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Experiências imersas em música e poesia

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Yuno Silva – Repórter

O experimentalismo poético, musical e imagético d’Os Poetas Elétricos entra em Cena (Aberta) e  mistura nesta sexta-feira e sábado, às 20h e 17h respectivamente, na Casa da Ribeira, todos os ‘ismos’, ‘ias’, ‘icos’ e ‘ades’ que se tem direito. Tendo como núcleo a dupla Carito Cavalcanti e Edu Gomez, o grupo apresenta o show “A Queda” a aproveita para lançar o álbum “Breves Incandescências” – uma ode ao existencialismo e à melancolia, sem perder a densidade e o perfil lúdico que caracterizam um dos trabalhos mais originais da atual cena natalense.
Guitarrista Edu Gomez e o cantor e poeta Carito Cavalcanti misturam rock progressivo com letras poéticas
Apostando na unidade do repertório, Carito (voz) e Edu (guitarra e voz) envolvem o público em um clima intimista e recriam suas poemúsicas com o auxílio dos músicos Rogério Pitomba (bateria), Ismael Miranda (Baixo) e PC (teclados). Mas nada de baixo astral, o que eles estão propondo é uma viagem conduzida por trocadilhos, humor, exorcismos existenciais, melodias, elementos como o fogo, mais amor, dor e a beleza das coisas tristes. A apresentação terá uma hora de duração e será emoldurada por cenário virtual projetado no palco com imagens em tempo real de um pôr do sol urbano.

“Se no CD as músicas são curtas e rápidas, quase uma amostra grátis, no show elas ganham textura, solos, improvisos e arranjos longos, justamente para atender nossa intenção de levar a plateia à contemplação – inclusive do pôr do sol!”, adiantou Carito por telefone. Para o vocalista e poeta elétrico, a performance cede ao propósitos “da viagem”. Ele ressalta a formação clássica da banda (baixo, guitarra e bateria) e a dimensão experimental do projeto: “Quando pensamos em agregar uma banda, deixando o perfil eletrônico em segundo plano, vestimos a palavra com de outras formas, mais orgânicas, e ampliamos as possibilidades da música se desenvolver com maior liberdade sem deixar de se interrelacionar.”

Poetas sobem ao palco com banda

“A Queda” representa a segunda experiência d’Os Poetas Elétricos com banda no palco durante toda a apresentação – eles já tinham feito um show nesses mesmos moldes uma única vez em evento alusivo ao Dia da Poesia realizado no Teatro Sandoval Wanderley há alguns anos, e aqui e acolá abriam espaço para uma ‘cozinha’ orgânica. “Chegamos a nos apresentar sem bases eletrônicas (apenas voz e guitarra), que serviu como espécie de transição.”

Cavalcanti compara o formato do show “A Queda” com as performances progressivas dos anos 1970, mas sem a nostalgia que escolha pode vir a sugerir. “A execução é contemporânea, o espírito é que remete a esse clima setentista”, avisa.

Carito cita o estilo do cantor e compositor paulistano Walter Franco, onde músicas com letras reduzidas são repetidas como mantras. “Como bem disse o poeta (Modernista) Manoel de Narros: nós vamos ‘repetir, repetir e repetir até ficar diferente’. Na medida que se repete o jogo sonoro muda”, garante. Sobre o vídeo-cenário do pôr do sol, ele alerta que “servirá para atentarmos de que devemos nos apoderar de toda essa tecnologia pera devolver o tempo que nos foi tomado. É uma metáfora para a falta de tempo das pessoas em contemplar um simples pôr do sol.” O vídeo é um plano sequência, sem cortes, que “deverá obrigar o público, no bom sentido, a prestar atenção” no que acontece no palco. “Queremos compartilhar com as pessoas esse momento tão simples e complexo que é o pôr do sol, e de toda atmosfera melancólica, intimista e reflexiva que esse momento provoca. É uma celebração ao lado B das coisas belas”, analisa o poeta.

Unidade sonora nos três discos

“Breves Incandescências” é o terceiro disco da banda, que já lançou “Poemas Eletri-Ficados & Outros Que Foram Embora” (Mudernage Diskos, 2004) e “Estirado no Estirâncio ou Sol Sem Sombra de Dúvidas” (2008), época em que a cantora Michele Regis dividia o palco com Carito e Edu, e a principal diferente deste novo trabalho é justamente o conceito de unidade sonora percebido. “Diferente do segundo álbum, que passamos uns três anos para finalizar, ‘Breves Incandescências’ foi gravado em 15 dias, por isso a unidade, e está pronto desde o ano passado. A demora dessa vez foi para lançar”, lembrou Carito Cavalcanti.

O título do disco foi inspirado em um poema do moçambicano Mia Couto: “A vida é um fogo / Nós somos suas breves incandescências”, e o trabalho é visto pelos próprios como “uma fase mais intimista e madura”. No show desta noite, o grupo apresenta seu novo repertório e busca composições dos dois trabalhos anteriores que se encaixam na perfil. “Será um show denso, de ‘poesia and roll’, com influencias do hard rock e progressivo”, finaliza Carito.

Serviço: Show e lançamento do álbum dos Poetas Elétricos – Breves Incandescências, hoje e sábado, 20h e 17h, na Casa da Ribeira. Os ingressos custam R$ 5 e no sábado (17), no mesmo horário e mesmo local, eles repetem a dose.

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