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Estudantes recebem bolsas auxílio

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Priscilla Castro – Repórter

Caio Víctor Fernandes, 21, Carlos Henrique Araújo, 20, e Jean Carlos Dantas, 23, dividem uma casa com outros 21 meninos da área biomédica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Todos fazem parte da bolsa-moradia oferecida pela UFRN e vivem em uma das onze residências universitárias dos quatro campi no Estado. Com sete quartos, seis banheiros, piscina, cozinha, área de lazer e sala de estudos, eles tentam dividir espaço e tempo para seguir as regras, conviver em harmonia e manter as notas altas.

Além da bolsa-moradia, todos recebem automaticamente a bolsa-alimentação, com o fornecimento das três refeições diárias no Restaurante Universitário (RU) do campus da UFRN. Os três vieram de outros municípios e garantem que não teriam chegado até onde chegaram se não fossem pela ajuda que receberam. As regras são simples: não fazer festas, não levar acompanhantes e não beber dentro da casa. No mais, a UFRN paga as contas e providencia a faxina semanal.
Victor Fernandes, Jean Carlos Dantas e Carlos Henrique Araújo são do interior do Estado e moram na residência mantida pela UFRN
Victor Fernandes veio de Almino Afonso e ao chegar a Natal foi morar na Casa do Estudante enquanto estudava para o vestibular. Ao ser aprovado, perdeu o direito a moradia. “Eu não tinha nenhum parente aqui, se não fosse a residência, teria voltado para minha cidade porque não teria como me sustentar”, disse ele que se forma esse ano. O mesmo aconteceu com Jean Carlos, que veio de Parelhas. “Tentei a candidatura e graças a Deus deu certo”, agradeceu.

Com Carlos Henrique, a situação foi um pouco diferente. Ele veio da cidade de Pedro Afonso, na Bahia, sem saber da existência da bolsa. “A questão primeiro era passar no vestibular, depois eu pensava no que ia fazer”, disse. Quando passou para enfermagem, veio morar com parentes e, quando soube das bolsas pela internet, se candidatou e conseguiu a vaga para o segundo semestre.

Ele teme agora perder a vaga porque foi aprovado no último vestibular para o curso de medicina e a nova resolução proíbe que o aluno que mude de curso continue na residência. “Eles temem que o aluno fique mudando de curso para passar anos na residência, mas, apesar de tudo, essa bolsa foi a base de tudo porque dá confiança ao aluno, tranquilidade para estudar, eu só tenho a agradecer”.

O medo de que a residência nunca se transforme num lar pode atrasar a oportunidade. É o caso da estudante Ana Katarina Agapto, que veio de Currais Novos para estudar educação física em 2006, mas demorou a tentar uma vaga. No início morou em duas casas de parentes e só depois de sofrer cinco meses, resolveu arriscar. Hoje, apesar de ter desistido do curso e ter voltado para sua cidade, ela conta que não se arrepende da decisão e indica a residência universitária para todos os estudantes.

“As pessoas do interior falavam mal da residência, diziam que não era bom e eu tinha medo, mas é só você saber fazer. Para mim foi ótimo, a casa era bem ampla, tinha sala de estudos, mais de um banheiro, oito quartos, tínhamos direito a almoço e janta, como morávamos longe do campus, recebíamos pão para o café da manhã, tínhamos direito a tirar 50 Xerox por mês, eu fiz muitas amizades, valeu muito a pena”, disse Ana Katarina.

Universidade também oferece ajuda em espécie

A aluna do quarto período do curso de física Izabel Vidal, 19 anos, veio do município de Espírito Santo e espera há um ano e meio uma vaga na residência da UFRN. Por enquanto, ela divide um apartamento com outros estudantes  e recebe uma ajuda e R$200 da universidade para se manter e tem direito a duas refeições por dia no Restaurante Universitário, que fica dentro do campus.

Além disso, a estudante recebe também R$250 para trabalhar quatro horas diárias como participante da bolsa de auxílio-administrativo. Com o pai agricultor e a mãe dona de casa, os R$450 que ela recebe de auxílio fazem muita diferença no final do mês.

“É claro que seria muito melhor a vaga na residência porque os R$200 não dão para eu me manter dividindo um apartamento com outros estudantes, (tanto que eu vou me mudar de volta para casa dos meus tios), mas ajudam muito sim. Eu passo o dia inteiro na universidade e não teria como custear o transporte, a alimentação, as apostilas, os livros. Eu não teria como me sustentar aqui sem essa ajuda”, disse.

