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‘Eu não entendi a polêmica’, diz delegado da PF que vetou saída de Lula

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O superintendente da Polícia Federal no Paraná, delegado Luciano Flores,
disse que “não entendeu a polêmica” em torno do indeferimento do
pedido da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – condenado e
preso em Curitiba – para que o petista pudesse comparecer ao velório do
irmão, Genival Inácio da Silva, o Vavá.

Vavá e Lula, em foto postada nas redes sociais do ex-presidente

De acordo com Flores, a
negativa foi motivada apenas por “razões logísticas” e que “não entendia a polêmica”

“Eu não entendi a polêmica. Não entendi qual foi a parte que não
entenderam que simplesmente não era possível e não dependia da boa
vontade de ninguém. Apenas não havia condições logísticas e policiais
suficientes para garantir a segurança do próprio conduzido e dos agentes
empregados numa grande operação policial que seria para efetivar um
pedido como esse”, afirmou Flores durante coletiva da força-tarefa da
Lava Jato sobre a fase 59 da Operação, deflagrada nesta quinta, 31.

O irmão de Lula morreu na terça, 29, e foi sepultado na quarta, 30, em
São Bernardo do Campo, na região do ABC paulista. Os advogados do
ex-presidente pediram autorização para que ele pudesse sair da sala
especial que ocupa na sede da PF em Curitiba – onde cumpre pena de 12
anos e um mês de reclusão no processo do triplex do Guarujá – e ir ao
velório de Vavá. O superintendente se manifestou contra a saída de Lula.

No parecer, o delegado afirmou que os helicópteros que poderiam ser
utilizados na transferência do ex-presidente foram deslocados para
atender as vítimas do desastre de Brumadinho, em Minas.

“Imagine se nós usássemos uma aeronave particular, emprestada por alguém
não se sabe quem, conduzida por um piloto que não se sabe quem ou o que
está passando pela cabeça, conduzindo um ex-presidente da República com
policiais federais armados”, afirmou Flores. “Quem garante que ele vá
para o destino que ele deveria ir?”, questionou.

Luciano Flores afirmou que a provável concentração de manifestantes, pró
e contra Lula, em torno do cemitério em São Bernardo do Campo, onde
Vavá foi enterrado, era outra preocupação dos policiais.

O delegado disse que o cenário atual e a dificuldade para garantir a
presença do ex-presidente no velório eram grandes, inclusive quando
comparadas com a liberação do petista para ver a mãe quando de sua
prisão na ditadura militar, em 1980.

“Pode ser feito não significa que deve se feito. Cada caso precisa ser
analisado. E assim são deferidos vários pedidos anualmente para que os
presos possam ir ao velórios. Eu não conheço nenhum caso, desses
milhares que já foram deferidos, em que foi pego um preso de um
estabelecimento penal onde estava recolhido, utilizado uma aeronave e
gastos públicos milionários, para levá-lo a outro estado, onde houvesse
uma militância e grande quantidade de manifestantes prós e contra. Eu
não conheço na história do Brasil que isso tenha acontecido”, afirmou.

Polícia Federal é ‘imparcial’

Flores fez um desabafo sobre a recusa do pedido de Lula. Ele disse que a
Polícia Federal não está contra ninguém e afirmou que a medida não teve
nenhuma motivação ideológica.

“É necessário a gente aproveitar para esclarecer que não se trata de
questão ideológica. A Polícia Federal, o Ministério Público Federal e a
Justiça Federal são instituições públicas que estão há muito tempo
demonstrando sua imparcialidade no combate à corrupção, evitando que
ocorram novamente desvios como esses como o que está sendo demonstrado
aqui”, afirmou, em referência às investigações de um esquema de propinas
na Transpetro, subsidiária da Petrobrás, alvo da fase 59 da Lava Jato.

O delegado disse que a Lava Jato não tem como foco um único partido ou
apenas um governo. De acordo com ele, integrantes de diversas siglas já
foram detidos pela operação, o que não significa que “um partido é bom
ou ruim”.

“Significa que existem pessoas que praticam crimes, pessoas que podem
estar filiadas a um partido, exercendo um cargo público ou exercendo
nada, não ter nenhuma ideologia. Não é isso que define se a pessoa
presta ou não, se deve ser presa ou não. São os fatos aos quais ela pode
ser responsabilizada”, concluiu.

Estadão Conteúdo

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