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“Estilo DEM de fazer política é desagregador e autoritário”

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Maria da Guia Dantas – Repórter

O deputado Fábio Faria, vice-líder do PSD na Câmara Federal, reagiu de maneira veemente às declarações do senador José Agripino Maia, presidente nacional do DEM, que chamou de “sem história” os correligionários do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, além de reforçar a tese de que não há interesse dos democratas em compor aliança com os peessedistas na eleição municipal do próximo ano. Fábio não poupou críticas a Agripino e lembrou que o líder democrata nasceu na política pelos braços da ditadura militar, chamou-o de autoritário e disse apostar que, a continuar o comando da sigla com as mãos pesadas de agora, vai acabar como o responsável pelo fim do DEM.
Agripino disse que PSD é integrado por pessoas sem história.
“Quem é ele para vir falar de história? O pai dele foi governador na ditadura, nomeado. Ele estava trabalhando em outro Estado como engenheiro e voltou para Natal também para ser empossado prefeito pelos generais. Meu pai [o vice-governador Robinson Faria] começou como deputado estadual, há vinte e cinco anos, o que é bem diferente. Na campanha passada [quando o grupo de Fábio e Robinson apoiou Agripino] meu pai tinha história, mas agora já não tem mais. Então quem tem história é quem começa na ditadura nomeado?”, questionou asperamente o parlamentar.

O clima entre o comando do DEM e do PSD potiguar é regado a animosidades desde que a legenda liderada por Gilberto Kassab começou a ser concebida. Agripino, na condição de presidente nacional do DEM, tem dado aos peessedistas o posto de potencial desagregador da sigla democrata e a desavença culminou com o rompimento do vice-governador Robinson Faria da base aliada do Governo Rosalba Ciarlini (DEM). Fábio Faria acusa-o de “ingrato” e de ter “memória curta” ao rememorar o apoio “imprescindível” do grupo liderado pelo vice-governador à campanha de senador do democrata em 2010.

“Ele [José Agripino] vem dando declarações fortes diferente dos elogios da época em que apoiamos a candidatura dele. Depois que ele foi eleito começou a reverenciar pessoas que não votaram em Rosalba e paralelamente a bater no nosso grupo”, sentenciou o deputado federal.

Ao contrário do filho, Robinson Faria preferiu não se pronunciar abertamente. Apenas no twitter alfinetou o ex-aliado indiretamente. “Essa conversa de eles pra lá e nós pra cá parece samba-enredo da escola da arrogância e da soberba”.

Ele se referiu ao fato de Agripino assinalar que o PSD não desponta na lista dos prováveis aliados do DEM na eleição municipal que se aproxima. Para Fábio, mais um erro de cálculo do senador. O PSD, garantiu ele, pensa diferente e cumprirá os acordos firmados anteriormente com os aliados dos municípios. “Quem vai ter dificuldade de participar das eleições do jeito que as coisas estão são eles. É o estilo DEM de fazer política, desagregador, autoritário e com soberba. É batendo em Lula e em Dilma e atrapalhando o Governo do Estado. É afastando aliados e diminuindo a base. Ainda não se deram conta desse estrago todo?”, indagou Fábio Faria.

José Dias: “Agripino é cria da ditadura”

A reação do PSD não se limitou ao parlamentar federal Fábio Faria. O deputado estadual José Dias, líder do PSD na Assembleia Legislativa, destacou que a entrevista do democrata foi “infeliz” e, assim como o correligionário, atrelou a imagem do senador à ditadura militar ao lembrar que o mesmo é “cria” do período de recessão. José Dias enfatizou que respeita a trajetória pessoal de Agripino, mas enfatizou que esta é uma lacuna na trajetória do democrata que não pode ser desconsiderada. “Eu não gostaria de ter uma biografia política como a do senador José Agripino, forjada no serviço à ditadura militar. O senador é uma cria da ditadura militar”, fuzilou José Dias em entrevista ao blog do jornalista Oliveira Wanderley.
Fábio Faria afirma que senador do DEM foi nomeado por ditadores
Em tom irônico, José Dias salientou ainda que José Agripino deveria fazer reverência aos militares por tê-lo ajudado a impulsionar a carreira política. “Para ser justo, ele deveria vestir verde-oliva, pois se não fossem os generais Golbery do Couto Silva, Ernesto Geisel  e João Figueiredo, bem como o padrinho Marco Maciel, pela famosa vinculação dos votos, ele não teria sido prefeito de Natal, governador do Estado e nem senador da República”, emendou José Dias, que completou: “Acredito que pelo seu valor intelectual, o senador seria hoje um grande capitão de indústria”.

Para o peessedista, Agripino está sendo injusto, tendo em vista que recebeu o apoio integral de muitos integrantes do PSD na eleição de 2010. José Dias faz uma indagação a Agripino: “Será que se o senador precisasse renovar o seu mandato agora, que foi conquistado com a colaboração de membros do hoje PSD, ele falaria assim?”. O deputado considera grave o fato de o presidente nacional do DEM não demonstrar nenhuma consideração com os aliados do interior.

“O que acho grave e absolutamente injusto é que José Agripino não tem a menor consideração com os seus aliados que nos municípios agora em 2012 estarão lutando para se eleger. Será que prá eles é bom descartar o apoio de quem recentemente foi útil para eleger o senador”, observou ainda, ao blog, o deputado do PSD.

Rosalba adota tom mais conciliador

Ao contrário do presidente nacional do DEM, a governadora Rosalba Ciarlini adotou um tom de ponderação ao imbróglio com o PSD no que concerne à eleição municipal do próximo ano. Para ela, “cada município é uma realidade”. “A gente não pode também chegar e impor. Tem que ver a realidade”, disse, resumidamente. As composições para o pleito estadual, em 2010, aproximaram consideravelmente os democratas do grupo liderado pelo vice-governador Robinson Faria, ex-PMN e atual PSD. Rosalba Ciarlini tem optado por um discurso mais ponderado quando trata do assunto.

As declarações do senador José Agripino impondo uma cisão completa com os peessedistas pôs em alerta parte dos prováveis candidatos às prefeituras do interior, que formataram um palanque junto às bases composto pelos dois chefes do Executivo potiguar. Quem diz isso é o deputado federal Fábio Faria. “Eu tenho recebido telefonemas de prefeitos preocupados com essas afirmativas dele [do senador José Agripino]”, assinalou Fábio Faria.

Divergências

Desde que perdeu correligionários para o recém-criado PSD, a direção do Democratas (DEM), sobretudo através do presidente nacional da sigla, José Agripino Maia, vem apontando estocadas sobre os representantes da legenda capitaneada por Gilberto Kassab. No Rio Grande do Norte não foi diferente. A divergência, pública desde o nascedouro, resultou no rompimento do vice-governador Robinson Faria da base do Governo e, por tabela, na saída do principal secretário da administração estadual, que era o chefe do Gabinete Civil, Paulo de Tarso Fernandes.

Apenas em 2011, o DEM perdeu 17 deputados federais de um total de 43, um senador de um total de seis parlamentares e um governador de um total de dois, além de prefeitos, vereadores e deputados estaduais, a maioria para o PSD. Em entrevista esta semana ao jornal Estado de São Paulo, Agripino Maia bradou críticas mais uma vez contundentes ao PSD, disse que a perda de quadros foi numérica e não de essência, e que o PSD, embora não seja considerado por ele o “inimigo preferencial” do DEM, é visto como um partido “sem história”. “Eles para lá e nós pra cá”, decretou Agripino.

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