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Ex-militante recebe visto dos Estados Unidos

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Rio de Janeiro (AE) – Enquanto planeja viajar aos Estados Unidos, o economista Paulo de Tarso Venceslau garante que a decisão de pisar em solo norte-americano pela primeira vez nada tem a ver com sua militância no fim dos anos 1960. “Só quero ouvir um pouco de jazz”, conta ele, que lutou contra a ditadura militar e hoje é empresário do setor de comunicação. Ao reconhecer que “nunca morreu de amores pelos States”, Venceslau diz que sempre teve curiosidade de conhecer a vida cultural de cidades como Nova York, Chicago e New Orleans.

Quarenta anos depois de participar do sequestro do embaixador norte-americano Charles Elbrick, trocado por prisioneiros do regime militar, ele conseguiu no Consulado Geral dos Estados Unidos o visto de entrada no país, após várias tentativas frustradas. A autorização, garante ele, não apaga sua história de luta. Mas demonstra que o governo do presidente Barack Obama está decidido a não “perpetuar um castigo americano”. “Aquela é a minha história e ninguém vai apagá-la”, afirma. “Mas acho que hoje é muito mais um assunto para as universidades do que para nós”.

Venceslau logo tentou contar a novidade a antigos colegas, como o deputado federal Fernando Gabeira (PV-RJ), outro participante do sequestro. Gabeira teve o visto negado três vezes, todas antes do governo Obama. Não pôde assistir à disputa do Oscar quando o filme “O que é isso, companheiro?”, baseado no livro de sua autoria, concorreu a melhor produção estrangeira. Também não foi à Assembleia Geral da ONU e a um encontro em defesa do Tibete. Dizendo não saber se entrará com um novo pedido, ele comemorou a autorização. “Revela que os Estados Unidos estão olhando para frente, deixando para trás ressentimentos do século passado”, disse Gabeira. “Eu contava que seria um presente do centésimo aniversário (do sequestro do embaixador)”, brincou.

Outro participante do sequestro, o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Franklin Martins, diz que um pedido de visto “não é prioridade no momento”. “Não estou pensando nisso.” Ainda assim, ele considerou positiva a concessão do visto e avisa que vai pensar no assunto.

O passaporte de Venceslau só deve chegar pelo correio na semana que vem. Mas ele diz não ver motivo para preocupação. “Obama acabou de ganhar o Nobel da Paz. Ficaria mal ele cassar meu passaporte”, brincou.

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