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Estradas do passado

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Há lugares que não costumam estar nos roteiros mais óbvios de passeios turísticos. Em território potiguar, as belezas naturais – que são muitas – recebem as maiores atenções. Mas nem tudo é praia, dunas e matas. Outros caminhos podem ser desvendados e levar o visitante a épocas distantes, culturas desaparecidas, e até ao conhecimento da própria identidade. Algumas iniciativas estão apresentando opções diferentes aos interessados em conhecer mais: caminhos que levam ao passado histórico do Estado, desde a capital ao interior, em paisagens que oferecem não só verde e ar puro, mas também história. As rotas estão traçadas.
Algumas iniciativas apresentam opções diferentes aos interessados em conhecer o RN com outros olhos: caminhos que levam ao passado histórico do Estado, desde a capital ao interior, em paisagens que oferecem não só verde, mas também história
Estradas coloniais
A agência Pé na Estrada, que há oito anos trabalha passeios diferenciados, investe cada vez mais no elemento histórico. “É algo que as agências convencionais não oferecem. Ir para o interior, para ambientes históricos, são caminhos desconhecidos para muita gente – incluindo os potiguares. Cada local visitado é contextualizado para que as pessoas valorizem o que estão vendo”, explica o proprietário Gilson Bezerra.

Uma rota nova e já feita duas vezes pela agência é a “De volta ao RN colonial”, um passeio pelos primeiros marcos do interior potiguar, que vai dos séculos 17 ao 19. “O objetivo é visitar  pontos remanescentes do nosso período colonial, alguns dos mais importantes e bem conservados dentro desse período”, afirma Gilson. O último passeio, realizado na semana passada, juntou um número recorde de pessoas para a Pé na Estrada.
Casa Grande do Ferreiro Torto: Engenho datado de 1614
O primeiro ponto do passeio colonial é o Engenho Ferreiro Torto, em Macaíba. Trata-se do segundo engenho erguido no Rio Grande, por volta de 1614. A propriedade é grandiosa e arborizada, com a bela casa-grande no topo. No local ainda há um mangue, por onde passam os rios Jundiaí e Potengi. No local houve uma encarniçada batalha contra os holandeses em 1633, mas não tão comentada quanto o massacre de Cunhaú.

Na casa-grande funciona um museu: no térreo, peças da velha casa de farinha, com prensa, peneira, forno, etc. No primeiro andar ficam as salas e quartos, incluindo as dependências dos escravos da casa e amas-de-leite. No pátio, a estátua de um escravo – uma das lendas dramáticas do engenho – rende muitas fotos. Respira-se história.
Na zona rural de Goianinha, pode-se visitar o Bom Jardim
A próxima parada é a zona rural de Goianinha, está a Fazenda Bom Jardim. A casa-grande é um prédio térreo de 200 anos, telhado de quatro águas, grossas e altas paredes de taipa. Há quatro quartos e três salas com funções definidas. O mobiliário reúno móveis de gerações diversas de moradores. A família Araújo Lima, ancestrais donos dessas terras, continuam como anfitriões. Em 1928, o modernista Mário de Andrade esteve na fazendo e conheceu o coquista Chico Antônio. A casa também serve um reforçado café da manhã aos grupos visitantes.
Engenho Lagoa do Fumo é um dos atrativos de São José de Mipibu
Em seguida, o rumo é o local onde existiu o histórico Engenho Cunhaú – o primeiro do RN – e seu único remanescente: a capela de Nossa Senhora das Candeias, lugar do sangrento massacre, em 1645. Devido à elevação das vítimas em mártires católicos, o templo secular é sempre visitado por devotos. Mas há outros atrativos, como seus arcos de cantaria, e a pedra tumular de Jerônimo de Albuquerque Maranhão, um dos fundadores de Natal, conquistador do Maranhão, e patriarca da mais antiga família potiguar. Está sepultado no altar desde 1618.
Engenho em ruínas na Lagoa do Fumo, em São José de Mipibu
O passeio inclui ainda uma parada no rio Cunhaú, e em seguida uma passagem por Vila Flor, cidadezinha que ostenta duas belas peças coloniais: a casa de câmara e cadeia (de 1745), e a igreja de Nossa Senhora do Desterro, construída em meados do século 17. A cidade já foi a aldeia jesuíta Gramaceó. Mais informações sobre os próximos passeios pelo 99945-5701.

Caminhada histórica
O Sesc encerra nesta sexta-feira (18) as inscrições para a sua 1ª Caminha Histórica de Natal, que será realizada no domingo. A ideia é apresentar aos natalenses a sua própria história. Toda a caminhada será orientada por profissionais de Educação Física, e em cada ponto haverá uma explicação sobre a história do local. A estrutura conta também com batedores da polícia durante o trajeto, socorristas, apoio de água, kits frutas e aula de alongamento na chegada.  A saída será às 7h, a partir do Sesc Centro.
A igreja do Galo está no roteiro que percorrerá corredor histórico
O percurso irá percorrer alguns dos principais pontos históricos da capital: Fortaleza dos Reis Magos, Rua Chile (a primeira da Ribeira), Teatro Alberto Maranhão, Capitania das Artes, Praça Metropolitana, Palácio da Cultura, Instituto Histórico e Geográfico do RN (IHGRN), Igreja Matriz de Nossa Senhora da Apresentação, e Palácio Felipe Camarão. Inscrições no Sesc Cidade Alta. O preço é R$20 para o grande público.

Rota dos Engenhos
A época áurea dos engenhos potiguares foi o século 19, e o mais rico ponto foi Ceará-Mirim. Boa parte deles está decaída, mas alguns ainda rendem boas visitas. Um dos guias mais dedicados a isso é Francisco Ferreira, mais conhecido como o “Barão”. Ele se veste a caráter a seis anos, com uma farda de 1800, e conduz os visitantes pelos velhos caminhos da cidade. Entre as preciosidades visitadas estão os engenhos de Guaporé, Mucuripe, Cruzeiro, Nascença, Imburanas, Verde-Nasce, Solar dos Antunes, Solar dos Sás, e o Engenho São Leopoldo, onde é servido um almoço no alpendre. Para almoço, os grupos devem ter no mínimo 15 pessoas. “Uns 80% do meu público pratica turismo pedagógico ou da terceira idade”, informa o “Barão”. Contatos: 99156-9060/98839-4975.
Velhas usinas em Ceará-Mirim são atrações
Terra de barão

São José de Mipibu chegou a ter 32 engenhos entre os séculos 18 e 19. Um dos mais bem conservados é o Engenho Lagoa do Fumo, que pertenceu ao poderoso Barão de Mipibu. As terras pertenceu hoje aos descendentes do coronel Felipe Ferreira, que as comprou em 1897. A casa-grande, construída em 1810, é um prédio amplo de tijolos, telhado de duas águas, vários ambientes e janelões. A família Ferreira não explora o local turisticamente, mas o abre para eventos como festas, aniversários e casamentos. Contatos pelo 99986-0446.
Engenho Lagoa do Fumo é um dos atrativos de São José de Mipibu

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