O cadastramento para os bolsistas de 2010 já começou, mas só será concluído no dia 03 de março nos campi de Caicó e Currais Novos,  portanto ainda não há como precisar o número de bolsistas para esse ano.

Mais de dois mil alunos dependem do auxílio

Em 2009, 2.106 alunos dependeram de uma bolsa assistencial da UFRN, entre transporte, moradia e alimentação, fossem com vales-refeição, residências ou dinheiro em espécie. Mas além das bolsas assistencialistas, a UFRN disponibiliza ainda as bolsas de monitoria, pesquisa, extensão, assistência ao ensino e apoio à pós-graduação. Segundo a vice-reitora Ângela Paiva, é uma maneira de garantir uma melhor formação para o aluno. “O aluno melhora o desempenho em sala de aula e tem uma melhor relação com o professor”, acredita.

O valor da bolsa em cada modalidade é estabelecido em normas aprovadas pelo Conselho de Administração e varia de R$70 a R$450. No ano passado foram aplicados R$ 5.100.620,00 para pagamento das bolsas concedidas de janeiro a dezembro, sendo mais de 90% desses recursos do Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI) e do Programa Nacional de Assistência Estudantil (PNAES).

O auxílio-moradia é concedido através de vagas em uma das onze residências universitárias da UFRN (oito em Natal, duas em Caicó e uma em Currais Novos) ou com o fornecimento de R$200 para o estudante, no caso de Santa Cruz, que não dispõe ainda de uma residência ou quando não há mais vaga nas residências dos outros campi.

O auxílio-alimentação é automaticamente fornecido para todos os alunos residentes, que ganham café, almoço e janta e também para aqueles que comprovarem que precisam fazer refeições na Universidade e não tem condições de arcar com a alimentação. São fornecidos, portanto, vales para a troca por refeição nos Restaurantes Universitários (RUs) dos campi, com exceção do campus de Santa Cruz, que não possui ainda um RU, e os alunos recebem a bolsa em espécie, no valor de R$150.

O auxílio-transporte é a mais nova bolsa oferecida pela Universidade, foi implantada no segundo semestre do ano passado, e tem por objetivo fazer com que o aluno carente compareça às aulas, mediante o fornecimento de passagens ou seu equivalente em espécie, no valor de R$70. Essa bolsa, entretanto, só é válida para alunos dos campi de Currais Novos e Caicó, que moram nas cidades vizinhas e precisam freqüentar as aulas.

Segundo a vice-reitora Ângela Paiva, há um projeto para a construção de mais cinco residências nos quatro campi, e também para a construção de um restaurante no campus de Santa Cruz. Além disso, o RU do campus de Natal está passando atualmente por reformas para otimização do espaço, a fim de acomodar mais alunos, obra que, para a bolsista Izabel Vidal, não será a solução. “Eles precisam aumentar o espaço e não só otimizar porque há dias que passamos meia hora na fila”, opinou.

Beneficiados precisam obedecer a pré-requisitos

Para ser premiado com alguma dessas bolsas, o aluno precisa preencher uma série de requisitos exigidos pela UFRN. O primeiro deles é ter uma condição sócio-econômica carente, que justifique a necessidade da bolsa assistencial. Antes de qualquer coisa, é necessário que o estudante coloque no ato da matrícula, online, o interesse em ser candidato.

Antes de a bolsa-moradia ser concedida, é feita uma visita à casa do aluno para comprovar a situação de renda em que ele se encontra. “O objetivo é estabelecer o elo com a família porque possivelmente o candidato passará a ficar sob a responsabilidade da Universidade e também verificar se as informações que o aluno repassou são verídicas e os alunos, por questão até de inibição, nem falam tudo, às vezes a gente até comprova que a situação é pior”, disse a assistente social Graça Costa.

Mas o contrário também acontece e ela conta que já verificou situações em que o aluno apresentou o contracheque do vizinho para conseguir a bolsa. “Alguns casos não condizem com a informação passada pelo aluno, às vezes a gente descobre que o pai tem uma loja na cidade, a mãe tem outra e o filho não precisa daquela ajuda”.

Segundo a vice-reitora Ângela Paiva, todos os semestres o histórico escolar do aluno bolsista é avaliado para verificação das notas. “Cada aluno precisa atingir no mínimo 80% da freqüência na área dele, senão perde a bolsa. É uma questão de mérito. Precisamos aplicar a justiça da inclusão social, queremos que os alunos entrem e se formem”, disse a vice-reitora.

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