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Espaços precários, riscos constantes

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Gabriela Freire – Repórter

As milhares de pessoas que frequentam diariamente os mercados públicos e camelódromos da cidade não têm ideia do risco que correm. Ou pelo menos ainda não pararam para refletir sobre o assunto. Plástico, papel, papelão, tecidos sintéticos e muitos fios de ligações clandestinas – os populares “gatos” – são a matéria-prima dos principais produtos que lotam os corredores  e boxes dos dois shoppings populares de Natal, os camelódromos. A situação se repete nos mercados públicos, uns em menor, outros em maior intensidade. As estruturas de segurança nesses espaços são precárias ou inexistentes para combater sinistros.
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O sapateiro Ademar Machado trabalha há cinco anos no Shopping Popular da Cidade Alta, o camelódromo. Diz que nunca viu um extintor de incêndio no local. “Não tenho medo de acontecer nada perigoso”, diz o trabalhador entre tubos de vernizes, colas e solventes, materiais altamente inflamáveis. O vendedor de produtos importados Paulo Ricardo é um pouco mais precavido. Desde que soube do acidente no Rio Grande do Sul, que vitimou 238 jovens, passou a olhar para o local de trabalho com mais cuidado. “Dá medo sim. Se pegar fogo aqui, acaba tudo num instante e vai ser difícil de correr”, analisa.

Um dos administradores do espaço, o vendedor Carlos Antônio, reconhece as deficiências do camelódromo. “É complicado aqui. Estou há 16 anos e aqui nunca foi inaugurado. Falta muita coisa, mas a gente sempre leva as reclamações para a prefeitura”, diz. A TRIBUNA DO NORTE identificou alguns extintores de incêndio espalhados ao longo do centro comercial. De acordo com o administrador, os equipamentos foram trocados no final de 2012, apesar de poucos comerciantes conhecerem a localização dos equipamentos de segurança.

A situação é semelhante no Alecrim. O diferencial, negativo, é a forma de acesso aos boxes. As passagens são tão estreitas que um homem de porte médio precisa se espremer para entrar no centro comercial. Sob o compromisso de falar sem serem identificados, muitos vendedores imaginam o risco que correm diariamente. “Eu sempre vejo umas faíscas no meio desses fios. Se pegar fogo, o jeito é correr para o meio da rua”, teme uma funcionária.

Os mercados públicos da avenida 4, avenida 6 e de Petrópolis repetem os mesmos problemas. Nesse último, os extintores localizados apresentavam data de validade expirada em 2001. Nos demais o equipamento de segurança não foi encontrado pela TN.  O Mercado de Petrópolis é o que menos apresenta problemas estruturais. Os que estão localizados no alecrim enfrentam problemas antigos ainda não resolvidos, como falta de segurança patrimonial e limpeza.

O artesão João Dionísio trabalha no Mercado do Alecrim há três anos. Apesar de ser cada vez mais procurado pelos turistas não convencionais o local é a representação do abandono. Lixo no entorno, gambiarras e boxes fechados no início da tarde envergonham o artesão. “Dá uma vergonha quando o turista chega aqui e encontra essa situação” , admite. Ele ainda não trabalhava no Mercado quando o prédio incendiou em 2008, mesmo assim desconfia de um curto circuito. “Mas acho que não tem risco”, considera.

O mercado do 4, o popular “Mercado da Pedra”, é o pior de todos. E as reclamações são mais acaloradas e anônimas. Bancas de madeira foram improvisadas entre as tradicionais estruturas de alvenaria. Para funcionarem, fios foram puxados de outras bancas. Pessoas estão usando os boxes como moradia e a quantidade de lixo acumulada vai além do suportável. “A prefeitura não entra aqui desde a década de 80. O que tem de melhoria aqui foi feito por nós”, aponta um antigo comerciante. Enquanto a TN esteve no local, várias motocicletas trafegavam indiscriminadamente entre os  frequentadores.

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