academia
A Academia Norte-riograndense de Letras, fundada em 1936, possui 40 cadeiras conforme modelo da Academia francesa. Luís da Câmara Cascudo, um dos defensores do modelo francês, estava entre os primeiros imortais. Atualmente duas cadeiras estão vagas: a do jornalista, advogado e escritor Ticiano Duarte (1931-2015) e do professor de yoga e escritor José Hermógenes (1921-2015).

A cadeira de Agnelo Alves (1932-2015) foi ocupada pela escritora Eulália Duarte Barros, enquanto outras duas cadeiras aguardam posse: a primeira do jornalista, crítico e escritor Nelson Patriota, e a outra do escritor e desembargador Federal Marcelo Navarro Ribeiro Dantas.

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